Ambas as construções podem ser consideradas aceitáveis no português europeu contemporâneo, embora obedeçam a diferentes critérios gramaticais e estilísticos.
Na frase «Passamos a vida a rebolarmo-nos na erva», recorre-se ao infinitivo pessoal, estando o verbo pronominal rebolar-se flexionado na primeira pessoa do plural (rebolarmo-nos). Esta flexão marca a concordância com o sujeito da oração — nós — subentendido na forma verbal passamos.
Por outro lado, na construção «Passamos a vida a rebolar-nos na erva», utiliza-se o infinitivo impessoal, ou seja, o verbo permanece na forma base (rebolar), seguido do pronome reflexivo. Embora esta forma não manifeste a concordância explícita com o sujeito, é amplamente usada e considerada aceitável.
Segundo Cunha e Cintra (Nova Gramática do Português Contemporâneo, 2015, p. 608), há uma tendência para o uso do infinitivo impessoal em orações subordinadas introduzidas por preposição, como é o caso da preposição a nesta construção. Trata-se, no entanto, de uma preferência de uso, e não de uma imposição gramatical.
De notar que o uso do infinitivo pessoal se torna obrigatório apenas em contextos em que seja necessário identificar inequivocamente o sujeito da oração subordinada, sendo este distinto do sujeito da oração subordinante, ou em casos em que possa haver ambiguidade interpretativa.
Como alternativa, pode optar-se por eliminar o carácter reflexo da construção, reformulando-se a frase da seguinte forma: «Passamos a vida a rebolar na erva.» Neste caso, o verbo deixa de ser pronominal e o uso do infinitivo impessoal torna-se gramaticalmente neutro e consensual.