É pela métrica que se sabe que edificarão e sublimarão são hoje edificaram e sublimaram.
Com efeito, Os Lusíadas são constituídos por versos decassilábicos. A contagem das sílabas métricas faz-se sempre até à sílaba tónica da última palavra do verso. Se as formas em questão fossem as do futuro, os versos deixariam de ser decassílabos e passariam a ter 11 sílabas, quebrando a regularidade métrica da estrofe. É, portanto, muito pouco provável que o poeta pretendesse introduzir a irregularidade métrica no seu poema, sobretudo, logo no começo de Os Lusíadas.
Por outro lado, pelo contexto também se infere que as formas são as do pretérito perfeito, e não as do futuro.
Na primeira estrofe, a que pertencem esses dois versos, lê-se: «Passaram, ainda alem da Taprobana [...] mais do que prometia a força humana» Pondo por hipótese que passaram era alguma grafia variante do que hoje escrevemos passarão, chega-se à conclusão de que se trata do pretérito perfeito, porque o verso «mais do que prometia a força humana» apresenta um verbo no imperfeito do indicativo, que coloca a ação no passado. Por outras palavras, não é plausível que o poeta quisesse dizer «eles hão de passar ainda além da Taprobana» no futuro e depois determinasse temporalmente uma ação futura com «mais do que prometia [naquela época] a força humana», que situa a ação no passado.
Acresce que, na segunda estrofe, ocorre a forma forão (hoje foram), no pretérito perfeito do indicativo, reforçando a indicação de que o sujeito poético se propõe cantar (sobretudo) factos passados, mais ou menos recentes.