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Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. Depois do aparecimento de Ciberdúvidas Responde, em 19/09/2024, surge agora o projeto Ciberdúvidas Vai às Escolas, iniciativa e realização da equipa do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa. Como se explica nas Notícias, no âmbito da intenção do alargamento da ação do Ciberdúvidas nas redes sociais, trata-se de o levar às escolas onde se ensina a língua portuguesa, em Portugal e no mundo. De forma presencial ou à distância, um consultor do Ciberdúvidas esclarece, ao vivo e em direto, dúvidas dos alunos relacionadas com questões de gramática. As sessões são gravadas em formato vídeo e divulgadas posteriormente nas redes sociais do Ciberdúvidas, dando a conhecer a resposta a cada uma das dúvidas apresentadas, de modo a outros alunos e professores acederem aos conhecimentos envolvidos. As escolas interessadas em participar neste projeto, recebendo o Ciberdúvidas presencialmente ou à distância, poderão contactar os responsáveis pelo projeto por correio eletrónico: ciberduvidas@iscte-iul.pt

* Com colaboração do Laboratório de Competências Transversais do Iscte-IUL. Na imagem, fotograma do vídeo n.º 1 deste projeto do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa (mais vídeos no canal Youtube).

2. A propósito de gramática e práticas didático-pedagógicas, na Montra de Livros apresenta-se Reflexões sobre Lingua(gem) em Contextos de Ensino é uma compilação de textos e artigos científicos, organizada por Wagner Rodrigues Silva e publicada pela editora da Universidade Federal do Tocantis (EDUFT).

3. Quem poderia imaginar que o verbo empolgar e o nome polegar partilham o mesmo radical de origem latina? Em O Nosso Idioma, a consultora Sara Mourato explica como.

4. No Consultório, discute-se uma ideia ainda popular: qual é a cidade ou a região onde melhor se fala? Será Coimbra? E que sentido têm estas perguntas? Outras questões sobre norma e variação são abordadas na atualização deste dia: o regionalismo foxe e as oscilações entre «São Hugo» e «Santo Hugo» e entre «giraldinha» e «giraldina». Completam o conjunto dúvidas sobre sintaxe: a função frásica de sexualmente; a realização pronominal do complemento indireto; o uso de preposições com «ter tempo»; e um modificador associado ao verbo arrancar.

5. Regista-se com pesar o falecimento do jornalista angolano Rui Ramos em 09//10/2024. Nas Notícias, o jornalista José Mário Costa, cofundador do Ciberdúvidas, dá conta do percurso político e profissional de Rui Ramos, que colaborou também nestas páginas, como consultor de temas da língua portuguesa em Angola.

Refira-se também o falecimento da linguista Gabriela Vitorino. Investigadora principal do Centro de Linguística da Universidade de Lisboa, era responsável pelo Atlas Linguístico do Litoral Português e do Mapa Dialectal Sonoro de Portugal. Mais informação aqui.

6. Eventos relacionados com temas da língua portuguesa:

– O lançamento do novo livro do tradutor e divulgador de temas linguísticos Marco Neves: Queria? Já Não Quer? Mitos e Disparates da Língua Portuguesa, editado pela Guerra e Paz (pormenores aqui).

– Em 21/10/2024, a sessão "Leitura e viagens", uma conversa com a escritora e professora Dora Gago promovida pelo Instituto Português do Oriente na Biblioteca Camilo Pessanha, em Macau (mais informação aqui).

7. Quanto aos temas de três dos programas que a rádio pública de Portugal dedica à língua portuguesa:

– Em Língua de Todos, difundido na RDP África, na sexta-feira, 11/12/2024 às 13h20* (repetido no dia seguinte, c. 09h05*), entrevista-se Cristine Gorski SeveroEzra Alberto Chambal NhampocaEzequiel Pedro José Bernardo sobre a obra que organizaram, Políticas Linguísticas Educacionais em Contextos Africanos, na qual se analisam os contextos educacionais africanos, principalmente os de Angola e Moçambique.

– Em Páginas de Português, transmitido pela Antena 2, no domingo, 13/10/2024, às 12h30* (repetido no sábado seguinte, 19/10/2024, às 15h30*), conversa-se com Maria Teresa Nóbrega Duarte Soares, professora da Rede de Ensino do Português no Estrangeiro (EPE) na Alemanha do IC/ Camões, sobre um inquérito – «O Português para mim é.…» – a cerca de 700 alunos, entre os 7 e 16 anos, que frequentam os cursos de Língua e Cultura Portuguesas na Alemanha, Suíça e Luxemburgo. Ainda o apontamento gramatical de Carla Marques.

– Igualmente na Antena 2, mencione-se ainda Palavras Cruzadas, programa realizado por Dalila Carvalho, de segunda a sexta, às 09h50* e às 18h50*.

* Hora oficial de Portugal continental.

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. Num mundo onde a globalização está na ordem do dia, muitos países sentem a invasão do que é "estrangeiro", tanto no plano material como no imaterial. A língua também não é alheia a estes movimentos, pois é muito permeável à entrada de palavras estrangeiras, sobretudo em setores inovadores, que já geraram inovação lexical numa língua fonte, como é frequentemente o caso do inglês, que tem influenciado de forma muito evidente diversas áreas do português. Fenómenos desta natureza têm motivado o aparecimento de correntes de nacionalismo linguístico, que, em casos desta natureza, defendem a proteção do idioma pátrio como forma de identidade e de afirmação. São estes mesmos nacionalismos que, noutras situações, advogam a causa da "libertação" da língua face a outra à qual se encontra subjugada. Uma manifestação deste último fenómeno tem surgido associada à variedade de português do Brasil pelas mãos de uma corrente que defende que, no Brasil, a língua usada já não é o português, mas sim o brasileiro, uma língua que evoluiu, autonomizando-se face ao português europeu, que tem uma norma e especificidades fonéticas, semânticas, lexicais e sintáticas distintas. Os defensores desta perspetiva afirmam que a intercompreensão entre portugueses e brasileiros se torna cada vez mais difícil e, nalguns casos, mesmo muito difícil, o que parece não ser um facto assente em muitas situações; e há quem rebata este ponto de vista, considerando que as diferenças não são de molde a poder falar-se de separação. A este propósito, recorde-se a experiência do tradutor e professor universitário Marco Neves (aqui relatada em vídeo). Recorde-se também a posição do primeiro-ministro português Luís Montenegro, que — tal como já  antes o manifestara  também o Presidente brasileiro Lula da Silva — reclamou o estatuto do português como língua oficial na ONU, só possivel, naturalmente, como sucede com o inglês, o  francês, o espanhol, o mandarim, o russo e o árabe, independentemente das respetivas variantes geográficas. As manifestações de nacionalismo linguístico têm gerado  fortes reações um pouco por todo o mundo lusófono,  no pressuposto de ser na unidade da língua portuguesa que assenta uma eficaz estratégia de política linguística para a sua afirmação e difusão nternacional. Recentemente, o escritor José Eduardo Agualusa veio também manifestar a sua preocupação com a ascensão do fenómeno e com as suas implicações, numa entrevista dada ao jornal  digita Observador, na qual apresentou o seu novo romance, Mestre dos Batuques, com a chancela da Quetzal (disponível aqui, com a devida vénia). 

A este propósito, recordamos alguns textos disponíveis no acervo do Ciberdúvidas: «O português de Portugal está ficando mais brasileiro?», «A língua e os seus proprietários», «Como se ensina uma língua pluricêntrica?», «O que queremos desta língua?», «O brasileiro já é a língua do Brasil?». Nota ainda para a polémica recente desencadeada pela entrevista do jornalista brasileiro Sérgio Rodrigues ao jornal Expresso, que motivou reações como a do jornalista Miguel Sousa Tavares.

2. A identificação da função desempenhada pelo pronome relativo que é um dos aspetos que oferecem dificuldades aos alunos no âmbito do estudo da sintaxe. Abrimos a atualização do Consultório com o esclarecimento relativo aos processos que permitem identificar as situações em que o pronome tem a função de complemento direto. Poderão também ser consultadas várias respostas de âmbito sintático: a sintaxe de «cair no esquecimento», a colocação do clítico em «bons olhos o vejam», a regência do verbo importar-se e as construções com o verbo retaliar. No plano semântico-lexical, esclarecemos as dúvidas relacionadas com a forma registrar e as diferenças entre lembrar e relembrar. Ainda um esclarecimento sobre algumas formas de tratamento e sobre o conceito de géneros digitais.

3.  A consultora Inês Gama apresenta um apontamento sobre as palavras elegível e ilegível, as quais estabelecem relações de dissemelhança no plano gráfico, mas são frequentemente articuladas da mesma forma, uma vez que tradicionalmente muitos ee átonos e a começar palavra (pré-tónicos) tendem a ser pronunciados como [i] (apontamento divulgado no programa Páginas de Português, na Antena 2).

 4. Entre os acontecimentos de relevo, destacamos os seguintes:

– Lançamento do romance À Procura dos Rinocerontes Perdidos, da autoria de Fernanda Melo Alves, nas edições Cordel de Prata (notícia);

– Festival Fólio, uma edição subordinada ao tema "Inquietação", que decorrerá em Óbidos, entre 10 e 20 de outubro (mais informações);

– A atribuição do Prémio Literário António Gedeão 2024 para a poesia a Rui Lage, com a obra Firmamento, da Assírio & Alvim (notícia). 

 

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1. Que textos podem constituir-se como fonte e modelo dos usos linguísticos normativos? Esta é a pergunta de um debate inesgotável que nos últimos tempos, no Brasil, tem motivado intervenções críticas de certas conceções da norma culta com origem universitária. Em Controvérsias, transcreve-se com a devida vénia um apontamento do gramático Fernando Pestana, que, sobre a questão, reúne alguns dados e se interroga sobre o valor dos textos jornalísticos como fonte confiável da norma-padrão. Este é mais um texto que se soma aos que o Ciberdúvidas tem recolhido a propósito do problema da definição da norma culta e do da autonomia da variedade brasileira; são eles: "'Me empurra' e 'empurra-me'",  "Norma culta brasileira", "Era uma vez um estrangeiro que desejava aprender 'brasileiro'", "Quem dera que fosse ficção...", "Sabe aquela sensação... ?", "A evolução esbarra na educação", "Os 'peixe'", "Ó pá, fique lá com o seu gerúndio e deixe o Camões em paz!", "Bilinguismo luso-brasileiro", "Sobre a língua brasileira", "'O brasileiro'?!", "O 'jeitinho brasileiro' de falar ", "O português de Portugal está em risco?".

Na imagem, Fonte da Pipa, c. 1915, aguarela sobre cartão, de Álvaro da Fonseca (1887-1920) (crédito: Almada na História. Boletim de Fontes Documentais, 27/28, 2014).

2. É inegável o progresso dos tradutores automáticos, mas serão eles de fiar? No Pelourinho, o consultor Paulo J. S. Barata dá conta da confusão entre férias e feriados num aviso em que provavelmente a tradução automática do italiano para o português não correu da melhor maneira. Na mesma rubrica, o jornalista José Mário Costa, cofundador do Ciberdúvidas, assinala a frequente prolação errada do topónimo Salém em noticiários das televisões portuguesas, acerca da peça As Bruxas de Salém, do dramaturgo norte-americano Arthur Miller, em cena até 06/10/2014 no Teatro São João (Porto).

3. A frase «chegando a casa, foi dormir» terá ou não o mesmo significado que «tendo chegado a casa, foi dormir»? Na presente atualização do Consultório, além dos valores das formas simples e composta de gerúndio, são tópicos em questão a correção dos termos reconchegar e deleonismo, o significado de «primos paralelos» e «primos cruzados», a diferença semântica entre os adjetivos choroso, lagrimoso e plangente, a vírgula entre duas conjunções seguidas, a grafia de niilismo, o uso de artigo definido com determinante possessivo, o uso demonstrativo de o numa estrutura de coordenação e a expressão «fora de órbita».

4. No século XIX, a influência da língua francesa foi especialmente intensa em Portugal, país que, entre 1807 e 1810, também se confrontou com o poder militar de França, ao sofrer três invasões dos exércitos de Napoleão. Em O Nosso Idioma, a consultora Inês Gama explora algumas das expressões idiomáticas alusivas aos contactos históricos entre Portugal e França. Ainda em O Nosso Idioma, a consultora Sara Mourato aborda a origem e significado de fanfic, termo referente a um tipo de narrativa geralmente criada e partilhada por fãs na Internet, utilizando personagens ou universos de obras já existentes.

5. Comemora-se em Portugal a implantação da República, ocorrida em 5 de outubro de 1910. Relativamente a aspetos associados à palavra república, sugere-se a consulta de "Os usos de bolsonarista, a função dos adjetivos, a «ocidental praia lusitana» e o nome república", "'Viva a República' e 'vivà República'" e "As palavras república e monarquia". Registe-se que, na mesma data, se celebra o Dia Mundial dos Professores.

6. Em 2024, o anúncio dos Prémios Nobel faz-se entre 7 e 14 de outubro (cf. página em inglês da organização do Prémio Nobel), e a Academia das Ciências de Lisboa (ACL) promove um encontro de especialistas em 23 e 24 de outubro «para discutir as contribuições e mérito dos galardoados com os Prémios Nobel 2024» (mural da ACL no Facebook em 04/10/2024). Como sempre, convém aqui lembrar que o nome Nobel deve pronunciar-se como palavra aguda, isto é, como "nobél", e não "nóbel". Sugere-se a (re)leitura de alguns dos muitos conteúdos que o Ciberdúvidas dedica ao tema: "Nobel", "Nóbel ou Nobél?", "Ainda o Nobel", "Como (bem) dizer ONU e Nobel... em português", "Fugiu o Nobel, ficou o erro", "Nobel, palavra oxítona (aguda): /Nobél/", "Outra vez a pronúncia de Nobel".

7. Recorda-se que decorre, até 6 de outubro p. f., o 39.º Colóquio da Lusofonia, uma iniciativa do jornalista e escritor Chrys Chrystello. Nesta edição, que tem lugar na Biblioteca Municipal de Vila do Porto (Santa Maria, Açores), são homenageados os escritores Pedro Almeida MaiaArsénio Puim, bem como, postumamente, Helena Chrystello, vice-presidente da Associação Internacional dos Colóquios da Lusofonia.

8. Quanto aos temas de três dos programas que a rádio pública de Portugal dedica à língua portuguesa, salientam-se:

– No programa Língua de Todos, difundido na RDP África, na sexta-feira, 04/10/2024 às 13h20* (repetido no dia seguinte, c. 09h05*), a professora universitária Rita Marnoto (Universidade de Coimbra) fala sobre Camões e a identidade literária do português. Discutem-se ainda o papel do épico na consolidação da nossa língua como veículo literário e os reflexos que Os Lusíadas eternizam na língua e na cultura portuguesas.

– Camões é também o tema principal da conversa com a professora jubilada Fátima Mendonça (Universidade Eduardo Mondlane) em Páginas de Português, transmitido na Antena 2, no domingo, 06/10/2024, às 12h30* (repetido no sábado seguinte, 12/10/2024, às 15h30*). O programa inclui também um apontamento gramatical de Inês Gama, que esta semana discorre sobre os termos elegível e ilegível.

– Igualmente na Antena 2, refira-se ainda Palavras Cruzadas, programa realizado por Dalila Carvalho, de segunda a sexta, às 09h50* e às 18h50*.

* Hora oficial de Portugal continental.

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1. A imigração é um fenómeno global que tem feito sentir a sua pressão em diversos países da Europa. As reações às alterações económicas e sociais que a mobilidade tem trazido consigo são muito diversas e, por vezes, conflituosas. Os movimentos anti-imigração têm emergido, muitas vezes associados à extrema-direita, cujo crescimento se tem feito sentir um pouco por todo o lado. Não sendo alheia a esta agitação social, Lisboa foi palco, no dia 29 de setembro, de duas manifestações simultâneas, convocadas para o mesmo espaço físico: uma contra a imigração e outra a favor da inclusão dos imigrantes. Os participantes trouxeram consigo palavras de ordem que nem sempre foram usadas com o devido rigor. É o caso de racismo, que refere uma teoria, sem bases científicas, que aponta a superioridade de uma raça humana relativa a outra. Ora, como já aqui se referiu diversas vezes, a humanidade não se divide em raças, pelo que não se poderá falar de racismo para descrever sentimentos de rejeição de determinados povos. Poder-se-á, sim, usar o termo xenofobia, para designar a «aversão ou hostilidade manifestada a pessoas ou coisas estrangeiras» (DLP). Estes movimentos trouxeram também consigo termos que são menos frequentes no domínio público, como remigração («ato ou efeito de voltar ao ponto de onde se emigrou» (Infopédia)), que constituiu uma das exigências feitas por uma das manifestações, ou contramanifestação («manifestação convocada em oposição a outra simultânea ou anterior, com o objetivo de minimizar os seus efeitos» (Infopédia)), termo que se aplicou à manifestação organizada contra o movimento anti-imigração. 

A propósito deste tema, recordamos alguns textos disponíveis no acervo do Ciberdúvidas: «Raça e expressões racistas», «A Capital e os imigrantes vs. emigrantes», «Refugiados, e não migrantes», «A diferença entre êxodo e migração» e «O significado de migrante».

 2. Os critérios que permitem distinguir, em contexto escolar português, conjunções de alguns advérbios conectivos podem trazer dúvidas e dificultar a ação didática. Neste contexto, apresenta-se uma síntese das diferenças entre estas duas realidades sintático-semânticas. Na atualização do Consultório ficam disponíveis ainda as respostas a questões que incidem sobre os seguintes aspetos: valores das orações de gerúndio; função de «nem sempre» numa frase; uso do objeto direto preposicionado; diferenças entre «costumava jogar» e «jogava»; os verbos embatucar e embatocar; o uso de adjetivos valorativos e depreciativos numa crítica; e o dito «quanto mais prima, mais se lhe arrima».

3. No contexto da polémica em torno do caso das gémeas luso-brasileiras, o advogado da mãe das crianças, Wilson Bicalho, usou o termo «país alienígena» no canal de televisão português Now, referindo-se a Portugal. O significado desta expressão, algo estranho ao ouvido habituado ao português europeu, é explicado pelo consultor do Ciberdúvidas Paulo J. S. Barata neste apontamento

4. Na Montra de Livros, apresenta-se a publicação Daily European Portuguese – 100 Most Common Verbsde Rita Faria e James Lawer, cujo objetivo é facilitar a aprendizagem de 100 verbos portugueses (aqui). 

5. O apontamento semanal da professora Carla Marques centra-se na explicação de qual a concordância correta nas frases «Sentiam admiração pela sua cultura e qualidades» ou «Sentiam admiração pelas suas cultura e qualidades». (Divulgado no programa Páginas de Português, na Antena 2).

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1. Decorre até 30 de setembro, em Nova Iorque, a 79.ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas, onde também interveio o primeiro-ministro português Luís Montenegro, que, insistindo na importância da língua portuguesa como língua oficial das ONU, defendeu o multilateralismo, os valores globais e a paz. Mas como será possível a pacificação num mundo repleto de experiências e interesses muitas vezes desencontrados no tempo e no espaço? Talvez pela abertura à diferença linguística e às tradições locais, como porta para a descoberta das muitas facetas da universalidade. Neste sentido parecem convergir as reflexões desenvolvidas pelo juiz Rui Carvalho Moreira (Observador, 19/09/2024) e que se transcrevem com a devida vénia em Diversidades. Lê-se nesse texto: «A língua e o Universo têm códigos, enigmas, segredos. Vislumbramos tão-só as partículas de luz que se evadem por frestas e postigos. O reflexo ilude a essência. E a essência acolhe a verdade. Na corrente do tempo e das palavras, o infinito não é um mero passageiro.»

Sobre o acrónimo ONU, recorde-se que esta forma se lê como palavra aguda: "onu" (e não "ónu"). Cf. "O acrónimo ONU" e "Como (bem) dizer ONU...".

2. A palavra raça figurou numa notícia que circulou nos media portugueses, e as críticas, justificadas, não se fizeram esperar. No Pelourinho, um apontamento do jornalista Carlos Narciso aborda este caso, no contexto do qual ocorreu outro uso discutível, o da expressão  em crioulo cabo-verdiano "Marxa Kabral", em lugar de «Marcha Cabral».

3. A palavra mulato é ofensiva? Ou tornou-se ofensiva? Em O Nosso Idioma, a consultora Inês Gama dedica um apontamento a este e outros vocábulos que podem ser ativados com a intenção de insultar e ofender.

4. Na mesma rubrica, levanta-se uma questão: o que poderá ser classificado como piscinável? Como se forma este adjetivo? O comentário da consultora Sara Mourato.

5. Quando o tema é o desenvolvimento do potencial humano físico e intelectual através da tecnologia, usa-se atualmente o anglicismo biohackig. Que significa ao certo? No Consultório, encontra-se o esclarecimento deste termo, no meio de um total de seis novas respostas, que abrangem também os seguintes tópicos: o uso de «por quê» no Brasil; a pronúncia de saudável; emposta e outros regionalismos do Algarve; a etimologia de autor; e a expressão fixa «fazer de lavado».

6. Registos com atualidade e com interesse:

– de 2 a 6/10/2024, na Biblioteca Municipal de Vila do Porto (Santa Maria, Açores), o 39.º Colóquio da Lusofonia, uma iniciativa do do jornalista e escritor Chrys Chrystello, que tem como figuras homenageadas, além dos escritores Pedro Almeida MaiaArsénio Puim, a investigadora, escritora, professora e vice-presidente da Associação Internacional dos Colóquios da Lusofonia Helena Chrystello, falecida em 26/01/2024.

– o trabalho "Telemóveis nas salas de aula, sim ou não?", disponível nas páginas da Fundação Francisco Manuel dos Santos (14/09/2024);

– a falta de professores que continua a fazer sentir-se nas escolas do ensino básico e secundário em Portugal, em especial no currículo transversal, incluindo a disciplina de Português (Público, 23/09/2024).

7.Quanto a três dos programas que, na rádio pública de Portugal, tratam de temas da língua portuguesa:

– Em Língua de Todos (RDP África, sexta-feira, 27/09/2024 às 13h20*; repetido no dia seguinte, c. 09h05*), os professores Paulo Nunes da Silva (Universidade Aberta), Luís Filipe Barbeiro (Escola Superior de Educação e Ciências Sociais do Politécnico de Leiria) e Fausto Caels (Escola Superior de Educação e Ciências Sociais do Politécnico de Leiria) discutem as classificações textuais e os documentos programáticos da disciplina de Português, assim como se referem aos géneros escolares e à sua aprendizagem;

– Em Páginas de Português (Antena 2, domingo, 29/09/2024, às 12h30*; repetido no sábado seguinte, 05/10/2024 às 15h30*), a professora universitária Rita Marnoto (Universidade de Coimbra) aborda Camões e a identidade literária da língua portuguesa. Nesta conversa, fala-se também sobre a contribuição de Os Lusíadas para a evolução da língua portuguesa e o papel de Camões como poeta. Ainda o apontamento gramatical da professora Carla Marques sobre a concordância.

– Mencione-se ainda Palavras Cruzadas, programa realizado por Dalila Carvalho e transmitido na Antena 2, de segunda a sexta-feira.
 
* Hora oficial de Portugal continental.
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1. No próximo dia 29 de setembro, assinala-se o Dia Internacional da Consciencialização sobre a Perda e o Desperdício Alimentar, cujo objetivo nuclear é o de sensibilizar a população para a prevenção do desperdício alimentar. Neste âmbito, a União Europeia pediu aos seus Estados-Membros que promovessem medidas que visem a redução do desperdício alimentar em 10% na área da transformação e em 30% per capita no comércio retalhista e no consumo. Neste âmbito, a plataforma Too Good to Go promove, entre 23 e 29 de setembro, uma semana de sensibilização e mobilização para o problema do desperdício, numa altura em que divulga que, em média, cada português gasta 350€ em alimentos que não consome. Em termos mundiais, a WWF (World Wide Fund for Nature) assinala que 2,5 mil milhões de toneladas de alimentos são desperdiçados todos os anos, o que equivale a 80000 quilos de alimentos desperdiçados em todo o mundo, a cada segundo. Reduzir é, pois, a palavra-chave desta campanha. Trata-se de um verbo que tem a sua origem na forma latina reducere, que significava «reconduzir, trazer para si, tirar para trás» (Dicionário Houaiss), valores que, ao longo do tempo, foram ficando secundarizados, pois o sentido primordial da palavra passou a ser o de «tornar menor, limitar» e é este o sentido que deve ficar na consciência sempre que contribuímos para o desperdício alimentar. 

2. A dúvida sobre uso dos advérbios tão ou tanto com adjetivo, no contexto da estrutura comparativa, abre a atualização do Consultório, onde se encontram também respostas relacionadas com a pronúncia do nome superfície, o uso de preposição com orações relativas, a grafia do verbo dar com clítico e a escrita de números. Incluímos ainda na atualização, uma resposta com conselhos sobre a melhor forma de abordar questões sobre as quais os gramáticos estão em desacordo, um esclarecimento sobre a classificação da classe do advérbio a usar em contexto escolar não universitário e uma explicação teórica sobre o conceito de quarta pessoa gramatical. Fechamos com uma explicação/interpretação do sentido da construção «fazer manta aos lobos», de Aquilino Ribeiro

3. A palavra latina sic é recorrentemente usada em determinados géneros textuais, por exemplo do âmbito jurídico, académico ou até político. Esta vitalidade justifica o apontamento da professora Carla Marques, que passa em revista a sua etimologia e recorda os contextos discursivos em que o termo é utilizado (divulgado no programa Páginas de Português, na Antena 2).  

4. Recentemente, têm-se feito ouvir vozes em defesa da separação entre o português europeu e o português do Brasil, assumindo que este último é já uma língua distinta, o brasileiro. O professor e investigador José Luís Bandeira vem apresentar-se contra esta proposta e aduzir argumentos que comprovam que, do ponto de vista estratégico, esta seria uma má decisão para o Brasil e para a importância da língua portuguesa no mundo. 

5. A polémica entrevista de Sérgio Rodrigues, escritor e jornalista especializado em língua portuguesa, ao jornal Expresso motivou uma reação do também escritor e autor Miguel Sousa Tavares, na qual este contradita algumas afirmações relativas aos critérios de edição praticados em Portugal e no Brasil e aos gostos de leitura dos portugueses, entre outros assuntos (texto partilhado com a devida vénia).

6. O léxico do Novo Testamento motiva uma reflexão do professor universitário e tradutor Frederico Lourenço a propósito da origem das palavras deste texto e da sua beleza (partilhada com a devida vénia). 

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1. O começo do ano letivo em Portugal está também a ser marcado por questões relativas ao currículo – foi manifestada a intenção de rever os programas (cf. Expresso, 12/09/2024) – e à natureza da formação dos professores, por exemplo, para dar resposta ao número crescente de alunos para quem o português é língua não materna. Em Ensino, a consultora Inês Gama propõe uma reflexão sobre os desafios enfrentados pelas escolas em Portugal no processo de integração de jovens com contacto recente ou precário com a língua portuguesa. Na mesma rubrica, a escritora e professora Dora Gago, num texto intitulado "Em busca das palavras perdidas", dá conta de um problema decorrente do consumo massificado de conteúdos digitais: a nula experiência de leitura dos próprios alunos falantes nativos, com uma consequente atrofia na aquisição lexical, incapacitadora da elaboração do discurso e do pensamento.

Para uma visão crítica da situação do ensino básico e secundário, ler "A degradação programada: a ideologia da cultura inculta (parte 1)" (Diário de Notícias, 14/09/2024). Acerca da utilização de telemóveis pelos adolescentes, ler "Valores mais altos do que os telemóveis" (Público, 14/09/2024) e "Telas, déficit cognitivo e crise da educação" (Outras Palavras, 18/09/2024).Crédito da imagem: TheoRivierenlaan , de Pixabay.

2. Nos últimos dias, os enormes incêndios deflagrados em múltiplos pontos do centro e norte de Portugal têm tido ampla projeção mediática. Mas, em certas reportagens televisivas, falta critério jornalístico e domínio da escrita correta, assinala o cofundador do Ciberdúvidas, José Mário Costa, que fala de uma «linguagem estereotipada» no Pelourinho.

3. Estará correto o uso de «a mesma» na frase «a chegada da ministra e as declarações da mesma foram surpreendentes»? A resposta sobre o demonstrativo «o mesmo» faz parte do conjunto de sete questões da atualização Consultório. Restantes tópicos abordados: o aportuguesamento de keffiyeh, nome do simbólico lenço palestiniano; a metáfora «ganhar cama», que figura numa frase de Húmus, de Raul Brandão; as preposições compatíveis com o verbo sair; a sintaxe histórica de desprezar; a ausência de artigo definido associado ao nome geográfico Angola; e a expressão «a mais».

4. Em O Nosso Idioma, recorda-se um momento televisivo de agosto de 2024, quando o comentador Luís Marques Mendes mencionou um termo hoje menos comum: genuflexório. A consultora Sara Mourato comenta o significado e a formação deste vocábulo, bem como identifica outras palavras da mesma família.

5. Festejou-se em 17 de setembro o Dia da Língua Mirandesa – l Die de la Lhéngua Mirandesa –, o qual deu ensejo à realização de muitos eventos e à publicação de vários artigos. Em Diversidades, transcreve-se com a devida vénia, um artigo de opinião, em mirandês, de Aníbal Fernandes, membro do Movimento Cultural Terra de Miranda, que, congratulando-se com a celebração, não deixa de apelar para a defesa urgente deste idioma (ler também "Mirandês assinala hoje 26 anos como segunda língua oficial de Portugal", Rádio Brigantia, 17/09/2024). Ainda na rubrica Diversidades, inclui-se um apontamento do escritor e jornalista Carlos Coutinho sobre o termo apresigo e nomes de enchidos transmontanos evocativos de lendas e seres míticos. 

6. Quatro registos com atualidade:

– a moda da inscrição de alcunhas e pseudónimos nas paredes de edifícios de Lisboa (Expresso, 12/09/2024);

– a visita a Timor-Leste do ministro do Negócios Estrangeiros português, Paulo Rangel, que defende o ensino pré-escolar do português às crianças timorenses (Lusa, 14/09/2029);

– "O jovem Camões em Coimbra", episódio 12 do programa Visita Guiada, de Paula Moura Pinheiro (RTP);

– a evocação do dramaturgo Luiz Francisco Rebello (1924-2011) num encontro promovido pela Associação Portuguesa de Escritores e realizado em 18/09/2024, na Biblioteca Palácio Galveias (Lisboa).

7. Entre os programas que a rádio pública de Portugal dedica à língua portuguesa, salientam-se:

– Em Língua de Todos, difundido na RDP África, na sexta-feira, 20/09/2024 às 13h20* (repetido no dia seguinte, c. 09h05*), entrevistam-se os professores Paulo Nunes da Silva (Universidade Aberta), Luís Filipe Barbeiro (Escola Superior de Educação e Ciências Sociais do Politécnico de Leiria) e Fausto Caels (Escola Superior de Educação e Ciências Sociais do Politécnico de Leiria) que falam acerca do conceito de género textual, da pluralidade de classificações textuais e da presença desta área de estudos nos manuais escolares;

– Os mesmos convidados em Páginas de Português, programa transmitido pela Antena 2, no domingo, 22/09/2024, às 12h30* (repetido no sábado seguinte, 28/09/2024 às 15h30*), para concluírem a entrevista sobre o conceito de género textual: a pluralidade de classificações textuais, a dificuldades que os professores de Português enfrentam ao lidar com a variedade de géneros textuais e os manuais escolares e outros recursos didáticos. Ainda o apontamento gramatical dedicado à expressão latina sic.

– Igualmente na Antena 2, refira-se ainda Palavras Cruzadas, programa realizado por Dalila Carvalho, de segunda a sexta, às 09h50* e às 18h50*.

*Hora oficial de Portugal continental.

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. Portugal vive, uma vez mais, o flagelo dos incêndios. Com boa parte das zonas norte e centro em chamas, Proteção Civil, comunicação social, bombeiros e a própria população ativam o léxico relacionado com os incêndios. Ouvem-se termos e expressões como «frente ativa», projeções, evacuação, deflagrar, alastrar, mobilização, «meios terrestres e aéreos», um conjunto de palavras que constituem o campo lexical do combate aos incêndios florestais e cujo glossário pode ser consultado aqui. A este propósito, recordamos que a palavra incêndio vem do latim incendium («fogo, calamidade»), nome que se formou de incendĕre, verbo resultante da junção do prefixo in- a uma variante do verbo candēre, que reúne significados como «estar inflamado», «queimar» ou «ser alvo, branco como a neve». A curiosa ligação de sentidos entre chama e brancura virá da cor da brasa, que, quando inflamada, fica quase branca. Este verbo latino é da família de palavras como candeia, candelabro, cândido e até candidato, termo que, na sua origem, designava aquele que vestia a toga branca para exercer um cargo público.

2. Consultório do Ciberdúvidas regressa com as respostas elaboradas pelos seus colaboradores. Entre as várias áreas envolvidas na presente atualização, encontram-se a etimologia e a lexicologia: «O apelido e topónimo Mourão», «O nome mana», «Os adjetivos arbitrário e discricionário», «A redundância «dar o aval positivo»», «Septologiaheptalogia», «A expressão «dar de amar»» e «Torce destorce». Registamos também respostas na área da sintaxe: «Demorar e adjunto adverbial: «Demora-se meses»», «A locução «através de»», e «A construção concessiva «por mais» com adjetivo».

3. A confusão entre as expressões «ao encontro de» e «de encontro a» gera, como apreciável frequência, enunciados que descrevem uma situação distinta daquela que estava na ideia do locutor. Retomando esta questão, a consultora Inês Gama recorda, uma vez mais, as diferenças entre os dois usos (rubrica divulgada no programa Páginas de Português de 15 de setembro (Antena 2)).

4. No Pelourinho, o cofundador do Ciberdúvidas, José Mário Costa, assinala o uso da expressão incorreta «à séria» num artigo. Um tropeção na língua que parece estar a passar da oralidade para a escrita.

5. Os alunos de origem brasileira estão a entrar nas escolas portuguesas em grande número. Esta realidade tem colocado frequentemente a questão da gestão didática das variedades europeia e brasileira em convivência na sala de aula. A questão das atitudes e das medidas a adotar levanta muitas dúvidas e hesitações entre a classe docente. O consultor Fernando Pestana reflete sobre esta realidade, propondo, no seu apontamento, algumas medidas que poderiam ajudar a encontrar um ponto de equilíbrio na nova realidade das salas de aula portuguesas. 

6.  Há quem proponha que, para referir a língua falada no Brasil, se deva usar o termo brasileiro, em lugar de «português do Brasil». Discordando da proposta, o professor universitário José Pinto de Lima apresenta os seus argumentos para justificar por que razão considera as expressões «português do Brasil» ou «português brasileiro» preferíveis.

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. Em Portugal, começa um novo ano letivo, no meio de muitas interrogações da opinião pública quanto às condições em que vão decorrer as aulas, dada a falta de professores em disciplinas transversais, como o Português. Várias medidas foram anunciadas pelo Ministério da Educação, Ciência e Inovação (MECI), mas cabe aqui salientar o reforço do apoio aos alunos vindos das muitas famílias migrantes que nos últimos anos se estabeleceram em Portugal e só recentemente começaram a ter contacto com a língua portuguesa. Neste sentido, prevê-se igualmente que a disciplina de Português Língua Não Materna seja revista. Ao encontro deste tema, em Montra de Livros, apresenta-se o relatório Inclusão de Alunos Migrantes em Meio Educativo, publicado com o objetivo de sugerir a todos os estabelecimentos de ensino pré-escolar, primário, básico e secundário linhas orientadoras que permitam uma inclusão bem-sucedida de crianças e jovens migrantes no sistema de ensino português.

2. Ainda em Montra de Livros, apresenta-se o dossiê que a Revista Letras Raras (vol. 13, n.º 3, 2024) dedica à questão da internacionalização das línguas nas universidades. Nesta publicação, os linguistas Davi Albuquerque e Roberto Mulinacci propõem uma reflexão sobre a normativização da língua e perguntam: até que ponto é adequado o conceito de «língua pluricêntrica» aplicado à situação do português no conjunto dos países em que tem estatuto oficial? 

3.  Na campanha para as eleições municipais que se disputam no Brasil, circulam várias palavras cujo significado pode não ser óbvio para quantos em Portugal acompanham os acontecimentos pelos media brasileiros. O vocábulo lacração, que figura na capa da revista Veja de 23/08/2024, é o caso comentado pelo consultor Carlos Rocha em Controvérsias.

4. Publicações e eventos com interesse no âmbito da língua portuguesa:

–  em Pilha de Livros, rubrica de Marco Neves no Youtube, o episódio 123, dedicado à discussão da fixação da norma no Brasil e ao cuidado a ter com as ideias absurdas que, sobre o funcionamento das línguas, circulam na Internet;

– a crónica que o advogado Fábio Pimentel, especialista em imigração, assinou no jornal Público (12/09/2024), a propósito da expressão «falar brasileiro», no contexto da presença das importantes comunidades brasileiras que atualmente residem em Portugal;

– a crónica de Bruno Vieira Amaral, no semanário Expresso (12/09/2024), em que este escritor, falando aparentemente do valor referencial do nome escadote, faz alusão à fuga de cinco reclusos do Estabelecimento Prisional de Vale de Judeus, em Portugal, ocorrida em 06/09/2024.

– integrada no programa comemorativo Camões 500 anos, a conferência "Camões e a cristalização dos mitos fundadores de Portugal", por João Paulo Oliveira e Costa, evento que terá lugar em 19/09/2024, pelas 17h00, na Biblioteca Palácio Galveias;

5. Registo de três dos programas que, na rádio pública de Portugal, dizem respeito à língua portuguesa:

♦ No programa Língua de Todos, difundido na RDP África, na sexta-feira, 13/09/2024, às 13h20* (repetido no dia seguinte, c. 09h05*), a investigadora Sandra Duarte Tavares fala sobre o conceito de comunicação assertiva, entre outros tópicos.

♦ Em Páginas de Português, programa transmitido pela Antena 2, no domingo, 15/09/2024, às 12h30* (repetido no sábado seguinte, 21/09/2024, às 15h30*), são entrevistados os professores Paulo Nunes da Silva (Universidade Aberta), Luís Filipe Barbeiro (Universidade do Minho) e Fausto Caels (Universidade de Lisboa) acerca do conceito de género textual e da sua abordagem nas escolas. Inclui-se ainda um apontamento gramatical de Inês Gama.

♦ Mencione-se, por último, o programa Palavras Cruzadas, realizado por Dalila Carvalho e transmitido pela Antena 2 de segunda a sexta, às 09h50* e às 18h50*.

*Hora oficial de Portugal continental.

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. Porque se emprega um acento agudo na 1.º pessoa do singular do presente do indicativo do verbo retribuir – retribuí? A explicação encontra-se em O Nosso Idioma, num apontamento da professora Carla Marques, que assim retoma o passatempo "A Dúvida da Semana" na página que o Ciberdúvidas mantém no Facebook.

Crédito da imagem: Pixabay.

2. As formações híbridas (ou hibridismos) não têm sido bem vistas pelas gramáticas normativas, mesmo quando se associa um elemento grego a outro de origem latina, como acontece com automóvel. Contudo, já Celso Cunha e Lindley Cintra, na sua Nova Gramática do Português Contemporâneo, publicada em 1984 (p. 115), consideravam que «seria pueril pretender eliminá-las». Ainda em O Nosso Idioma, a consultora Sara Mourato comenta o uso de doguinho, um diminutivo híbrido formado pelo anglicismo dog e o sufixo modificador -inho, tão típico do português.

3. Poderão as gramáticas normativas ou os dicionários ignorar as abonações dos bons escritores? Em Controvérsias, o gramático Fernando Pestana critica certas posições na linguística brasileira e defende a expressão literária como fonte da norma culta.

4. Em 06/12/2023, foi lançado o n.º 1 de Cadernos de Língua Portuguesa (CLP), uma publicação em formato digital que aborda temas da língua portuguesa com base no Consultório do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa (consultar aqui). Neste começo do novo ano letivo em Portugal, os CLP regressam com o seu n.º 2, que contém 21 fichas com esclarecimentos e exercícios sobre tópicos da língua portuguesa e pode ser consultado aqui. Mais informação em Notícias.