1. Numa época de regresso à escola em Portugal, muito se escreve sobre assuntos relacionados com a educação e sua implementação. É por isso pertinente rever critérios relacionados com a grafia de algumas palavras-chave nesta área. O primeiro deles está relacionado com a opção por maiúscula ou minúscula na designação das disciplinas do currículo. Relativamente a esta questão, o Acordo Ortográfico de 90 indica que se trata de uma situação opcional. Não obstante, a flutuação que este princípio induz traz, por vezes, dúvidas ou desencadeia usos incoerentes no interior de um mesmo texto ou entre textos produzidos por uma mesma pessoa/entidade. Por essa razão, sugere-se aqui a possibilidade de se adotar o uso de maiúsculas quando se refere a disciplina escolar, ficando a minúscula associada a usos em que as palavras referem outras realidades. Deste modo, será possível uma frase como «Encontrei uma página de matemática que dá apoio à disciplina de Matemática.» Esta mesma opção pelas maiúsculas poderá também estender-se à designação dos ciclos de ensino. Sugere-se, deste modo, a possibilidade de adotar a grafia com maiúsculas em expressões como 3.º Ciclo ou Ensino Secundário. Neste âmbito, recordamos, uma vez mais, que as abreviaturas de um número ordinal devem ser grafadas como 2.º ou 3.º, ou seja, com ponto a seguir ao número e com a terminação º ou ª em expoente. Note-se que o ponto é obrigatório porque indica que se trata de uma abreviatura. Por fim, refira-se o caso dos acrónimos e siglas, que são também recorrentes em contexto educacional. Recordamos que estes são grafados com letras maiúsculas e que não devem ter pontos entre cada letra. Refira-se que algumas siglas ou acrónimos, que são habitualmente nomes próprios, poderão passar a ter uso como nome comum, o que abre a possibilidade de passarem a ser usados com minúsculas (como aconteceu com o nome covid, inicialmente um acrónimo escrito com maiúsculas). Recordemos ainda que siglas e acrónimos podem surgir em contextos de pluralização, mas que não deverão levar um s. Por exemplo a grafia AEs (referente a Aprendizagens Essenciais) é incorreta. Assim, siglas e acrónimos são nomes invariáveis, como se observa na frase «As AE estão a ser revistas.»
2. Numa frase copulativa como «O João estava sozinho em casa», o constituinte «em casa» desempenha a função de modificador? Na atualização do Consultório reflete-se sobre esta questão de natureza sintática, à qual se junta a análise da sequência de pronomes clíticos em «Arrepia-se-me a pele». Ainda no âmbito da sintaxe, esclarece-se, por um lado, por que razão o verbo ladrar não surge em frases passivas e, por outro, a concordância desencadeada pelo uso do nome pessoa. Ainda outras cinco novas respostas às seguintes questões: «Qual a diferença entre os adjetivos agoniante e agonizante», «Qual o valor da preposição em «A ter o peito de aço»?» «Paquiderme pode ser usado no feminino?», «Como usar o artigo definido com nomes de marcas e de substâncias?», «Deve usar-se o ponto de interrogação numa interrogativa indireta?», «O numeral avos deve ser escrito com ou sem hífen?»
3. A Consultora Sara Mourato analisa a formação e significado do neologismo desdemitir, usado a propósito de uma situação política, na qual uma vereadora voltou atrás após se ter demitido do seu cargo, no apontamento divulgado na rubrica Na 1.ª Pessoa.
4. Estará correto o uso da expressão «Desculpa lá»? A professora Carla Marques responde a esta questão na rubrica Desafio semanal, divulgada no Facebook e analisada na programa Páginas de Português, da Antena 2.
5. No português de Angola, regista-se o uso do verbo despedir sem regência, em construções como «despedir a mãe» em vez de «despedir(-se) da mãe». O linguista e professor Tomás Calomba (Universidade de Luanda/IPGEST) analisa o fenómeno neste seu apontamento.
6. Entre os nomes usados para referir o objeto usado para cobrir a cabeça, o professor João Nogueira da Costa analisa o caso de keffiyeh, do árabe, e de coifó, usado no português de Moçambique.
7. O primeiro centenário da morte de Cândido de Figueiredo é assinalada pelo Município de Tondela, no dia 27 de setembro, com a realização do Seminário Comemorativo do Primeiro Centenário da Morte de Cândido Figueiredo, organizado pela Nova Acrópole e pela editora Virtudes Outonais. Os consultores permanentes do Ciberdúvidas Carla Marques e Carlos Rocha estarão presentes neste encontro com uma comunicação intitulada «O prescritivismo de Cândido de Figueiredo e o Ciberdúvidas da Língua Portuguesa".