Os casos apresentados são complexos e não encontram resposta categórica na análise morfológica tradicional ou no atual funcionamento do português.
A pergunta tem que ver com duas vertentes da análise morfológica: a) a identificação da base (derivante) e do derivado em pares como conjunto e conjuntar (é o primeiro que está na base do verbo, ou é este que dá origem àquele?); b) a discussão sobre a prioridade a dar à etimologia na análise morfológica.
Assim:
1. Os verbos disjuntar, conjuntar e adjuntar podem ser vistos como resultado da conversão em verbos de disjunto, conjunto e adjunto, respetivamente. Há dicionários que registam estes três verbos (totalmente, como fazem o Houaiss e a Infopédia, ou parcialmente, como no Priberam), mas acontece que estas fontes não convergem na análise destes verbos quanto à sua derivação. Em todo o caso, importa assinalar que adjuntar, além do escasso uso (a secção histórica Corpus do Português não faculta ocorrências), tem registo como variante culta ou antiquada de ajuntar, por sua vez, variante popular de juntar. Sucede que o verbo juntar é analisado pelas fontes em referência como um derivado do adjetivo junto, e não como palavra que dá a base de derivação deste adjetivo. Sendo assim, se juntar deriva por conversão de junto, então disjuntar e conjuntar, que os dicionários consultados propõem analisar (discutivelmente) como derivados prefixais de juntar, serão derivados do radical junt-, de junto, ou dos radicais de palavras conexas, ou seja, disjunt-, de disjunto, e conjunt-, de conjunto. Deste modo, conclui-se que os adjetivos disjunto, conjunto (este ocorre mais como nome) e adjunto é que dão a base de derivação aos verbos em questão, e não o contrário.
2. Parece difícil rejeitar o contributo da informação etimológica da análise da relação de disjuntor/disjuntivo com disjuntar, de conjuntivo/conjuntiva com conjuntar e de adjunção com adjuntar (verbo com o qual adjutor e adjutório não têm relação – ver, mais abaixo, o ponto 4). Como a base de derivação mais plausível provém não dos verbos disjuntar e conjuntar, mas, sim, das formas adjetivais disjunto e conjunto, a análise acaba por convergir com a que seria de esperar na perspetiva etimológica: disjuntor e disjuntivo vêm, respetivamente, do latim disjunctor e disjunctivus, por sua vez formados do radical verbal disjunct-, do supino do verbo disjungere; e conjuntivo adapta o latim conjunctivus, derivado de conjunct-, radical do supino de conjungere. Acrescente-se que adjunto é também interpretável como palavra derivada em latim, e não em português. Sabendo que jungir vem de jungĕre, diremos, então, que a relação a ter em conta é de facto com jungir, embora de forma indireta e mobilizando informação erudita.
3. Quanto a disjunção, conjunção e adjunção são também palavras relacionáveis com jungir, ainda que não diretamente e, mais uma vez, com a ativação de informação etimológica. No entanto, conjuncional deriva regularmente de conjunção na própria língua portuguesa, tal como acontece quando se fala de nacional como adjetivo derivado de nação.
4. Finalmente, adjutor e adjutório são igualmente palavras que não se formam em português. Provêm do radical latino adjut-, do supino adjutum, do verbo adjuvare (com a variante adjutare, que deu ajudar por via popular).
Para esta resposta, consultaram-se, além dos dicionários referido, o dicionário da Academia das Ciências de Lisboa, a Gramática Derivacional da Língua Portuguesa (2016), de M.ª Graça Rio-Torto, e o vol. 3 da Gramática do Português da Fundação Calouste Gulbenkian (2020, pp. 3045-3068).