Português na 1.ª pessoa - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
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Desapegando dos clichês
Léxico caído em graça e em desgraça

«Queria entender por que certas palavras têm o privilégio (privilégio é uma delas) de conseguir a empatia (empatia é outra) do mundo acadêmico, da mídia, dos formadores de opinião na ressignificação (quem ainda aguenta ressignificação?) lexical» – declara ironicamente o arquiteto e escritor brasileiro Eduardo Affonso, também colunista do jornal O Globo, num apontamento sobre a moda de certas palavras que tornam o discurso banal. Texto publicado no mural Língua e Tradição em 8 de janeiro de 2024.

Assim se fala de Portugal,<br> onde uns vão bem e outros mal
Modismos e bordões no programa da TSF Assim Se Faz Portugal

«[No programa] fala-se de tudo e mais alguma coisa e, não fosse ela a matéria-prima que aqui todos serve, também se fala de língua portuguesa» – refere o jornalista Nuno Pacheco sobre Assim se faz Portugal, um programa da TSF transposto recentemente em livroCrónica incluída no jornal Público de 9 de novembro de 2023 e aqui transcrita com a devida vénia. Texto escrito segundo a norma ortográfica de 1945.

<i>Expletivo</i> = «palavrão»?!
Um caso de sinonímia inusitada

Na cobertura jornalística dos jogos da seleção de Portugal no Campeonato do Mundo de Futebol, no Catar, ocorre o termo expletivo, em eufemística referência a certos palavrões proferidos em campo. Um apontamento de Paulo J. S. Barata sobre este uso duvidoso da palavra expletivo.

Meu bem, você me ama? Total!
Os novos penducarilhos para a língua ficar mais instagramável

«Tenho esbarrado numa quantidade imensa de pessoas que deixaram de lado as três letrinhas afirmativas e, como se combinasse melhor com o tom dos jeans que vai ser onda no verão, disparam "total" na direção de meus ouvidos. Devem achar que o português fica, tipo assim, mais robusto.»

Crónica do jornalista e escritor brasileiro Joaquim Ferreira dos Santos, publicada no jornal O Globo do dia 31 de outubro de 2022.

Génio, o tanas!
A falta de propriedade de alguns usos

«O mito do génio cria uma barreira de inatingibilidade. Ele está no cume, na sua redoma», afirma Vítor Belanciano, em crónica incluída no jornal Público em 19 de junho de 2022, refletindo sobre os maus usos do termo génio.

 

(O autor escreve segundo a a norma ortográfica de 1945)

Dupla negativa
Uma construção típica das línguas latinas

«Em português – e nas outras línguas latinas que conheço, exceto em francês oral, por causa da supressão do advérbio ne na fala – a regra é que, numa frase negativa tem de haver sempre uma negativa antes do verbo.»

Apontamento do tradutor Vítor Santos Lingaard, que critica a moda de evitar a dupla negação do português, fazendo com que a forma correta «não vi nada» se transforme incorretamente em «vi nada». Texto publicado no blogue Travessa do Fala-Só em 7 de abril de 2022.

 

«Ajuda letal»?
Um modismo assente numa clara contradição

«A expressão «ajuda letal» foi retomada recentemente na comunicação social portuguesa, associada ao contexto da guerra na Ucrânia para referir o apoio em armamento bélico ao Governo de Kiev por parte  dos EUA e outros países ocidentais». Um modismo que encerra uma clara contradição, como explica a professora Carla Marques

A era do «eu diria que...»
Modismo em alta na classe política portuguesa
«"Eu diria que..." –  escreve nesta crónica* o jornalista Victor Bandarra – é uma maneira subtil e cautelosa de alguém prever o futuro sem se comprometer. Os políticos são especialistas.»
 
* Crónica publicada na revista dominical do Correio da Manhã, do dia 31/10/2021, escrita segundo a norma ortográfica de 1945.
Vícios de linguagem... mediática
Tempos verbais desfasados, modismos e anglicismos a eito

Leis que ainda iam ser votadas tituladas como se já  tivessem sido aprovadas, uma manifestação no dia seguinte descrita como «grandiosa», o modismo focar (e foco), o neologismo (inventado no Brasil) antenar e a proliferação de anglicismos com tradução já em português. E, ainda, o emprego  diversificado de trabalho e de  trabalhista.

Texto adaptado de um comentário do autor para advogados estagiários em Angola, no quadro dum patrocínio de estágios – vertente: terminologia e retórica forenses.

Recepcionou suporte para experienciar a sua resiliência?
Quando na língua as "modas" são retrocesso

Há «palavras que têm vindo a substituir, automaticamente, outras bem mais simples, e muitas vezes sem atender ao seu real significado», escreve * o jornalista português Nuno Pacheco, criticando certos modismos, como é o caso a troca de expressões vernáculas por neologismos (experienciar, gerenciar) e estrangeirismos semânticos (resiliência) que obscurecem a comunicação.

Artigo de opinião incluído no jornal Público em 8 de julho de 2021.