Apontamento da consultora Inês Gama sobre a palavra mulato/(a).
«Ao dizermos algo ofensivo, grosseiro ou indecente, estamos a insultar alguém a quem pretendemos roubar a dignidade e assaltar ou lesar a sua honra» – observa-se neste artigo publicado no magazine digital Ncultura em 6 de fevereiro de 2022 e da autoria do professor de Português José Ferreira, que apresenta 20 insultos, de achavascado a cacóstomo, menos ou mais conhecidos, mas todos eles inconvenientes.
«Há uns meses, Gaston Dorren, autor de óptimos livros sobre línguas, perguntou-me qual é o palavrão mais usado em Portugal. Há muitos, claro, mas qual é aquele que todos dizemos quando damos com o pé na esquina da porta?» É a pergunta de partida que coloca o tradutor e professor Marco Neves numa crónica publicada no seu blogue Certas Palavras, em 15 de novembro de 2021.
O caso Câmara Municipal de Lisboa vs. dados pessoais dos promotores de uma manifestação de ativistas russos sobressaindo também pelos piores motivos linguísticos, neste apontamento do jornalista José Mário Costa.
«“Merdar” faz falta por ser explícito. Dizer que "se vai fazer merda" é invocar outra ordem de assuntos. O que se há-de fazer?» Interroga-se, em tom jocoso, o escritor Miguel Esteves Cardoso, acerca da derivação de palavras no campo lexical da escatologia (ou seja, da «alusão aos temas das fezes, da imundície, da obscenidade», conforme definição da Infopédia).
O corpo, as práticas sexuais e a orientação sexual são realidades de uma esfera humana que é objeto de censura e interditos. Estes encontram expressão nos numerosos vocábulos do calão, também chamados tabuísmos, que, entre os seus referrentes mais reiterados, contam as nádegas e o ânus como temas de um campo lexical saturado de significações pejorativas, obscenas e insultuosas, conforme revela o texto que adiante se transcreve com a devida vénia, extraído de uma publicação de 23 de dezembro de 2016 do blogue esQrever – Pluralidade, Diversidade, Inclusão LGTBI. Respeitou-se a norma ortográfica do original.
Os palavrões «são armas mentais», defende o tradutor e professor universitário português Marco Neves. Neste artigo que escreveu no seu blogue Certas Palavras, no dia 3/01/2016, demonstra que estas palavras existem desde sempre e estão presentes em todas as sociedades, veiculando carga emocional.
Evocar o músico e compositor brasileiro Tom Jobim é também lembrar o seu gosto pelas palavras, pela etimologia e pelos dicionários, tal como acontece neste texto publicado no Diário de Notícias de 21/10/2018 e da autoria do escritor Ruy Castro.
«As palavras não são boas nem más. Simplesmente, não são. Já os seres humanos encontram formas engenhosas de agredir sem usar a força, e a linguagem serve fielmente este fim.»
Reflexão sobre o fenómeno que tem levado a que o nome de alguns políticos, associados a posições extremas, deixe de ser pronunciado, ao ponto de se transformar quase num tabu. Como afirma o autor, «o que está na base de uma decisão radical como aquela – a de nunca mais dizer um nome – é só uma, seja ela motivada pelo amor ou pelo desprezo. É, para todos os efeitos, o mesmo que atirar um problema para trás das costas e fingir que ele não existe.»
Este é um espaço de esclarecimento, informação, debate e promoção da língua portuguesa, numa perspetiva de afirmação dos valores culturais dos oito países de língua oficial portuguesa, fundado em 1997. Na diversidade de todos, o mesmo mar por onde navegamos e nos reconhecemos.
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