Português na 1.ª pessoa - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
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De onde menos se espera *

Às vezes a crítica feroz a certos usos da linguagem — qualificados como "vícios" — podem constituir meros exageros fátuos. O linguista brasileiro Sirio Posseti explica e dá exemplos.

Não vou repetir os argumentos e os dados de textos anteriores sobre o dito gerundismo. Só vou apresentar um pequeno sumário, para mostrar que a questão se resume a dois fatos, que, vistos de perto, na verdade, são um só:

Das mais de 200 invocações do nome mãe de Jesus Cristo, Maria Regina Rocha escreve sobre três delas, em artigo publicado no "Diário do Alentejo" do dia 15 de Agosto de 2008, na sua rubrica quinzenal, «A vez... ao Português».

 

«Existe até um nome para o uso excessivo do gerúndio: endorreia», escreve Luís Fernando Veríssimo, em crónica publicada no “Actual” do semanário “Expresso”, de 2  Agosto de 2008, intitulada “A matutar”. E propõe-nos «um dicionário alternativo da língua portuguesa, não com o significado que as palavras têm mas com o significado que deveriam ter»...

 

Parece piada, mas o assunto é sério. Há dois meses, o governador José Roberto Arruda (DF) fez publicar no Diário Oficial do Distrito Federal decreto em quem "demite" o gerúndio dos órgãos do governo da unidade federativa que administra. Especifica, no artigo 2.º do decreto número 28 314 de 28 de setembro de 2007, que «fica proibido a partir desta data o uso do gerúndio para desculpa de ineficiência».

«Não é o gerúndio que provoca o adiamento de um processo, a procrastinação de um serviço público ou a falta de atendimento médico», escreve o linguista brasileiro José Augusto Carvalho, em artigo publicado no jornal “Gazeta”, contestando, a proibição, por decreto do governador de  Brasília, do uso do gerúndio no funcionalismo público da cidade. Com este argumento: