Português na 1.ª pessoa - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
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O que é a natureza?
Dicionário inglês instado a incluir os seres humanos na definição

«Todos os dicionários ingleses definem natureza como uma entidade separada e oposta aos seres humanos e às criações humanas – uma perspetiva que, segundo os ativistas, perpetua a relação problemática da humanidade com o mundo natural» – pode ler-se no artigo do jornalista britânico Damien Gayle a respeito da definição da palavra natureza (nature, em inglês) publicado no jornal The Guardian no dia 27 de julho de 2024. Tradução do inglês com adaptações.

A descolonização da língua portuguesa
A falta de política linguística nos países africanos e em Timor-Leste

«Foram os países africanos de língua portuguesa que tomaram a decisão de a adotar como língua oficial (de estado, administração, ensino) e também de unidade nacional; lideranças de movimentos de libertação e elites desses países fizeram a sua formação em português, muitas em Portugal; a adoção da língua resultou, assim, em fator de discriminação entre os cidadãos desses países que a domina(va)m e os que não.»

Artigo da autoria da linguista  e professora universitária portuguesa Margarita Correia, publicado no dia 29 de maio de 2023 no Diário de Notícias.  

 

Três episódios e alguns dados para a discussão <br>sobre o conteúdo dos dicionários
A necessidade de retratar a atualidade social da língua

«Uma obra de uma determinada época retrata ideias, usos, situações, crenças dessa época; constitui um documento histórico. Os dicionários também e por isso alguns podem apresentar conteúdos hoje socialmente inaceitáveis.» 

Artigo da linguista e professora universitária portuguesa Margarita Correia sobre a necessidade de rever e atualizar os dicionários. Texto publicado no Diário de Notícias em 22 de maio de 2023 e que se partilha com a devida vénia.

O <i>pelé</i> do disparate na lexicografia
Sobre a dicionarização do nome próprio Pelé

«Minha preocupação aqui, meus amigos, se dá pela arbitrariedade do referido dicionário em incluir uma palavra em sua composição lexical baseada numa campanha e/ou num abaixo-assinado» – argumenta Rafael Rigolon num artigo de opinião em que tece críticas ao registo de pelé como nome comum e suposto (erroneamente) adjetivo no Michaelis – Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa (ver Notícias). Texto transcrito, com a devida vénia, do mural Língua e Tradição (Facebook, 29 de abril de 2023).

As palavras e o dicionário de Paulina Chiziane
Catinga e outros vocábulos de marca colonial e racista

«Nos relatos mediáticos do discurso proferido pela escritora Paulina Chiziane na cerimónia de entrega do Prémio Camões 2021, a escritora moçambicana defendeu a necessidade de descolonizar a língua portuguesa, visto haver definições de dicionário que inscrevem conceções preconceituosas coloniais, racistas e sexistas» – refere o consultor Carlos Rocha, que apresenta um conjunto de breves notas sobre a dicionarização de catinga, matriarcado, patriarcado, palhota e mulher.

O presente e o futuro <br>dos dicionários de língua portuguesa
Uma pesquisa sobre os dicionários de português

«Fazer um dicionário é atividade morosa e dispendiosa e nem o acesso a tecnologias cada vez mais sofisticadas pode garantir a qualidade do produto final, se este não tiver por trás saber e reflexão sobre as palavras, a forma de as descrever e sobre aquilo que o utilizador espera de e procura num dicionário.»

Artigo da linguista e professora universitária Margarita Correia publicado no Diário de Notícias em 10 de abril de 2023.

 

<i>Dicionário da Língua Portuguesa Medieval</i>
Uma importante obra lexicográfica

«Apesar de ser uma das línguas faladas do mundo, de ter conhecido a atribuição de um  Dia Mundial pela UNESCO em 2019 e de se prever grande crescimento do seu número de falantes ao longo deste século, a língua portuguesa carece ainda de obras lexicográficas à altura da sua importância. Saúda-se, assim, a publicação do Dicionário da Língua Portuguesa Medieval

Artigo da linguista e professora universitária Margarita Correia , publicado no Diário de Notícias, em 28 de novembro de 2022, a propósito do lançamento do Dicionário da Língua Portuguesa Medieval, resultante de um projeto desenvolvido, entre 2004 e 2007, no Centro de Linguística da Universidade Nova de Lisboa, sob a coordenação dos professores catedráticos João Malaca Casteleiro (1936-2020), Maria Francisca Xavier (1942 –2019), Maria de Lourdes Crispim .

Em defesa do dicionário
Uma ferramenta poderosa

«Consultar o dicionário não é uma chatice que interrompe o curso de sua leitura; é, na verdade, um indício de que você está lendo com a inteligência desperta a ponto de distinguir as coisas que você entende das que não entende, as coisas que você conhece das coisas que não conhece.»

Apontamento que o tradutor e revisor de textos William Cruz publicou no mural Língua e Tradição no Facebook em 21 de fevereiro de 2021.

Se o léxico de uma língua é um sistema dinâmico, isto é, se se caracteriza pelo movimento, importa esclarecer como é visualizada a relação entre um léxico com essas características e um dicionário, produto acabado e, por natureza, entidade estática.

Para o fazer, importa responder a algumas perguntas e desmistificar algumas ideias feitas sobre os dicionários:

1. Até que ponto é que o dicionário determina o que pertence e o que não pertence às línguas?

Um retrato da língua
O papel dos dicionários

«Fazer o dicionário de uma língua viva – escreve neste artigo o filógo e político português Luiz Fagundes Duarte –é como tirar o retrato a uma pessoa: apanha-se-lhe o que ela é naquele momento, mas também se lhe apanha uma ruga que se forma, um gesto suspenso, um brilho furtivo do olhar, um acto falhado.»

*in jornal Açoriano Oriental