Um clarificador apontamento do tradutor Miguel Magalhães, publicado no jornal Público de 23-03-2013, a propósito da generalizada utilização do artigo definido na designação de Chipre, nos media portugueses, como já aqui se assinalou.
Por causa duma triste notícia para os cipriotas, as televisões e os jornais portugueses voltaram a estar cheios de “o Chipre”. Já tentei várias vezes explicar que há países cuja designação não tem artigo definido. Alguns exemplos: Cabo Verde, Cuba, Chipre, Madagáscar, Malta, Marrocos, Moçambique, Portugal, Taiwan.
Quanto às ilhas que têm artigo definido, normalmente é feminino, por semelhança com a ilha, salvo os casos em que designam também algo concreto como, por exemplo, os Açores, que também são aves.
Como não entendo por que raio de carga de água é que aparece o artigo o em Chipre (não há artigo em inglês, nem em francês, nem em espanhol, as três línguas que mais contaminam a portuguesa), só posso concluir que o artigo definido surgiu por a palavra Chipre ser parecida com “chifre”.
Bem sei que existe um «corno de África», nas margens do oceano Índico, mas Chipre é uma ilha do Mediterrâneo. Pese embora a proximidade com a palavra chifre e a própria forma da ilha que até pode fazer lembrar um chifre ou um corno, insisto, pela última vez, que Chipre é Chipre, sem artigo definido. Chipre não é chifre.