Nunca será de mais falar em regência preposicional. Tal como *ninguém necessita uma coisa, nem se *tem a certeza uma coisa, também *ninguém é alvo uma coisa (os asteriscos assinalam a agramaticalidade da construção). Neste cartaz* pretende-se dizer que o castelo foi alvo de transformações; não foi *alvo transformações. A explicação junto deste monumento deveria, pois, falar-nos das transformações posteriores de que o castelo foi alvo.
Não bastasse isso, outro erro estrutural grave: *o nome porque é conhecido. Erro frequente é a confusão entre porque e por que. E por isso se vê por vezes *porque razão ou *porque motivo. Não se trata aqui de um elemento causal – «há seca porque não chove» –, mas da preposição por – «o nome por que é conhecido» ou «o nome pelo qual é conhecido».
Também a presença da palavra razão leva por vezes noutros contextos a crer que se está perante uma oração causal, e daí o recurso a porque. Mas não. Trata-se aqui também da preposição por: «por que razão», isto é, «a razão pela qual» a porta é conhecida ou «por qual razão» a porta é conhecida. O mesmo se verifica em estruturas como «por que motivo», isto é, «por qual motivo», o «motivo pelo qual«»
Lamentável é estarmos perante dois erros estruturais graves num monumento público. Para bem de todos, por favor corrijam-nos!
* O cartaz encontra-se junto da Porta da Traição do castelo de Vila Nova de Cerveira (distrito de Viana do Castelo).