1. «Arduamente e lentamente», ou «árdua e lentamente»: o que é melhor? A resposta encontra-se no consultório, onde se levantam outras dúvidas: deve dizer-se e escrever-se «a fim que...», ou «a fim de que...»? Qual o plural de vígil, adjetivo que se aplica a quem permanece acordado? Na rubrica Controvérsias, ainda a propósito da expressão «os Portugueses e as Portuguesas», que ultimamente ocorre em vez do masculino «os Portugueses», empregado genericamente, disponibilizam-se os textos que enquadram a polémica: a crónica do escritor Miguel Esteves Cardoso, a criticar tal uso; contestando esta posição, o artigo do professor universitário Luís Aguiar-Conraria e o comentário que a deputada Edite Estrela deixou no Facebook.
2. No contexto das línguas irmãs da nossa, refira-se que, em espanhol, igualmente se recorre ao masculino para abranger os dois géneros. Contudo, em discurso, é cada vez mais frequente verbalizar essa distinção; daí que se ouçam e leiam sequências como «todos y todas» (= «todos e todas»), apesar da posição da Real Academia Espanhola, que as reprova. Para contornar o uso do masculino, tido por sexista, muitos falantes da língua de Cervantes servem-se ainda de um artifício gráfico, substituindo as letras o e a por @ ou x ou *, escrevendo "tod@s" ou "todxs" ou "tod*s", com o significado de «todos e todas». No português, existe prática paralela com os sinais @ e x (ou outros), que a norma-padrão não legitima.
3. Entre as notícias a respeito da língua portuguesa, selecionam-se as seguintes:
– No Brasil e não só, comentou-se com preocupação a retirada da literatura clássica portuguesa dos programas escolares, na sequência de um projeto (Base Nacional Curricular Comum) para uma nova terminologia linguística e para a definição de metas curriculares por parte do ministério da Educação brasileiro. Em Portugal, a Sociedade Portuguesa de Autores manifestou publicamente o seu desagrado, considerando que a decisão ministerial «pode enfraquecer o espaço e a força da lusofonia eliminando a relação de grande apreço e afecto de muitas gerações de leitores com a literatura portuguesa no Brasil».
– Na capital de Timor-Leste, Díli, foi lançado em 18/02 p. p. um dicionário timorense de português-tétum, trabalho elaborado por uma equipa de 12 pessoas do Departamento de Português da Universidade Nacional de Timor Lorosae.
4. No programa de rádio Língua de Todos de sexta-feira, 26 de fevereiro (às 13h15* na RDP África; repete no sábado, 27 de fevereiro, depois do noticiário das 9h00*), Angelina Costa, coordenadora adjunta do Ensino do Português no Estrangeiro (EPE), colocada na Namíbia, fala sobre o aumento notável do número de alunos de português, que cresceu de 280 para 1800, na sequência da assinatura, em 2011, de um memorando de entendimento com o governo português, e também resultado da necessidade de os médicos namibianos saberem atender os numerosos pacientes angolanos que atravessam a fronteira em busca de cuidados de saúde. No Páginas de Português de domingo, 28 de fevereiro (pelas 11h30*, na Antena 2), apresenta-se Novas Cartas Portuguesas 40 Anos depois, um projeto coordenado pela professora e poetisa Ana Luísa Amaral, com o qual se pretende perceber o impacto do polémico livro que a censura do regime marcelista proibiu: houve processo criminal, houve repercussão internacional; a situação portuguesa e o discurso no feminino assumiam novos contornos no país.
* Hora oficial de Portugal continental.