Identificar uma figura de estilo é resultado da interpretação subjetiva daquele que está a analisar um texto literário. Evidentemente que as gramáticas apresentam as características que cada recurso possui, mas a sua compreensão pode ser variada. O verso que apresenta é um exemplo do que se disse. O sujeito poético sorri de «coisa-nenhuma»; qualquer coisa é alguma coisa; alguma coisa é a oposição de coisa nenhuma; então, poder-se-á falar de antítese. Mas “coisa” (alguma coisa) que é «coisa-nenhuma» ao mesmo tempo remete para um pensamento ilógico. Será, também, pertinente falar-se do recurso que tem o nome de paradoxo. O seguimento «que serei» reforça tanto a ideia de antítese como de paradoxo (serei coisa-nenhuma é algo que está em oposição, mas também é uma situação ilógica).