Os termos uberização e uberizar entraram no léxico português e começam a alargar os seus significados, correspondendo a uma forma de dizer realidades sociológicas novas que se estão a desenvolver, inclusive no contexto da pandemia de covid-19.
Os termos uberização e uberizar entraram no léxico português e começam a alargar os seus significados, correspondendo a uma forma de dizer realidades sociológicas novas que se estão a desenvolver, inclusive no contexto da pandemia de covid-19.
Para o jornalista português João Almeida Moreira, correspondente do Diário de Notícias, em São Paulo, tem-se assistido nos últimos anos à uberização da vida política do Brasil, isto é, muitos políticos brasileiros parecem conduzidos por atos de traição e vingança, consumados de forma pronta, ironicamente ao estilo do serviço de transporte Uber. Crónica que o autor publicou no referido jornal em 30 de abril de 2020 e que aqui se transcreve com devida vénia.
A forma karma, que é a do original transcrito e está registada como estrangeirismo, tem um aportuguesamento já dicionarizado: carma (cf. Dicionário Houaiss). Quanto ao título, ocorre o termo uberização – que pressupõe o verbo uberizar, um derivado no nome Uber –, pelo qual se entende o negócio apoiado nas tecnologias móveis que liga, através de uma plataforma digital, o consumidor ao fornecedor de produtos e serviços de forma personalizada e o mais diretamente possível (cf. Alexandra Leitão, "Uberização da economia", Jornal Económico, 05/09/2017). O nome comum e o verbo donde procede têm também sido empregados em tom crítico, porque a oferta de serviços pelas plataformas digitais acaba por se tornar frequentemente uma estratégia empresarial para fugir às responsabilidades sociais decorrentes da admissão de trabalhadores (muitas vezes chamados "colaboradores"; cf. Safaa Dib, "A uberização desregulada do trabalho", Jornal Económico, 17/01/2020).
A pandemia de covid-19 obrigou ao confinamento, e a este sucede afora o desconfinamento, palavra que até há poucas semanas só existia como possibilidade. Crónica publicada no jornal Público no dia 5 de maio de 2020.
Assinalando o Dia Mundial da Língua Portuguesa, quatro ministros do governo de Portugal – Augusto Santos Silva, ministro dos Negócios Estrangeiros, Graça Fonseca, ministra da Cultura, Manuel Heitor, ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, e Tiago Brandão Rodrigues, ministro da Educação – enumeram e definem as tarefas que desafiam os políticos e os cidadãos de todos os países de língua portuguesa a encontrar as estratégias adequadas à promoção mundial do idioma comum.
Texto que assinado pelos ministros referidos na edição do jornal Público de 5 de maio de 2020.
Na imagem, pormenor do cartaz comemorativo do projeto Nossa Língua-Nosso Chão, da Direção Regional de Cultura do Alentejo em parceria com a Chão Nosso, crl e a Andante Associação Artística (fonte: Diário Campanário, 29/04/2020).
«A proclamação da UNESCO foi amplamente noticiada em Portugal, levando os céticos do costume a defender que esta poderia ser não motivo de regozijo, mas uma nota inquietante, indicativa de alguma fragilidade do português, brandindo dois argumentos principais: 1) as grandes línguas não carecem de e não têm dias mundiais; 2) só entidades ameaçadas, desprotegidas ou discriminadas têm dias mundiais. Será que têm razão?»
A resposta da professora universitária e presidente do Conselho Científico do IILP (Instituto Internacional da Língua Portuguesa) Margarita Correia, em artigo publicado originalmente no Diário de Notícias, em 5 de maio de 2020.
N. E. – Em relação ao texto original, o que aqui se publica contém algumas ligeiras alterações introduzidas pela autora.
A propósito da consagração do Dia Mundial da Língua Portuguesa, o embaixador de Portugal na UNESCO, António Sampaio da Nóvoa, fala da importância de se criar um movimento que vá além do dia 5 de maio, e que dê à língua portuguesa reconhecimento como língua global. Em entrevista à jornalista Maria Leonor Nunes*, defende que projeção internacional da língua portuguesa deve assentar em quatro pilares, que ele denomina numa fórmula: «EC ao cubo: Ensino, Cultura, Criação e Ciência».
*in Jornal de Letras (edição de 22 de abril a 5 de maio de 2020)
«Uma das pequenas irritações que um português a morar no Brasil sente no dia a dia é ligar a televisão e ouvir um filme de Hollywood, ou de outro lugar que o valha, dobrado — dublado -— em português local. Por isso, num destes dias, senti, num zapping qualquer, uma genuína satisfação ao ver, finalmente, as por aqui tão raras legendas a acompanhar uma fita. Mas logo veio a desilusão; não era uma fita qualquer, era Tabu, o portuguesíssimo filme do portuguesíssimo Miguel Gomes, falado num portuguesíssimo sotaque de Lisboa.»
Texto do jornalista português João Almeida Moreira, correspondente do Diário de Notícias, em São Paulo, que a seguir se transcreve na íntegra, com a devida vénia.
A pretexto do Dia da Mãe (das Mães, no Brasil), o tradutor e professor universitário Marco Neves leva-nos às origens da palavra mais doce que aprendemos a dizer desde que nascemos para a vida – e como ela se diz pelo mundo fora.
Texto escrito segundo a norma ortográfica de 1945 no dia 3/o5/2020, transcrito, com a devida vénia, do blogue do autor, Certas Palavras. A imagem que serve de ilustração é do original: um mapa criado por Ilídio J. B. Vasco para o mais recente livro de Marco Neves, Almanaque da Língua Portuguesa.
Em português chama-se peru, de Peru, enquanto, em inglês se diz turkey, de Turkey (Turquia), e em francês, dinde de «d'Inde» («da Índia»). O engraçado é que esta ave não é originária de nenhum destes países, mas sim do México e do sul dos Estados Unidos. Um apontamento do professor João Nogueira da Costa à volta do zoónimo* peru e das suas diferentes traduções em línguas da Europa e do Mediterrâneo (texto original publicado no Facebook em 9 de abril de 2018 e aqui transcrito com adaptações).
* Um zoónimo é a denominação que se dá a um animal.
A descrição das várias realidades envolvidas com o surto planetário do novo coronavírus tem levado a uma mobilização lexical interessante e expressiva, recuperada neste artigo da autoria da professora Carla Marques.
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