O que são aforismos? Em que se distinguem dos provérbios, adágios ou máximas? A professora Carla Marques aborda estas e outra questões no seu apontamento dedicado aos aforismos.
O que são aforismos? Em que se distinguem dos provérbios, adágios ou máximas? A professora Carla Marques aborda estas e outra questões no seu apontamento dedicado aos aforismos.
«É verdade que todo exagero deve ser combatido, desestimulado. Todavia, se abusam de “o mesmo”, a solução não necessariamente é condená-lo como fraco recurso: da mesma forma, abusa-se dos pronomes pessoais retos, mas ninguém diz que devam ser completamente eliminados do texto».
Considerações do escritor e revisor brasileiro Gabriel Lago sobre a censura de certos gramáticos prescritivos ao uso de «o mesmo», num apontamento transcrito com a devida vénia do mural Língua e Tradição (Facebook, 23/02/2024).
«A concisão também é uma virtude – e está a meio caminho entre o laconismo, de um lado, e a prolixidade, de outro. Se queremos ser compreendidos por nossos interlocutores, buscar a concisão é da máxima importância.» Com estas considerações, o tradutor e revisor de William Cruz dedica um apontamento à importância do estilo conciso, nem escasso (lacónico) nem abundante (prolixo) em palavras, de modo a conjugar clareza e brevidade na expressão verbal. Uma publicação de 31 de outubro de 2021 do mural Língua e Tradição, no Facebook.
Há escritores que sabem subverter com criatividade certos critérios de correção sintática e semântica, como é o caso do paralelismo de construções como «escolher entre amar e trabalhar muito» (melhor que «escolher entre o amor e trabalhar muito»). Um apontamento da autoria da brasileira Lara Brenner, advogada e professora de Língua Portuguesa, e publicado do dia 10 de julho de 2020 na página de Facebook de Língua e Tradição.
Nelson Rodrigues (1912 – 1980) – dos mais talentosos e criativos escritores em língua portuguesa (foi jornalista, romancista, folhetinista, ainda hoje considerado o mais influente dramaturgo do Brasil) – recordado neste artigo de Ruy Castro sobre a sua faceta mais conhecida de cronista de costumes e de futebol. «O sol de derreter catedrais» ( para definir o Rio de Janeiro no verão), «Os jovens têm todos os defeitos dos adultos e mais um − o da inexperiência» e «O óbvio ululante» foram algumas das saborosíssimas frases de toda uma galeria de imagens e expressões ainda hoje celebradas.
in Diário de Notícias de 2 de fevereiro de 2019
Numa visita que fez ao Bangladeche, o papa Francisco equiparou a maledicência ao terrorismo e certas palavras a armas de destruição. A ideia encontra apoio na investigação científica, que aponta para a capacidade da agressividade verbal de se repercutir nas nossas redes neuronais como um verdadeiro dano físico interno. Terá a metáfora papal tanta realidade como um murro na cara? A linguista Ana Sousa Martins comenta a questão, no apontamento que se segue, lido na rubrica "Cronicando" do programa Páginas de Português, emitido na Antena 2, no dia 13/01/2019.
Miguel Esteves Cardoso reflete sobre as palavras que se gastam devido à repetição excessiva. Este uso automático parece condená-las ao esvaziamento e, consequentemente, levar à inexistência de verdadeira comunicação. Crónica publicada no jornal Público de 20 de novembro de 2018, tendo-se respeitado a grafia segundo a norma ortográfica de 1945.
Sobre o adjetivo, essa «palavra sem a qual o substantivo seria impreciso, vago, indefinido, amorfo» – com se lhe referia o filólogo e gramático brasileiro Carlos Góes, em artigo publicado na Revista de Língua Portuguesa (Rio de Janeiro, 1921) com o título Do Adjectivo, a seguir transcrito do terceiro volume da antologia Paladinos da Linguagem (edição Aillaud e Bertrand, Lisboa, 1921), organizada por Agostinho de Campos. Manteve-se a grafia e respetiva norma originais.
« (...) Os portugueses de hoje não querem, não são, não têm, não fazem. Desejam, constituem, possuem, elaboram. Só se exprimem verbalmente de duas maneiras: ou dizem "Eu não tenho palavras", ou mais valia que as não tivessem, porque arrebitam a linguagem até ao ridículo. A utilização saloia do inglês também é típica destes tempos: por que é que escrevemos on-line quando não dava trabalho nenhum escrever "em linha"? (...) Ele é o retail park, o express shopping, as férias low cost (esta é particularmente significativa: nenhum português faz férias de "baixo custo" ou "baratas"; mesmo que as passem na Cova do Vapor, passam-nas em inglês). (...)»
[Crónica sobre o "policiês", os anglicismos a eito e o falar rebuscado em geral no espaço público português. Publicada pelo autor, ainda em vida, primeiro, no jornal Público de 24 de julho de 2010 e, depois, integrada no livro Ouro e Cinza (Tinta da China Edições, 2014). E recordada, em sua memória, na rubrica da Antena 1 A Contar, de David Ferreira, no dia 3 de maio de 2016, que aqui se deixa também disponível.]
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