O nosso idioma - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
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Textos de investigação/reflexão sobre língua portuguesa.
Meu Portugal
O humanismo de Camões e a ligação à língua portuguesa

Nélida Piñon, uma das mais premiadas escritoras brasileiras, escreve sobre o  "seu" Portugal, onde é ambientado o seu novo livro, Um dia chegarei a Sagres. Neste artigo, refere a forma exaustiva como lapida a língua lusa, o humanismo de Camões e a dor de ser humano.

Artigo publicado no Jornal de Letras no dia  6 de outubro de 2021.

O erótico na literatura portuguesa

A publicação do livro erótico Prova-me, da professora Lúcia Vaz Pedro – o primeiro romance do género escrito por uma mulher, em Portugal –,  suscitou uma entrevista da autora no Jornal de Notícias do dia 14 de agosto de 2021. Com uma abordagem sobre os requisitos que fazem a diferença da «literatura de cordel ou cor-de-rosa» da «boa literatura erótica», a peça vem  contextualizada por um apontamento do critico literário Manuel Frias Martins. Em foco, no que se transcreve a seguir na integra, as razões históricas  que explicam a escassez de cultores literários do erotismo em Portugal, nomeadamente sob o olhar feminino – à exceção da expressão poética, na sequência do livro Minha Senhora de Mim (1971), de Maria Teresa Horta.

Cf. Lúcia Vaz Pedro: «Escrever uma cena erótica no feminino leva-nos ao teto do Mundo»

Os nomes de Clarice Lispector
A mais misteriosa escritora das letras brasileiras

«Nenhum outro escritor de sua geração se atreveu a escrever romances ou ficções que não tivessem enredo, ou cujo tema fosse tão insignificante quanto o de uma mulher que come uma barata, ou de um pintor que tenta capturar o momento em suas pinturas e com a voz dela, como o protagonista de Água viva contava na primeira pessoa.»

Artigo do autor sobre a escritora brasileira Clarice Lispector [1920-1977], publicado no blogue Letras In.Verso e Re.Verso em 20 de dezembro de 2020, que a seguir se transcreve na íntegra, com a devida vénia.

O tique lusitano dos

Extrato do romance Homem de leis perdido nos trópicos procura senhora honesta, onde o autor discorre sobre essa «praga nacional multiusos», que serve tanto para enternecer como para amesquinhar. Manteve-se a grafia original, anterior ao Acordo Ortográfico de 1990.

Poema de aniversário

O significado da palavra aniversário glosado neste poema transcrito do próprio blogue do autor, o  pesquisador, compositor, poeta e escritor brasileiro Carlos Eduardo Drummond.

 

No tempo do livro
Quando se era «leitor» — e não, ainda, «usuário»

Crónica ao melhor estilo do recém-falecido autor de Viva o Povo Brasileiro à volta destes tempos da internet e das redes sociais, em que o leitor já não se chama leitor e os romances e peças de teatro «virão com clipes dos cenários descritos pela narrativa, entrevistas com o autor, facilidade em substituir palavras difíceis por sinônimos acessíveis, interatividade com o usuário (“faça seu final, case Romeu com Julieta").»  

 


Até que a escrita trema
e então do fundo da memória um corpo e o mar
um cheiro de alfazema e de salgema
um acento circunflexo um til um trema
um nome que noutro nome se dizia
um erro no ditado umas letras redondas
uma rosa por dentro da caligrafia
a praia um rosto as ondas.

 

Foz do Arelho, agosto de 2003

 

Todo mundo aceita que ao homem

cabe pontuar a própria vida:

que viva em ponto de exclamação

(dizem: tem alma dionisíaca);

 

viva em ponto de interrogação

(foi filosofia, ora é poesia);

viva equilibrando-se entre vírgulas

e sem pontuação (na política):

 

o homem só não aceita do homem

que use a só pontuação fatal:

que use, na frase que ele vive

o inevitável ponto final.

 

Um excerto retirado de Arte de Ser Português, do poeta e filósofo do Saudosismo Teixeira do Pascoaes, sobre as particularidades criadoras do génio da língua portuguesa.

Um poema retirado de A Matéria do Poema, do poeta português Nuno Júdice, num tom informal e leve, sobre a importância do verbo (principal e auxiliar) e da voz (ativa e passiva) no discurso e o valor expressivo dos modos e dos tempos das diferentes conjugações.

 

 

Principal ou auxiliar, é o verbo que faz mover

o discurso, dando à existência a sua qualidade

activa, e transformando-a no ser idêntico

que reúne em cada sujeito e estado, sem

distinguir uma ideia de outra. Porém, a