De como o conhecimento do mundo pode tornar absurdas certas vírgulas. O tradutor Luciano Eduardo de Oliveira dá conta de um caso ocorrido no canal internacional da televisão pública portuguesa.
Luciano Eduardo de Oliveira, poliglota, tradutor, professor de idiomas, formado em Letras na Unifac Faculdades Integradas de Botucatu.
De como o conhecimento do mundo pode tornar absurdas certas vírgulas. O tradutor Luciano Eduardo de Oliveira dá conta de um caso ocorrido no canal internacional da televisão pública portuguesa.
A propósito da referência na abertura "Palavras em dúvida, o espaço lusófono e ainda o Acordo Ortográfico" ao que foi declarado pelo convidado do programa Olhos nos Olhos da TVI24, o jornalista Nuno Pacheco, sobre o Acordo Ortográfico (AO), convém fazer algumas observações a respeito de a pronúncias no Brasil. Assim...
[Na imagem, uma adaptação do conhecido mapa dialetológico do Brasil que o filólogo e linguista brasileiro Antenor Nascentes (1886-1972) apresentou em O Linguajar Carioca, na sua segunda edição, de 1953. Proposta discutível e hoje ultrapassada, o referido mapa constitui, no entanto, uma síntese que ainda não encontrou outra que a substitua e atualize de maneira mais adequada (ver Valter Pereira Romano, Em busca de Falares a partir de Áreas Lexicais no Centro-Sul do Brasil, Universidade de Londrina, 2015, pág. 108). A adaptação provém do blogue A Formação da Língua Portuguesa do Brasil.]
Tenho encontrado com frequência a expressão pop-up store, referente a uma loja que abre para fazer negócio durante um período curto.
Não haverá expressão portuguesa equivalente? A expressão inglesa é mesmo necessária?
O anglicismo pop-up store (ou shop) é usado, por exemplo, aqui:
«Mais recentemente, a Levi Strauss quis rejuvenescer a sua marca Dockers e apresentou a Alpha, uma nova linha de calças coloridas, numa pop up store em Nova Iorque, que funcionou apenas em Setembro.»
E aqui:
«Uma tendência que vem ganhando força no varejo brasileiro, mas bem popular no exterior, são as “Pop Up Store” (lojas temporárias).»
Pode ser substituído com proveito pelo termo loja temporária, recomendação análoga já feita para a língua espanhola pela Fundación del Español Urgente (Fundéu BBVA) – aqui.
É digno de nota que ambos os textos em português também trazem o vernáculo aqui proposto, loja temporária. Só nos resta retirá-lo dos parênteses e dar-lhe destaque especial.
Não vou pronunciar-me quanto à aceitabilidade da prática, o meu comentário é apenas de teor linguístico.Tenho visto um uso crescente da palavra inglesa nude (da forma francesa obsoleta nud, do latim nudus) na imprensa brasileira para referir a foto nua de alguém que se manda na Internet.
A maneira correta é :
«Me vê 1 real de pão»?
«Me vê 1 real de pães»?
«Me dê 1 real de pão»?
«Me dê 1 real de pães»?
O Dicionário Houaiss traz como última acepção do verbo ver: «procurar (algo) para (alguém, uma finalidade); providenciar, ir buscar, trazer. Exs.: vou ver um livro bom pra você; ficou de ver uma babá para os filhos.»
Posto isso, afigura-se igualmente correta a alternativa com ver a par de dar. Como aqui se pergunta sobre a correção das frases, impõe-se a colocação do pronome depois do verbo, a chamada ênclise, já que a gramática normativa insiste que não se deve começar oração com pronome pessoal átono.
Quanto à questão pão/pães, por o produto não ser mais vendido por unidade, mas por peso no Brasil, pode-se considerá-lo como substantivo incontável nesta construção e deixá-lo no singular. Portanto, as construções corretas normativamente são:
«Vê-me/Dá-me um real de pão» (tratando-se o vendedor de tu).
«Veja-me/Dê-me um real de pão» (tratando-se o vendedor de você).
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