António Guerreiro - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
António Guerreiro
António Guerreiro
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António Guerreiro (Santiago do Cacém, 1959) licenciou-se em Línguas e Literatura Moderna – Português/Francês – pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Em 1986, ingressou como assistente da cadeira de Introdução aos Estudos Literários na Escola Superior de Educação do Porto. Entre 1989 e 2013, foi crítico literário e jornalista cultural do semanário Expresso. Colunista do jornal Público, no suplemento cultural Ipsílon.

 
Textos publicados pelo autor
Palavras com dono
Utopia, distopia, disforia e disrupção

«Quando, ainda perto de nós, o futuro era o horizonte para onde apontava o olhar político e nele se projectavam aspirações técnico-científicas sem a interposição de muitas sombras, era a palavra utopia que tinha alcançado extraordinários privilégios [...]. Quanto à distopia, o seu uso só recentemente saltou a fronteira do jargão técnico-literário e irradiou na direcção das representações pessimistas mais comuns.»

Reflexões do professor universitrário e crítico literário  português António Guerreiro a respeito do uso de distopia, disforia e disrupção, três palavras que partilham o prefixo dis- e traduzem certas tendências da atualidade, do pessimismo ao radicalismo. Artigo incluído no jornal Público em 14 de junho de 2024. Mantém-se a nornma ortográfica de 1945.

Na imagem, o quadro de 1898 que foi pintado por Francis Barraud (1856-1924) e depois, em 1900, utilizado como símbolo da marca comercial His Master's Voice (A Voz do Dono), mais conhecida pela sigla HMV.

 

 

Solastalgia
O sentimento de perda provocado pelas alterações climáticas

«O neologismo [solastalgia] foi criado por um professor de Filosofia na Universidade de Newcastle (Austrália), Glenn A. Albrecht, de 64 anos, autor modesto, mas agora coroado pela sua invenção lexical, revelada em 2019 num livro que se chama Earth Emotions. New Words for a New World

Crónica do crítico literário português António Guerreiro,  incluída no suplemento Ípsilon do jornal Público, no dia 29 de julho de 2022, a respeito de uma nova palavra, solastalgia, que designa o sentimento de medo e angústia decorrentes das alterações climáticas e ambientais, a que também se chama ecoansiedade. Texto escrito segundo a norma ortográfica de 1945.

A língua e os seus proprietários
Herança imaterial de quem a fala

«Nós, portugueses, não somos propriamente herdeiros da língua, como são os outros falantes do português: ela faz parte de nós, por essência e natureza, enquanto os outros têm que se reconhecer como herdeiros, por histórica doação. [Uma] língua não pertence a ninguém, ninguém se pode crer seu proprietário. E isso é uma lei universal e o melhor que lhe pode acontecer porque é isso que lhe dá movimento e energia. O colonizador não possui a língua, impõe-na como sua a partir de um gesto histórico de usurpação natural.»

Artigo do crítico literário António Guerreiro, in Público do dia 17 de dezembro, a  propósito do que escreveu o jornalista Miguel Sousa Tavares no semanário Expresso, intitulado "Eu, estátua, indefesa e silenciosa".

Empatia
Sobre o imoderado uso de um termo próprio da psicologia e da estética

 «A passagem da palavra empatia de um uso técnico e erudito para um uso corrente, induzido pela linguagem dos media, é um daqueles fenómenos que podia ser estudado por uma sociologia linguística» – escreve neste apontamento o autor,  publicado no suplemento Ípsilon, do jornal Público, no dia 9 de agosto de 2019.

Contra o acordo infame

«O Acordo entrou em vigor por força da lei, em obediência a uma construção ideológica chamada lusofonia, mas não por força da aceitação pelos cidadãos e da aprovação pelas instâncias de carácter científico. Na história da nossa democracia, não há procedimento tão absurdo e tão próprio de um poder totalitário como este.» Palavras que o jornalista António Guerreiro escreveu para o jornal Público de 13 de maio de 2016.

[Ver também: Acordo Ortográfico sob polémica presidencial]