O nosso idioma - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
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Textos de investigação/reflexão sobre língua portuguesa.
A volta do y, do k e do w

« (...) Portugal decretara o fim do y (e do k, do w, do ph, do th, dos mm, dos mn e dos nn) na sua grande reforma ortográfica de 1911 que o Brasil, teimoso e desobediente, não seguira. Com isso, naqueles primórdios do século, o milenar Portugal já modernizara a sua língua enquanto o Brasil, que se julgava avançado e do Novo Mundo, continuara a escrever coisas como phonographo, Nictheroy e hypertrophia. Para piorar, condenara seus Ruys a um lado do Atlântico enquanto os Ruis ficavam do outro. (...)»

Assim se confessa o jornalista e escritor brasileiro Ruy Castro, que, em crónica publicada no Diário de Notícias de 2 de setembro de 2018, conta o que tem sido escrever o seu nome próprio com y no meio dos (des)entendimentos ortográficos entre o Brasil e Portugal.

O entãosismo

A propósito dos debates à volta da atualidade política internacional  na Europa, o historiador e cronista* Rui Tavares cria o neologismo entãosismo, com base no marcador discursivo «e então...?» e para traduzir o inglês whataboutism, termo aplicável a uma variante do argumento tu quoque, isto é, um contra-argumento falacioso através do qual se acusa o interlocutor de não praticar o que diz.

* in jornal "Público" de 31 de agosto de 2018.

Liberal já significou «generoso»; <br> hoje interpreta-se «egoísta»
Mudanças semânticas no discurso polírtico-ideológico em Portugal

«Algumas das palavras mais importantes do nosso vocabulário político mudaram de sentido no século XVIII para adquirirem um significado mais amplo», lembra neste artigo* o historiador Rui Tavares, a propósito do lançamento de um novo partido em Portugal que se reclama de «liberal» – à semelhança de outros dois já existentes, igualmente no espectro ideológico de direita. 

* in  jornal  português "Público". de 22 de agosto de 2018

«Andar à torrina/torrinha/torreira do sol»
Usos diferentes no Alentejo e na Cova da Beira

No Alentejo usa-se a expressão «andar à torrina do sol», similar ao que ocorre na Cova da Beira: «andar à torrinha do sol» e «andar à torreira do sol», também não dicionarizadas. Qual a origem delas?

Palavras mágicas da comunicação

O nome próprio, a saudação «como está?» e as expressões coloquiais «imagine que...», «seria possível?» ou «não se preocupe» são algumas das palavras-chave para uma boa comunicação. «Uma arte» – como escreve a linguista Sandra Duarte Tavares, neste texto transcrito da edição digital da revista Visão, de julho.

A <i>morna</i> e a sua origem
A propósito da candidatura a Património Imaterial da Humanidade

Qual a origem da palavra morna, o género musical mais emblemático de Cabo Verde, cuja candidatura a Património Imaterial da Humanidade  foi oficializada? 

Espeleologia vs. espelunca

A operação de resgate dos 12 jovens e do treinador que ficaram encurralados numa gruta no norte da Tailândia deu visibilidade a um termo por muitos desconhecido: espeleologia.

À volta do substantivo <b>resgate</b>

«Em sentido figurado – como escreve a jornalista Rita Pimenta nesta sua crónica transcrita do jornal "Público" do dia 15/07/2018 –, resgate significa "remissão", isto é, "salvação do género humano"». Foi o que aconteceu na operação que retirou do interior de uma gruta, a norte da Tailândia, 12 rapazes de uma equipa de futebol, juntamente com o seu treinador, que aí tinham ficado presos, durante 18 dias – e que tanto emocionou o mundo.

«Volta à França» é erro de português?

«No caso de "Volta à França", o nome é mais usado assim, com acento, embora também encontre, nalguns jornais, o uso de "Volta a França". Curiosamente, pronunciamos sempre da mesma maneira, pois mesmo sem artigo os dois "aa" ali seguidos transformam-se numa vogal aberta. Coisas da língua falada. (...)»

[Marco Neves, no blogue http://www.certaspalavras.net/volta-a-franca-e-erro-de-portugues/ Certas Palalavras, 4 de julho de 2018]

«Estar a acrescentar»*

«Uma das particularidades mais engraçadas é o prolongamento dos verbos através do acrescento de "estar a" – nota nesta cónica* o colunista e escritor português Miguel Esteves Cardoso. «Está dentro da regra geral de usar um máximo de vocábulos para ocupar um máximo de tempo porque obviamente no jogo da conversa ganha sempre quem fala mais.»

* in jornal "Público" do dia 6 de julho de 2018.