Lamentavelmente, vemo-nos obrigados a descodificar aqui o conceito de “extrema-direita”. Sim, por causa das eleições presidenciais no Brasil e da forte possibilidade de Jair Bolsonaro ser eleito a 28 de Outubro.
Dizem os dicionários: “Ideário político, doutrinário e ideológico, representativo de valores conservadores radicais” e “partido ou conjunto de partidos representativos desse ideário”. Mais: “Conceito genérico que designa um conjunto de partidos, agentes políticos e população que partilha doutrinas, ideologias, orientações ou princípios considerados mais à direita dos tradicionais partidos conservadores, ou mais extremados do que estes.” O mesmo que “ultradireita” ou “ultradireitismo”.
Jorge Almeida Fernandes, no artigo “O projecto autoritário de Bolsonaro: uma hipótese de trabalho”, cita o politógo Jairo Nicolau: “No domingo à noite, vimos um grande partido de direita nascer. Com os votos que obteve e os recursos [públicos] que receberá a partir de 2019, já nasce como um actor central do novo quadro partidário.” E acrescenta: “É uma ‘nova direita’, composta por uma área de extrema-direita, outra da direita ‘pragmática’ e diversos centristas.”
A avaliar por alguns dos nossos leitores brasileiros, Bolsonaro não é de “extrema-direita” é tão-só “conservador”. Exemplo chegado em resposta ao artigo de opinião “O suicídio político de Haddad”, de André Damas Leite. Diz Roger Ramos: “Bolsonaro não é de extrema-direita, ele é conservador. Não tem um plano autoritário, quer liberar a economia brasileira e atrair investimentos. Quer unir o Brasil e pacificar os brasileiros, divididos pelo discurso de ódio de 20 anos de esquerda e extrema-esquerda no Brasil. (…)”
“Extrema-direita” também significa “posição do jogador de futebol que actua na extremidade direita da linha dianteira”. Pena que o assunto aqui não seja bola.