O nosso idioma - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
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Textos de investigação/reflexão sobre língua portuguesa.
A língua na qual Bento de Espinosa, filósofo sefardita, mamou
Um pensador europeu seiscentista que falava português

«Com a questão da nacionalidade portuguesa dos descendentes dos judeus sefarditas na ordem do dia, ocorre-me lembrar que Bento de Espinosa, em cuja concepção de Deus Einstein se revia, falava e pensava em português.»

Artigo incluído no jornal Público em 6 de janeiro de 2022 e da autoria do professor universitário António Bento (Universidade da Beira Interior), que relembra que é praticamente segura a tese de o filósofo Bento (ou Baruch) Espinosa (1632-1677) ter tido o português como língua materna, apesar de viver imerso nas comunidades hebraica e neerlandesa da Holanda do século XVII.

«Como posso ajudar?» Talvez desaparecendo, não?
A intromissão das mensagens automáticas na comunicação digital

«Sem duvidar da utilidade de avaliar (quando necessário) a nossa relação com o mundo das máquinas, nos seus múltiplos parâmetros – e isso pode ser feito de forma seca e eficaz, sem rodriguinhos a fingir que “está ali uma pessoa” –, somos invadidos por idiotices a que apetece dar um berro.»

Crónica do jornalista Nuno Pacheco incluída no jornal Público em 6 de janeiro de 2022, à volta do excesso de mensagens automáticas associadas a aplicações digitais, as quais em vez de facilitarem a comunicação acabam por lhe criar novos problemas.

Tradição
Entre os significados e as ações

Da palavra tradição e dos seus significados em contexto natalício trata a crónica da professora Carla Marques no programa  Páginas de Português, na Antena 2, no dia 26 de dezembro de 2021.

 

Receitas de felicidade para o Ano Novo
E alguns versos de Carlos Drummond de Andrade

«Na festa de Ano Novo, a língua se transmuta em poesia e assume o poder de alterar futuros, de vislumbrar novos começos e grandes conquistas. Assim, palavras como paz, saúde, sucesso, felicidade, luz, alegria, benção, , sorte ganham renovada força e são, em si mesmas, amuletos para os tempos que virão.»

Crónica da linguista  e professora universitária brasileira Edleise Mendes  transnitida no programa Páginas de Português da Antena 2, em 2 de janeiro de 2022. A autora refere-se à força que ganham certas palavras pelo Ano Novo e enumera diferentes tradições e rituais propiciatórios nos países de língua portuguesa – por exemplo, vestir roupa branca no Brasil ou tomar o primeiro banho de mar –, lembrando, com Carlos Drummond de Andrade, que o novo ano está, afinal, dentro de cada pessoa.

Fonte da imagem: Grande Hotel da Barra (acesso em 03/01/2021).

A vitalidade do português de Moçambique
Um processo de afirmação identitária

«Moçambique constitui, entre os países africanos de língua portuguesa, aquele que mais tem progredido na descrição e codificação da sua variedade nacional, graças ao excelente trabalho de uma plêiade de linguistas de renome internacional.»

Crónica da linguista Margarita Correia publicada no Diário Notícias de 20 de dezembro de 2021, sobre a importância que tem o português de Moçambique e o contributo que a sua descrição linguística, a par da criação literária, tem dado à construção da própria identidade moçambicana.

«Morreu <i>de</i> covid» ou «<i>com</i> covid»?<br> Vamos combater as mentiras
Contra a intoxicaçao da opinião pública

«A determinação da causa de morte é um acto médico, que só ao médico diz respeito. Está longe de ser uma ciência infalível, como toda a medicina também não o é. Mas obedece à melhor interpretação dos dados clínicos disponíveis, e é feita com a mesma seriedade com que nos aplicamos na busca de um diagnóstico.»

O médico português intensivista Gustavo Carona contesta o comentador político José Miguel Júdice, que em 21 de dezembro de 2021, na SIC Notícias,  declarou estarem «a morrer pouquíssimas pessoas, e que a maioria é com covid e não de covid». Para Gustavo Carona, trata-se de uma afirmação tóxica para a opinião pública, lesiva da boa comunicação científica, pois despreza os critérios e a responsabilidade dos atos médicos. Artigo incluído em 22 de dezembro de 2021 no jornal Público (mantém-se a ortografia de 1945, adotada pelo original).

Translinguagem
A hibridização linguística na contemporeaneidade

«[O] conceito da translinguagem, oriundo do inglês translanguaging, ajuda-nos a compreender as práticas de linguagem e os modos como os sujeitos contemporâneos transitam entre línguas, construindo seus repertórios linguísticos de acordo com seus interesses de comunicação e de representação no mundo.»

Crónica da linguista Edleise Mendes para o programa Páginas de Português, na Antena 2, em 19 de dezembro de 2021. 

A bela zumalhada
Palavra formada do inglês zoom e do convío à distância entre jovens

Zoom já entrara na língua por imposição das videochamadas generalizadas pelo distanciamento forçado por causa da pandemia. Chega o que dele  resultou... e com a feição portuguesa, pois claro!...

Crónica do escritor Miguel Esteves Cardoso, publicada no jornal  Público do dia 18 de dezembro de de 2021, a seguir transcrita, com a devida vénia ao autor.

Gafarias
Ironias virulentas do «apartheid de viagens» à conta da ómicron

«Investigações imediatamente posteriores ao anúncio sul-africano tropeçaram com a ómicron a circular nos Países Baixos antes da declaração das autoridades sanitárias de Pretória. Ora, espículas!» – ironiza o jornalista e escritor Luis Carlos Patraquim nesta crónica à volta do novo «lazareto que o capitalismo de vigilância expande no palco cibernético». E de como, afinal, «estamos todos em risco de gafeirar».

O doce descobiçar
Um derivado sufiixal que promete certo alívio

«Descobiçar é gozar o alívio de não ter de ir àquele restaurante; o tempo que se ganha em não visitar aquela cidade horrível, muito na moda; o descanso que advém de não vestir aquele casaco; a paz de alma que nasce de continuar a não conhecer aquela pessoa.» Afirma o escritor Miguel Esteves Cardoso numa crónica acerca da descoberta que é sentir-se indiferente aos apelos do consumismo, ao mesmo tempo que explora novos contextos para verbos como folhear, apontar e coçar. Texto publicado em 14 de dezembro de 2021, no jornal Público.