O nosso idioma - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
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Textos de investigação/reflexão sobre língua portuguesa.

A repetição de dois sinais de dois pontos na mesma frase é ou tem sido possível, pelo menos, em textos literários, embora se trate de um uso muito marginal que a maioria dos prontuários, das gramáticas de referência ou dos guias gramaticais não chega a mencionar1. Há, no entanto, algumas pistas históricas que permitem um juízo normativo mais consistente.

Na frase «Estava precioso: tinha fígado e tinha moela: o seu perfume enternecia: três vezes fervorosamente, ataquei aquele caldo.», o uso dos dois pontos não segue a norma.

A obra A Cidade e as Serras foi publicada em 1901, um ano após a morte de Eça de Queirós, que faleceu antes de ter conseguido fazer a revisão total das provas desta obra. Assim, embora na primeira edição a pontuação da frase seja a que é acima transcrita, há edições em que a frase apresenta a seguinte pontuação:

 

Todo mundo aceita que ao homem

cabe pontuar a própria vida:

que viva em ponto de exclamação

(dizem: tem alma dionisíaca);

 

viva em ponto de interrogação

(foi filosofia, ora é poesia);

viva equilibrando-se entre vírgulas

e sem pontuação (na política):

 

o homem só não aceita do homem

que use a só pontuação fatal:

que use, na frase que ele vive

o inevitável ponto final.

 

«A língua é um bem simbólico e parte do património imaterial de um povo certo de que a noção de bem se desdobra em dois sentidos: um sentido jurídico-económico, que sublinha o princípio da riqueza ou do ativo a preservar e a valorizar; um sentido ético-axiológico, que acentua no bem a sua condição de fator de enriquecimento humano, comunitário e identitário (de certa forma e em resumo: fator de felicidade)», defende o professor <a style="font-style: itali...

Marcelo Rebelo de Sousa, no seu habitual espaço dominical de comentário na TVI, acusou o líder do PS de ter feito uma ...

Ainda sobre o que se vai ouvindo e lendo, vale a pena voltarmos à conjugação do verbo reunir, na forma pronominal ou não, e com complemento introduzido pela preposição com.

Vejamos este caso concreto:

«A administração reuniu-se com os funcionários» ou «reuniu com os funcionários»?

A construção correta é «reuniu-se com os funcionários».

A dicotomia correto/incorreto tem sido uma questão amplamente debatida na literatura, encontrando defensores, mas também muitos opositores.

De um lado, situam-se os normativos, puristas da língua, cuja correção linguística decorre do rigoroso cumprimento da norma escrita, fundada no exemplo dos clássicos da literatura. De outro lado, situam-se os linguistas descritivos, que privilegiam a variação linguística, com base na frequência do uso e cuja máxima é «o povo é quem faz a língua». (...)

Enquanto o dicionário Priberam recolhe já – e bem! – a forma aportuguesada nicabe, o véu muçulmano usado pelas mulheres, nem a Infopédia nem o Aulete o registam, ainda. Quanto aos jornais portugueses e brasileiros...

É assim, prontos, então vá
Tiques «um bocado foleiros» do discurso oral

 Algumas palavras e expressões, «que não servem para nada de especial» senão como bengalas e tiques linguísticos caractetrísco do discurso oral mais empobrecido neste texto divertido, da autoria  do jonalista Manuel Halpern – publicado na edição digital do Jornal de Letras, do dia 9 de março de 2012. 

«Parelha de tendência do povo rude para considerar a sua língua como a única de gente, existe nele uma outra, contraditória com esta: é a facilidade infantil com que o povo esquece a própria língua, mal entra em contacto com outra, e logo passa a aprender e a estimar esta com prejuízo da sua. [...] Um deles representa a tendência purista exagerada e fechada, desejosa de fazer voltar a linguagem a modelos antigos e já mortos, tratando-a como se ela fosse uma língua morta – a única língua de gente, digna de ser embalsamada, mumificada [...]. O outro, ao contrário, dá-nos o esquema do homem que a falar, e sobretudo a escrever, se deixa desnacionalizar facilmente, porque não pôde ou não quis aprender bem a sua língua, e por isso a não ama nem respeita.» Texto que reflete sobre a atitude dos portugueses perante a sua língua.