O nosso idioma - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
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Textos de investigação/reflexão sobre língua portuguesa.

Crónica do diretor adjunto do Público, in memoriam de Duda Guennes, que escrevia «com inteligência, sabedoria, brio, amor e humor, coisas nem sempre facilmente conciliáveis». E que, em vida, foi uma «reconhecida “ponte” humana» entre [Brasil e Portugal]».

 

Depois de ter aqui abordado o surgimento no léxico da palavra bloguer e respectiva família, surpreendi no semanário português Expresso, Primeiro Caderno, de 6 de agosto (p. 13), na coluna Gente, o título...

 

Há mais de vinte anos que passo férias na parte antiga da vila de Alvor (Algarve, Portugal) e constato, em boa parte das ruas, a existência de duas toponímias. A mais recente e a mais antiga. Ambas presentes nos painéis de azulejo que identificam os nomes das ruas.

 

Manteve-se a grafia original do texto publicado em Língua Vernácula, de José de Sá Nunes, ed. Livraria da Globo, 1937, pp. 374-376, Porto Alegre.

 

1. A abreviatura é a representação escrita de uma ou mais palavras com a omissão de certas letras, visando economia de tempo e de espaço. Para indicar que se trata de uma abreviatura, utiliza-se o ponto abreviativo: esse ponto indica que houve supressão de letras.

Exemplos:

Palavra ou locução

Abreviatura

artigo

art.º

número

n.º

volume

vol.

por exemplo

p. ex.

se faz favor

s. f. f.

Doutor

Dr.

Senhor

Sr.

Excelentíssimo

Ex.mo ou Exmo.

Sua Excelência

S. Ex.ª

 

Descobri há algum tempo e aqui o assinalei a palavra dividocracia, que veio juntar-se a um vasto conjunto de palavras que integram o elemento de composição -cracia (do grego krátos, -eos, -ous, + o sufixo -ia), significando governo, poder, fo...

A recente tragédia da Noruega, em que um jovem fundamentalista cristão chacinou mais de 80 pessoas, levou os jornais a debruçar-se sobre as ideias contidas num Manifesto que este teria escrito. O Diário de Notícias (de 25 de Julho de 2011, p. 4) apresentou até algumas passagens do mesmo, não sei se com tradução própria, se alheia. E a dado passo surge isto:

«Os europeus nativos devem exigir um período transitório de deseurabificação pública […]»

<i>Memorial do Convento</i>, <br>«uma permanente homenagem à língua portuguesa»

Mal iniciara seu discurso, o deputado embatucou:

— Senhor Presidente: não sou daqueles que...

O verbo ia para o singular, ou para o plural? Tudo indicava o plural.

No entanto, podia perfeitamente ser o singular:

— Não sou daqueles que...

Não sou daqueles que recusam... No plural soava melhor. Mas era preciso precaver-se contra essas armadilhas da linguagem — que recusa? —, ele facilmente caía nelas, e era logo massacrado com um aparte. Não sou daqueles que... Resolveu ganhar tempo:

«Entrámos para o euro há dez anos atrás», «Deveriam ter sido tomadas medidas adequadas há muito tempo atrás»: este tipo de frases ouve-se cada vez mais, havendo quem considere correcta a utilização da palavra atrás como forma de intensificar a ideia de passado.

Ora, expressões do tipo «há anos atrás», «há meses atrás», «há muito tempo atrás» estão incorrectas. Nem podemos sequer considerar que há uma redundância aceitável.