O nosso idioma - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
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Textos de investigação/reflexão sobre língua portuguesa.

Um extracto do Dicionário de Paixões do escritor português João de Melo, sobre a «instituição secreta» do erro ortográfico.

Não conhecem o erro ortográfico?

O maior deles é irreversível. Consiste em não o (re)conhecermos. E esse irreconhecimento fez dele uma instituição secreta.

Crónica do jornalista português Ferreira Fernandes, publicada no Diário de Notícias de 15 de Setembro de 2010, acerca daquilo que pode originar uma (divertida) metátese

 

Equívoco 1 Quando está um dia de sol, dizemos que está um dia "solarengo".
Verdade Quando está um dia de sol, dizemos que está um dia soalheiro.

Equívoco 2 Cada um dos caracteres tipográficos designa-se "caracter".
Verdade Cada um dos caracteres tipográficos designa-se carácter.

Equívoco 3 A palavra "açoreano" escreve-se com E, porque deriva de Açores.
Verdade A palavra açoriano escreve-se com I, porque à base açor se associou o sufixo -iano.

(...)

Língua materna vs. língua madrasta. Uma proposta de paz

O escritor angolano José Eduardo Agualusa reflecte sobre a rápida expansão do português em Angola, após a independência, propondo o uso dos idiomas nacionais na literatura desse país.

 

 

O líder do PSD, Pedro Passos Coelho, fez de improviso, no passado dia 5 de Setembro, o seu discurso de encerramento na Universidade de Verão 2010 deste partido português, em Castelo de Vide. A dada altura do mesmo, refere: «O PSD não pautua o seu comportamento para agradar ao Partido Socialista» (cfr. passagem do vídeo entre os minutos 30 e 31).

Paulo J. S. Barata comenta o uso que se faz em Portugal das expressões taxa moderadora e Scut.

A linguagem mantém quase sempre resquícios do seu valor denotativo, mesmo quando este é sobrepujado pelo valor conotativo, adquirindo outros sentidos e cambiantes. É, pois, quase sempre possível reconhecer, através da análise contextual, por muito mascarado que esteja pelas conotações que entretanto adquiriu, o valor denotativo da linguagem.

A expressão correcta é «círculo vicioso».

De acordo com alguns dicionários, esta expressão designa uma sucessão, geralmente ininterrupta, de acontecimentos que se repetem e voltam sempre ao ponto de origem, colidindo sempre com o mesmo obstáculo.

Na doutrina de Aristóteles, esta expressão designa uma falha lógica que consiste em alcançar dedutivamente uma proposição por meio de outra que, por sua vez, não pode ser demonstrada senão através da primeira.

O relativo onde é, muitas vezes, usado incorrectamente, dando origem a um erro sintáctico que passa despercebido aos olhos menos atentos.
As frases seguintes contêm exemplos deste erro tão comum:

1 – *«Este foi o jogo onde a nossa equipa obteve melhores resultados.»
2 – *«Ninguém faltou à reunião onde se aprovou o novo regulamento.»
3 – *«O negócio onde se envolveram foi pouco lucrativo.»

Onde </s...

Hoje em dia, parece provocar pânico geral o uso da forma mais bem, pelo que muita gente opta pela solução que considera mais correcta, mais segura, mais elegante, até: melhor.

Nada contra o uso desta forma. Mas também nada contra o uso da primeira. O pior é quando uma e outra são erradamente usadas...

(...)

Um texto da autora de Romanceiro da Inconfidência, quando a reforma ortográfica de 1943 a levou a ter de trocar o (até aí) tradicional Meirelles pelo novo Meireles

 

Muita gente me pergunta se deixei de escrever o meu sobrenome com letra dobrada devido à reforma ortográfica; e quando estou com preguiça de explicar, digo que sim. Mas hoje tomo coragem, abalanço-me a confessar a verdade, que talvez não interesse senão aos meus possíveis herdeiros.