O nosso idioma - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
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Textos de investigação/reflexão sobre língua portuguesa.
Saramago, o escritor que brinca com a pontuação
Como o Nobel português da Literatura inovou no uso do ponto final e da vírgula

«O prémio Nobel da Literatura português inovou na maneira como utiliza o ponto final e a vírgula – ele prefere chamar-lhe os sinais de pausa –, marcando a frase com um outro ritmo dado pela oralidade» – escreve neste artigo* a jornalista Isabel Coutinho, assinalando como «Saramago subverteu a norma», pondo «tudo em estado de desordem, revolucionou». Algo «claramente inovador da sua obra», mas, não isento de controvérsia.

* in jornal Público do dia 23 de Abril de 2008, que a seguir se transcreve, com a devida vénia e conforme a norma ortográfica do original. 

O Notícias Magazine (suplemento do Diário de Notícias) trazia no mês passado (15/3/08) uma reportagem que divulgava um trabalho de uma equipa de investigadores da Universidade de Aveiro intitulado «As imagens das línguas na comunicação intercultural». Dos inquéritos que presidiram a este trabalho constava a pergunta: «Se pudesse, abandonaria a sua língua?», ao que cerca de 20% dos inquiridos responderam «sim».

À volta da(s) pronúncia(s) e da acentuação
Segundo a norma-padrão

O falar de cada região em Portugal, abordado neste artigo da autoria da professore Maria Regina Rocha, transcrito, com a devida vénia, do Diário do Alentejo do dia 11 de Abril de 2008, na coluna A Vez… ao Português.

A propósito das recentes eleições no país vizinho, falou-se frequentemente da «balcanização da Espanha». Já antes se tinha alertado para a «balcanização do Congo» e se anteviu a «balcanização do Iraque».

Balcanizar e balcanização são palavras recentes na língua e já constam de alguns dicionários.
Estes termos assentam na longa história dos Balcãs — vasta região montanhosa que, em diferentes zonas, serviu ...

A Primavera e as estações do ano (primavera pós-AO90)

Sobre as estações do ano* e a Páscoa neste texto da autoria de Maria Regina Rocha, transcrrito  do Diário do Alentejo de 28 de Março de 2008, na coluna A vez... do Português.

 

[N.E. – (21/03/2017) Com as novas regras do Acordo Ortográfico de 1990* tal como os nomes dos dias da semana e dos meses, os das estações do ano passaram a escrever-se com inicial minúscula. Portanto: «A primavera e as estações do ano» é como deve ser conforme a norma ortográfica  de 1990. Do mesmo modo, atual passou a escrever-se sem o c intercalado. Cf b) do ponto 1 da Base XIX: Das Minúscuslas e  Minúsculas +  Base IV Das sequências consonânticas]

Sobre a Vírgula

Texto da campanha promocional que assinalou os 100 anos da Associação Brasileira de Imprensa (ABI). Sob o lema, “ABI: 100 anos lutando para que ninguém mude uma vírgula da sua informação”, também se encontra disponível em vídeo. Aqui.

1. Ouviu-se, num programa de televisão recentemente transmitido ["Prós e Contras", RTP 1, de 10 de Março de 2008], referir a «aderência aos processos democráticos». Aderência ou adesão: qual o termo a utilizar neste caso?

As palavras adesão e aderência são muitas vezes consideradas sinónimas, pois ambas exprimem a ideia de ligação. Utilizam-se, no entanto, em contextos diferentes.

Por exemplo, deverá dizer-se «a adesão do público português aos filmes», e não «a aderência do público aos filmes».

«A empresa tinha aceite» uma determinada proposta, ouviu-se (…) num noticiário. «Tinha aceite» ou «tinha aceitado»? «Tinha entregue» ou «tinha entregado»? «Tinha eleito» ou «tinha elegido»?

A dúvida pode surgir porque estes verbos têm dois particípios passados, um regular, com a terminação em -ado ou em -ido (aceitado, entregado, elegido), e um irregular, reduzido (aceite, entregue, eleito). Existindo as duas formas, vamos, então, ver em que situações se utilizam.

A lexicografia começou a estruturar-se como disciplina linguística desde a primeira metade do século XVI, em vários centros humanísticos europeus. Foi inicialmente motivada pelas solicitações do ensino do latim como língua não materna, e encontrou na técnica tipográfica uma condição determinante para a sua configuração e difusão.

Num artigo do último número do Diário do Alentejo, em que se evocam acontecimentos relacionados com o 25 de Abril — um espaço de memória —, são utilizadas duas palavras e uma expressão cuja história vale a pena conhecer: dias antes daquela data histórica, um repórter francês «aboletara-se» num hotel situado no Rossio [praça de Lisboa], dado ter tido conhecimento de um comunicado em que se afirmava que jovens oficiais portugueses tinham decidido «passar o Rubicão».