Controvérsias - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Início Português na 1.ª pessoa Controvérsias
Polémicas em torno de questões linguísticas.
As palavras e o dicionário de Paulina Chiziane
Catinga e outros vocábulos de marca colonial e racista

«Nos relatos mediáticos do discurso proferido pela escritora Paulina Chiziane na cerimónia de entrega do Prémio Camões 2021, a escritora moçambicana defendeu a necessidade de descolonizar a língua portuguesa, visto haver definições de dicionário que inscrevem conceções preconceituosas coloniais, racistas e sexistas» – refere o consultor Carlos Rocha, que apresenta um conjunto de breves notas sobre a dicionarização de catinga, matriarcado, patriarcado, palhota e mulher.

Da língua portuguesa ideal<br> à língua portuguesa real
Em contexto da diversidade linguística e cultural de Angola

«É necessário assumirmos que o português angolano possui características próprias, porque se assim não fosse, os professores teriam domínio das regras fixas da gramática tradicional que tem sido o lugar de engano da língua portuguesa», sustenta o autor, neste artigo de opinião publicado no Jornal de Angola do dia 7 de maio de 2023. Escrito conforme a norma ortográfica de 1945, a seguida oficialmente neste país da CPLP.

 

O inglês, língua universal: sim ou não?
Duas posições divergentes

Discordante com a resposta "Língua universal, língua mundial, língua franca", da autoria de Inês Gama, o advogado e esperantólogo Miguel Faria de Bastos escreveu o texto "Não há língua universal alguma". Uma controvérsia continuada com a réplica "Qual o estatuto do inglês nos dias de hoje?" e com a tréplica  "Um mundo anglofonizado" .

Um mundo anglofonizado
Resultante do impasse no diálogo interétnico internacional

«Seja qual for o critério a usar para determinação duma língua veicular e legenda, uma conclusão sobressai, logo à partida: colocar o Inglês no fim da lista», considera o advogado e esperantista Miguel Faria de Bastos, na tréplica que assina na controvérsia O inglês, língua universal: sim ou não?

 

[Sobre esta controvérsia, O inglês, língua universal: sim ou não?, vide os textos anteriores: Não há língua universal alguma e Qual o estatuto do inglês nos dias de hoje?]

Os falantes são os donos da língua
Contra o género neutro nas escolas do Brasil

«A língua não muda de fora para dentro ou de cima para baixo: ela muda porque nós, os falantes, mudamos. Nada impedirá a língua de fluir (não há barragem capaz de contê-la); nada a desviará arbitrariamente de seu curso», escreve* o arquiteto e escritor brasileiro Eduardo Affonso, a propósito da querela sobre a adoção da linguagem neutra de algumas escolas do país.

Artigo, transcrito, com a devida vénia, do jornal  O Globo do dia 29 de abril de 2023.

Qual o estatuto do inglês nos dias de hoje?
A situação atual da língua inglesa no mundo

«[S]e tivermos em consideração que, atualmente, o inglês é a língua mais usada pelos falantes do mundo inteiro, uma vez que conta com 1,75 milhões de falantes (cerca de ua em quatro pessoas no mundo), de um ponto de vista comunicativo, é lícito utilizar a expressões língua mundial e língua universal para designar a situação atual deste idioma» – escreve Inês Gama, consultora do Ciberdúvidas, num texto em que reflete sobre a situação atual da língua inglesa, a propósito do texto «Não há língua universal alguma» do advogado e esperantólogo Miguel Faria de Bastos.

 [Sobre esta controvérsia, O inglês, língua universal: sim ou não?, vide os textos: Não há língua universal alguma e Um mundo anglofonizado]

Não há língua universal alguma
Porque nenhuma está ou foi reconhecida pela ONU

«Não há línguas universais de Direito, porque nenhuma está ou foi reconhecida oficialmente como língua de todo o planeta», escreve neste texto o advogado e esperantólogo Miguel Faria de Bastos, em discordância com as considerações expressas na resposta intitulada "Língua universal, língua mundial, língua franca", com a data de 14 de abril de 2023.

 

 

A linguagem neutra nas escolas brasileiras
Sobre a proibição do género neutro no ensino

O teor do Projeto de Lei 198/2023, que tramita na Câmara dos Deputados do Brasil e procura alterar a Lei de Diretrizes e Bases na Educação para proibir a linguagem neutra nas escolas, está na base da reflexão de David Nogueira Lopes, especialista brasileiro em Direito. 

Não são abusos, são crimes
As palavras como reflexo de mentalidades e de estruturas

«Abusar é utilizar mal, utilizar em excesso, sem colocar em causa a questão da propriedade ou de uma "utilização normal". Ora, em momento algum a violência física, sexual, independentemente do grau de gravidade, contra crianças é "normal", e estas não são propriedade da Igreja. Não se pode abusar de um direito que não se tem.»

Artigo da professora Luísa Semedo, transcrito do jornal português Público do dia 23 de março de 2023,  a propósito da expressão eufemística de «abusos sexuais», sejam os que envolvem sacerdotes ou os relacionados com as violências sexuais contra mulheres. 

A falsa promessa do ChatGPT
Como a Inteligência Artificial codifica uma concepção errónea da linguagem e do conhecimento

«Para ser útil, o ChatGPT deve ter o poder de gerar resultados inovadores; para ser aceitável para a maioria dos seus utilizadores, deve manter-se afastado de conteúdos moralmente censuráveis. Mas os programadores do ChatGPT e outras maravilhas da aprendizagem automática (machine learning) têm tido dificuldades – e continuarão a ter – em alcançar este tipo de equilíbrio.»

Artigo dos linguistas Noam ChomskyIan Roberts e do especialista em inteligência artificial Jeffrey Watumull sobre o ChatGPT, publicado no dia 8 de março de 2023 no New York Times.