Controvérsias - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
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Polémicas em torno de questões linguísticas.
Os
Sobre variação e norma no Brasil

 «O Brasil tem dezenas de variantes linguísticas que podem até, em casos extremos, dificultar a intercompreensão. É tolice abordar esse tema sob um viés nacionalista. Justamente por causa dessa grande variedade de falares, nós brasileiros temos necessidade absoluta de uma língua-teto estável e normatizada.»

A utilidade de identificar e definir usos normativos, face à enorme variação popular e regional da língua portuguesa no Brasil, é o tema do artigo de opinião do colunista José Horta Manzano publicado originalmente no Correio Braziliense em 2011 e novamente divulgado em 25 de maio de 2023 no blogue Diário de um Linguista, de Aldo Bizzocchi.

A língua, condicionante do pensamento?
Uma ideia muito alardeada mas pouco rigorosa

«Na Alemanha do século XIX falava-se da língua como se de um ser vivo, com alma, se tratasse. Ela captava o espírito (Geist) de um povo, mas tinha como que vida própria. No início do século XX, foi nos Estados Unidos da América que Edward Sapir, e depois o seu discípulo Benjamin L. Whorf, deram finalmente corpo à hoje chamada "hipótese de Sapir-Whorf", que gozou durante muitos anos de enorme popularidade entre antropólogos e linguistas.»

Considerações do escritor e professor universitário Onésimo Teotónio Almeida sobre a relação entre língua e pensamento, com breve referência ao impacto da hipótese Sapir-Whorf em ensaios de alguns intelectuais portugueses, entre os quais se conta Eduardo Lourenço (1923-2020). Transcreve-se com a devida vénia um excerto do capítulo "Reflexões sobre a língua – o que ela não é nem pode ser", do livro A Obsessão da Portugalidade (Lisboa, Quetzal, 2017, pp. 98-104). Título e subtítulo atribuídos pelo Ciberdúvidas.

O “galego” é sempre “português”
O que falam todos os galegofalantes

«O que falam os habitantes galegofalantes numa  comunidade de qualquer lugar da Galiza (também no Norte) é, simplesmente por ser “galego”, já português» – sustenta o professor e filólogo José-Martinho Montero Santalha num artigo de opinião a respeito das conclusões a retirar das semelhanças detetáveis entre os dialetos galegos e as variedades do português. Texto publicado em 4 de maio de 2023 no Portal Galego da Língua e aqui transcrito com a devida vénia, com algumas adaptações.

O <i>pelé</i> do disparate na lexicografia
Sobre a dicionarização do nome próprio Pelé

«Minha preocupação aqui, meus amigos, se dá pela arbitrariedade do referido dicionário em incluir uma palavra em sua composição lexical baseada numa campanha e/ou num abaixo-assinado» – argumenta Rafael Rigolon num artigo de opinião em que tece críticas ao registo de pelé como nome comum e suposto (erroneamente) adjetivo no Michaelis – Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa (ver Notícias). Texto transcrito, com a devida vénia, do mural Língua e Tradição (Facebook, 29 de abril de 2023).

As palavras e o dicionário de Paulina Chiziane
Catinga e outros vocábulos de marca colonial e racista

«Nos relatos mediáticos do discurso proferido pela escritora Paulina Chiziane na cerimónia de entrega do Prémio Camões 2021, a escritora moçambicana defendeu a necessidade de descolonizar a língua portuguesa, visto haver definições de dicionário que inscrevem conceções preconceituosas coloniais, racistas e sexistas» – refere o consultor Carlos Rocha, que apresenta um conjunto de breves notas sobre a dicionarização de catinga, matriarcado, patriarcado, palhota e mulher.

Da língua portuguesa ideal<br> à língua portuguesa real
Em contexto da diversidade linguística e cultural de Angola

«É necessário assumirmos que o português angolano possui características próprias, porque se assim não fosse, os professores teriam domínio das regras fixas da gramática tradicional que tem sido o lugar de engano da língua portuguesa», sustenta o autor, neste artigo de opinião publicado no Jornal de Angola do dia 7 de maio de 2023. Escrito conforme a norma ortográfica de 1945, a seguida oficialmente neste país da CPLP.

 

O inglês, língua universal: sim ou não?
Duas posições divergentes

Discordante com a resposta "Língua universal, língua mundial, língua franca", da autoria de Inês Gama, o advogado e esperantólogo Miguel Faria de Bastos escreveu o texto "Não há língua universal alguma". Uma controvérsia continuada com a réplica "Qual o estatuto do inglês nos dias de hoje?" e com a tréplica  "Um mundo anglofonizado" .

Um mundo anglofonizado
Resultante do impasse no diálogo interétnico internacional

«Seja qual for o critério a usar para determinação duma língua veicular e legenda, uma conclusão sobressai, logo à partida: colocar o Inglês no fim da lista», considera o advogado e esperantista Miguel Faria de Bastos, na tréplica que assina na controvérsia O inglês, língua universal: sim ou não?

 

[Sobre esta controvérsia, O inglês, língua universal: sim ou não?, vide os textos anteriores: Não há língua universal alguma e Qual o estatuto do inglês nos dias de hoje?]

Os falantes são os donos da língua
Contra o género neutro nas escolas do Brasil

«A língua não muda de fora para dentro ou de cima para baixo: ela muda porque nós, os falantes, mudamos. Nada impedirá a língua de fluir (não há barragem capaz de contê-la); nada a desviará arbitrariamente de seu curso», escreve* o arquiteto e escritor brasileiro Eduardo Affonso, a propósito da querela sobre a adoção da linguagem neutra de algumas escolas do país.

Artigo, transcrito, com a devida vénia, do jornal  O Globo do dia 29 de abril de 2023.

Qual o estatuto do inglês nos dias de hoje?
A situação atual da língua inglesa no mundo

«[S]e tivermos em consideração que, atualmente, o inglês é a língua mais usada pelos falantes do mundo inteiro, uma vez que conta com 1,75 milhões de falantes (cerca de ua em quatro pessoas no mundo), de um ponto de vista comunicativo, é lícito utilizar a expressões língua mundial e língua universal para designar a situação atual deste idioma» – escreve Inês Gama, consultora do Ciberdúvidas, num texto em que reflete sobre a situação atual da língua inglesa, a propósito do texto «Não há língua universal alguma» do advogado e esperantólogo Miguel Faria de Bastos.

 [Sobre esta controvérsia, O inglês, língua universal: sim ou não?, vide os textos: Não há língua universal alguma e Um mundo anglofonizado]