Controvérsias - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
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Polémicas em torno de questões linguísticas.
Não há língua universal alguma
Porque nenhuma está ou foi reconhecida pela ONU

«Não há línguas universais de Direito, porque nenhuma está ou foi reconhecida oficialmente como língua de todo o planeta», escreve neste texto o advogado e esperantólogo Miguel Faria de Bastos, em discordância com as considerações expressas na resposta intitulada "Língua universal, língua mundial, língua franca", com a data de 14 de abril de 2023.

 

 

A linguagem neutra nas escolas brasileiras
Sobre a proibição do género neutro no ensino

O teor do Projeto de Lei 198/2023, que tramita na Câmara dos Deputados do Brasil e procura alterar a Lei de Diretrizes e Bases na Educação para proibir a linguagem neutra nas escolas, está na base da reflexão de David Nogueira Lopes, especialista brasileiro em Direito. 

Não são abusos, são crimes
As palavras como reflexo de mentalidades e de estruturas

«Abusar é utilizar mal, utilizar em excesso, sem colocar em causa a questão da propriedade ou de uma "utilização normal". Ora, em momento algum a violência física, sexual, independentemente do grau de gravidade, contra crianças é "normal", e estas não são propriedade da Igreja. Não se pode abusar de um direito que não se tem.»

Artigo da professora Luísa Semedo, transcrito do jornal português Público do dia 23 de março de 2023,  a propósito da expressão eufemística de «abusos sexuais», sejam os que envolvem sacerdotes ou os relacionados com as violências sexuais contra mulheres. 

A falsa promessa do ChatGPT
Como a Inteligência Artificial codifica uma concepção errónea da linguagem e do conhecimento

«Para ser útil, o ChatGPT deve ter o poder de gerar resultados inovadores; para ser aceitável para a maioria dos seus utilizadores, deve manter-se afastado de conteúdos moralmente censuráveis. Mas os programadores do ChatGPT e outras maravilhas da aprendizagem automática (machine learning) têm tido dificuldades – e continuarão a ter – em alcançar este tipo de equilíbrio.»

Artigo dos linguistas Noam ChomskyIan Roberts e do especialista em inteligência artificial Jeffrey Watumull sobre o ChatGPT, publicado no dia 8 de março de 2023 no New York Times.

Camões I.P., Instituto da Língua?

«Dado o desaparecimento em combate da ação do  [Instituto] Camões em relação à língua, por contraste com o seu grande dinamismo na cooperação, conclui-se que as ONG não tinham razão em temer o futuro. A quem trabalha com a língua portuguesa, resta desejar melhores dias para a sua gestão, que tão maltratada anda.»

Artigo da linguista e professora universitária Margarita Correia sobre o Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, I. P, publicado no dia 20 de março de 2023 no Diário de Notícias

Os brasileiros «têm meia língua portuguesa»?
Quando as palavras são motivo de discriminação

«Quando falamos de português europeu e português brasileiro, estamos a falar de "duas variedades linguísticas" — o que mostra que "a língua é uma definição algo abstracta e, neste caso, vemos como a língua portuguesa pode ter diversas cores"» – lê-se num trabalho da jornalista Mariana Durães sobre o preconceito linguístico observado em Portugal a respeito das variedades regionais do Brasil e até mesmo da norma culta deste país. Texto transcrito com a devida vénia do jornal Público, de 5 de maio de 2021, mantendo-se a norma ortográfica de 1945 do original.

 

 

Xenofobia linguística
Por uma Améfrica, indígena e afrodiaspórica

«Queiram ou não queiram os juízes da língua-pura-portuguesa, não há mais espaço para discriminação e preconceito.» Premissa com que inicia o seu artigo, a advogada Madalena Rodrigues, acerca da xenofobia linguística, publicado no dia 19 de novembro de 2021, no suplemento P3 do jornal Público

Do assédio como problema social
O caso universitário em Lisboa

«Aquilo a que se pode chamar "prática de assédio" conjuga uma série de comportamentos (e.g. abuso, perseguição, insultos, difamação, destruição da confiança e do amor próprio, culpabilização da vítima, agressões físicas e sexuais, retaliações sobre a vítima e pessoas próximas) tão desprezíveis que o termo (do latim obsidiu –, pelo italiano assedio) chega a parecer demasiado frágil para tanta carga.»

Artigo de opinião que a linguista e professora universitária Margarita Correia assinou no Diário de Notícias de 6 de março de 2023, a propósito do encontro Assédio na ULisboa: conceitos, causas, intervenientes, realizado em 27 de fevereiro de 2023.

Porto Editora, descolonize-se
O eurocentrismo nos manuais escolares de História em Portugal

«Seria cómico se não fosse trágico, pois no pano de fundo temos a chegada das naus e navegadores portugueses às terras que viriam a ser o Brasil. Festa? Mas quem é que tem a ideia peregrina de chamar àquilo uma “festa”?»

 Artigo da professora e investigadora portuguesa Cristina Roldão, criticando o conteúdo e ilustração  do manual escolar de História e Geografia HGP em Ação, 5.º ano, da Porto Editora. In jornal Público de 2 de março de 2023.

Limpar livros de pecados linguísticos, <br> ou o elogio da estupidez
A higienização da literatura

«Atualmente, presumo, deve ler-se livros para estupidificar. Os leitores não podem ser confrontados com o que é ofensivo e fora das lentes atuais. Não devem aprender que o mundo nem sempre foi como é agora, as circunstâncias políticas e sociais mudam, e o quadro de valores das comunidades evolui. Estão arredados do princípio fundamental da leitura: um texto é sempre construído, e só assim se percebe, dentro do seu contexto.»

Artigo da  economista Maria João Marques, a propósito da decisão de certas editoras de limparem os livros de Roald Dahl e de Ian Fleming de palavras racistas e sexistas, incluído no jornal Público no dia 1 de março de 2023.