Inês Pedrosa - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
Inês Pedrosa
Inês Pedrosa
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Inês Pedrosa (Coimbra, 1962) é uma jornalista e escritora portuguesa. O seu primeiro romance é A Instrução dos Amantes (1992). Nas Tuas Mãos, em 1997, valeu-lhe o Prémio Máxima de Literatura, e Fazes-me Falta, em 2003, consolidou-a como uma das principais romancistas da atualidade. Ganhou o Prémio Máxima de Literatura com Os Íntimos (2010).

 
Textos publicados pela autora

Os exames nacionais do ensino básico (9.º ano) e secundário (12.º ano), edição de 2008, foram fortemente criticados por várias associações e especialistas de diferentes áreas do saber. A crónica de Inês Pedrosa publicada no Expresso e reproduzida abaixo faz uma análise crítica dos exames de língua portuguesa.

 

 

Os poderosos gostam de dizer que os outros não são «os donos» das coisas sobre as quais eles decidem. É redundante, e um bocadinho estúpido, e, precisamente por isso, funciona — pelo menos intimida. Os escritores, por exemplo, não são «os donos» da Língua — e não se vai cancelar um acordo ortográfico só pelo amor serôdio que alguns escribas dedicam a consoantes mudas e outras chinesices (por alguma razão o Prós e Contras que a RTP dedicou [no dia 14 de...

A expressão "acordo ortográfico" provoca-me um cansaço fulminante. Quando alguma coisa me decepciona muito, adormeço. Num minuto, esteja onde estiver, o que espanta os próximos, que me conhecem como insone militante. Um psicanalista explicou-me que se trata de uma reacção saudável do inconsciente. Útil, pelo menos, tem sido. Mas nesta questão da ortografia, sempre que abro os olhos, vejo mais uma figura da cultura portuguesa bradando contra "o colonialismo dos ex-colonizados". Urrando contra ...

Arrepia-me ouvir sequestro ser pronunciado como queque

Não serve para nada, o «c» de afecto – a não ser para abrir um «e», coisa de somenos. Por isso, vai deixar de existir, oficialmente, a partir do próximo mês de Janeiro. Para mim, a língua sempre foi esse lugar onde as coisas que não servem para nada podem existir silenciosamente, transformando aquilo que serve para tudo. Um lugar preciso e atópico. Diria: o lugar da utopia, se esta palavr...