Se assumirmos que o inglês é uma língua falada internacionalmente, sendo aprendida como língua segunda ou língua estrangeira1 por uma grande parte de falantes, então, podemos considerar que é uma língua universal e/ou mundial.
Na literatura especializada, não se deteta o uso das designações língua universal e língua mundial, todavia, a Wikipédia portuguesa considera que as expressões língua universal e língua mundial são sinónimas, sendo empregadas para descrever situações em que uma determinada língua é falada por «um grande número de falantes (nativos ou como língua estrangeira ou segunda) e usada em organizações internacionais e relações diplomáticas». No passado, línguas como grego clássico ou o latim foram línguas universais dada a relevância dos seus impérios; hoje em dia poder-se-á considerar que o inglês é a língua que assumiu essa importância, resultado da extensão do poder colonial britânico, que teve o seu ápice no final do século XIX, e da hegemonia dos Estados Unidos como potência económica no século XX.
Para se impor como língua global, um idioma deve ter um papel especial e reconhecido em todo o mundo. Segundo Marisa Grigoletto no artigo «O inglês na atualidade: uma língua global», a língua inglesa tem o estatuto de língua oficial em mais de setenta países. Nestes territórios, o inglês é usado na administração pública, na educação, no sistema judicial ou nos órgãos de comunicação. Além disto, o inglês é também a língua mais ensinada como língua estrangeira no mundo e é o principal idioma de comunicação em setores, como por exemplo, a aviação, o intercâmbio científico e as novas tecnologias de informação e comunicação. Todavia, nos últimos anos, a situação hegemónica do inglês tem sido desafiada pelo crescimento de outras línguas, tanto em situações de posição estratégica no mundo, quanto em número de falantes, como por exemplo, o mandarim ou o espanhol.
Nas gramáticas e obras mais tradicionais, a designação que se usa para descrever uma língua que é utilizada por diferentes falantes para comunicar nas suas relações socias, diplomáticas e comerciais é língua franca. Portanto, tendo em conta a situação do inglês nos dias de hoje e seguindo as descrições presentes nas gramáticas tradicionais, o mais correto será considerar o inglês como língua franca ou língua franca universal.
1. Segundo Isabel Leiria em «Português língua segunda e língua estrangeira: investigação e ensino», a língua segunda corresponde a uma língua não materna que numa determinada comunidade possui um estatuto sociopolítico definido, podendo ser uma das línguas oficiais do país, sendo ensinada nas escolas e possui um papel crucial dentro das fronteiras territoriais onde é utilizada. Já uma língua estrangeira corresponde a um sistema linguístico que é aprendido, sobretudo, em contexto formal, e é tipicamente utilizado numa comunidade onde essa língua não possui um estatuto sociopolítico definido.
N.E. (18/04/2023) — Discordante com esta resposta, recebemos do advogado Miguel Faria de Bastos o texto intitulado Não há língua universal alguma, disponível na rubrica Controvérsias, assim como o respetivo desenvolvimente da querela.