Controvérsias - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Início Português na 1.ª pessoa Controvérsias Funções sintáticas: sujeito e complemento direto
Polémicas em torno de questões linguísticas.

Na frase «Não se embarca tirania neste batel divinal», o termo tirania é o sujeito.

Trata-se da realização da voz passiva em português com a partícula apassivante se. No Dicionário Terminológico, é referido o emprego da partícula se como «marcador de uma estratégia de passivização (valor passivo – ocorrendo exclusivamente na terceira pessoa)», sendo dado o seguinte exemplo: «Dizem-se coisas estranhas neste país.»

Por Virgílio Dias

[Sobre a reposta de Sandra Duarte Tavares, A função sintática de tirania:]

Não há justificação nenhuma para imaginar que, na frase «não se embarca tirania neste batel divinal», «tirania» seja complemento directo.

O «se» só pode ser sujeito em orações reduzidas. Bem sei que há uma gramática de referência que autoriza tal interpretação. Mas… aliquando dormitat Homerus.

A propósito desta controvérsia [sobre a função sintática da palavra tirania na frase de Gil Vicente «Não se embarca tirania neste batel»] mantenho-me firme na minha convicção de que estamos perante um caso de ambiguidade entre a função de sujeito e a de complemento direto, dependendo da interpretação do se.

Os argumentos aduzidos por Maria Regina Rocha têm muita validade e eu não discordo de nenhum deles. Mas…

Se os analisarmos com atenção, todos os exemplos dados estão no plural:

A consulente Sofia Carreira perguntou ao Ciberdúvidas:

«Na frase de Gil Vicente "Não se embarca tirania neste batel divinal», a palavra tirania parece-me óbvio ser um complemento direto. Mas há quem defenda que se trata do sujeito (que eu consideraria nulo indeterminado). Será que nos poderiam esclarecer?»