Controvérsias - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Início Português na 1.ª pessoa Controvérsias
Polémicas em torno de questões linguísticas.
Sobre o significado do termo <i>epistemologia</i> em filosofia
Por Thomas Holland

Um consulente, que assina Thomas Holland, entendeu contestar a definição que, em duas perguntas – "Epistemólogo" e  "O significado de 'obstáculo etimológico'" –, se faz de epistemologia. As observações críticas por ele enviadas assentam numa perspetiva não coincidente, de todo, com outras do mesmo domínio da filosofia [cf. a nota editorial no fim]  – e, nessa medida, ultrapassando de algum modo o esclarecimento linguístico, como era o caso das duas respostas em causa. Fica o essencial, nesta rubrica do Ciberdívidas, em que se acolhe todo o tipo controvérsias relacionadas com a língua portuguesa.

As várias conceptualizações do termo <i>erro</i>

Réplica de Miguel Faria de Bastos à divergência de Gonçalo Neves expressa no artigo A tradução do inglês error por erro – que contestava o que, sobre essa passagem, o autor escrevera anteriormente no texto Inverdade e mentira + erro e desacerto, na linguagem jurídica.

A tradução do inglês  <i>error</i> por <i>erro</i>

Inverdade e mentira + erro e desacerto, na linguagem jurídica, da autoria de Miguel Faria de Bastos, estabelecia a destrinça, na linguagem jurídica, entre o significado de erro e de desacerto.  Uma alusão, no entanto, ao que comummente se traduz na linguagem informática quanto à palavra inglesa error concitou a discordância de outro dos nossos consultores – o latinista e tradutor Gonçalo Neves.

<i>Andamos</i> ou <i>andámos</i>?

O jornalista Nuno Pacheco lembra que, em Portugal, se distingue andamos (presente do indicativo) de andámos (pretérito perfeito do indicativo), e observa: «O andamos, em Portugal, quer dizer que ainda andam; já o andámos remete, de imediato, para um passado indefinido: podem ter andado juntos há meses ou até há anos, mas não andarão juntos agora. A abolição impensada do sinal diacrítico (o acento) cria uma confusão escusada entre passado e presente e troca a clareza pela ambiguidade.» Apontamento transcrito da edição de 30/09/2016 do jornal "Público" – a que juntámos um esclarecimento final sobre esta particularidade regional da pronúncia das citadas formas verbais, em Portugal.

Ainda sobre as siglas e  os acrónimos

Um acrónimo usado em Portugal – SIMAS, que representa Serviços Intermunicipalizados de Água e Saneamento (cf. resposta sobre este tópico) – tem a particularidade de, na sua formação, contar uma letra (M) que é inicial não de palavra, mas de parte da palavra Intermunicipalizados. Será este acrónimo legítimo? D'Silvas Filho regista neste apontamento o que distingue este tipo de abreviações, no quadro da sua própria proposta de classificação (para uma proposta alternativa, ver, por exemplo, siglaacrónimo no Dicionário Terminológico).

Ainda o emprego do ponto abreviativo nos ordinais
Juízo final

«(...) Os métodos de classificação [dos exames dos 9.º e 12.º anos, em Portugal] – que este ano tiveram a lamentável novidade de uma supervisão online, geradora, a meu ver, de um distanciamento maior entre classificadores e de um efeito de obediência muito musculado – são distintos entre docentes, ainda que se tente criar a sensação de que, perante cenários ou exemplos de resposta, descritores de níveis de desempenho e uma mesma resposta de um aluno, a pontuação atribuída por um número invariável de docentes possa ser infalivelmente a mesma. Não é. Em Português não é, nem pode ser. (...)»

[António Jacinto Pascoal, "Público", 31/08/2016]

Uma reflexão sobre o acto de ensinar

«(...) Com a enxurrada de questões inócuas de gramática e exercícios de audição que infantilizam e tornam artificial o próprio acto de ouvir (não percebem que os adolescentes acham ridículo semelhantes práticas de ensino?), e de escrever, este tipo de provas fere de morte o ensino do português (...)», escreve o poeta e ensaista António Carlos Cortez neste artigo-reflexão* sobre os resultados das provas de aferição de Português para 8.º ano de escolaridade, em Portugal.

 

* In jornal Público, com o título "Provas de aferição: para uma reflexão sobre o acto de ensinar". Artigo escrito  segundo a norma de 1945.

O ponto é ou não obrigatório para marcar uma abreviação?

Assinado por João Paes Gameiro, e com o título “Erro no vosso site”, recebemos uma contestação ao que no Ciberdúvidas se tem recomendado quanto à obrigatoriedade do ponto nas abreviaturas – nelas incluídas nas dos numerais cardinais [cf. Textos Relacionados, ao lado]. É o que fica a aqui, na íntegra – com a devida réplica de dois dos nossos consultores que mais têm abordado este assunto, D’Silvas Filho e Maria Regina Rochaaqui e aqui, respetivamente. Leia-se, ainda, o contributo posterior de Guilherme de Almeida, disponível aqui.

Sobre o ponto abreviativo nos ordinais
Por João Paes Gameiro

«(...) Não apenas nossos melhores gramáticos e a própria Academia Brasileira de Letras estampam "3ª edição", "4ª edição", "5ª edição", sem pontos, em suas capas – o próprio Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, instrumento oficial e legal regulador da ortografia da língua, assinado pelos representantes dos governos de todos os países lusófonos, foi inteiramente redigido com ordinais sem pontos (...) Em suma, o próprio Acordo Ortográfico em vigor não usa pontos nos cardinais. De modo que dizer que escrever "quarta" como "4ª" é um erro de português não é sequer "ser mais realista que o rei". É erro, mesmo.»

[Sobre esta controvérsia, O ponto é ou não obrigatório para marcar uma abreviação?, ver ainda; O ponto nas reduções dos ordinais, na tradição do português europeu + Porquê o ponto nas abreviaturas – e já não nas siglas.]