«Não é o gerúndio que provoca o adiamento de um processo, a procrastinação de um serviço público ou a falta de atendimento médico», escreve o linguista brasileiro José Augusto Carvalho, em artigo publicado no jornal “Gazeta”, contestando, a proibição, por decreto do governador de Brasília, do uso do gerúndio no funcionalismo público da cidade. Com este argumento:
«Ao "abolir" o gerúndio (em lugar de aconselhar que se evite o gerundismo), o governador [José Roberto Arruda, do Partido Democrata] mostrou não apenas desconhecimento da língua que fala, mas também confusão entre o mapa e seu território, entre o substantivo "boi" e o animal que leva esse nome, entre a palavra e o seu usuário. Na ótica simplista do sr. Arruda, eliminando-se o gerúndio, eliminam-se também a preguiça e a incompetência dos funcionários e burocratas da sua administração. Se a mesa está quebrada, basta eliminar a palavra "quebrado" do dicionário para que a mesa fique consertada; para que um motor de carro funcione sempre, basta eliminar a palavra "pane" dos dicionários. Para que um funcionário trabalhe, basta eliminar o gerúndio do seu vocabulário.»
Texto completo aqui.
in jornal brasileiro “A Gazeta” de 29 de Outubro de 2007