Como distinguir claramente o complemento do adjetivo introduzido pela preposição por do complemento agente da passiva em orações participiais sem o verbo auxiliar (ser) expresso?
Considerando, por exemplo, as frases:
i) «Cresci acompanhado por uma frase silenciosa.»
ii) «Segundo a cronologia feita por Pessoa, Alberto Caeiro nasceu em 16 de abril de 1889, em Lisboa.»
iii) «A poesia de Pessoa mostra-nos sujeitos dilacerados pela angústia de se sentirem conscientes da sua consciência.»
iv) «A poesia de Caeiro anula o núcleo metafísico do universo poético pessoano, obsessivamente dominado pela ausência de sentido que vê em tudo.»
Diria que na frase i) o constituinte iniciado por por constitui um complemento do adjetivo, mas, relativamente às restantes, tenho reservas.
A minha grande dúvida reside no facto de, nas construções passivas participiais, o verbo principal no particípio se assemelhar a um adjetivo, pelo que o segmento que se lhe segue, embora semanticamente possa sugerir o agente da ação, funciona sintaticamente como complemento do adjetivo. Como se pode identificar inequivocamente cada um dos complementos?
Agradeço, desde já, a atenção dedicada à minha questão.
Qual a diferença entre os verbetes preço e preçário? Através de uma pesquisa vi que alguns sites usam preço e outros preçário, mas não consegui entender em que situação se usa um ou outro.
Tenho um colega que documenta a maneira como as pessoas falam em uma vila. Lá, há pessoas que costumam usar «pá pá pá». Elas fazem construções como:
«Encontrei fulana no mercado e ela disse que está muito feliz, que seu filho estuda Medicina, que a namorada dele é linda e "pá-pá-pá".»
Qual seria a melhor maneira de classificar este tipo de construção? Há alguma figura de linguagem que se enquadre nesse caso?
Não poucas vezes, ouvi dizer, de brasileiros, “abissurdo” ou inguinorante”, mas sempre levei estes casos de anaptixe[1] à conta de agramaticalidades tipicamente brasileiras (tanto quanto sei, de origem africana ou mesmo angolana).
Quando, porém, ouvi senadores a pronunciarem o impeachment como “impichiment”, na sessão do Senado em que foi votada a exoneração da Presidente Dilma Roussef, perguntei-me se se tratava duma agramaticalidade ou, antes, de um brasileirismo, já enraizado na variedade brasileira do português. Agora, no discurso de tomada de posse de Jair Bolsonaro, ouvi-o dizer “corrupição” em vez de corrupção.
Gostava de saber, do Ciberdúvidas, se esta anaptixe é uma agramaticalidade fonética ou é um brasileirismo, já registado como aceite na variedade brasileira do português.
[1 N. E. – O termo anaptixe denomina «[a] epêntese de vogal no interior de um grupo consonantal (p.ex.: latim febrariu > português fevreiro > fevereiro; tramela > taramela; no português informal do Brasil, diz-se peneumonia por pneumonia, adevogado por advogado); suarabácti» (Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, 2001). Por epêntese, entende-se a inserção de qualquer som no meio de palavra (português antigo cheo > português contemporâneo cheio; latim stella > português estrela) ou entre palavras (a água > português regional a i água) – Cf. Dicionário Terminológico. Segue- se a resposta da professora brasileira Eliene Zlatkin, a quem agradecemos o contributo.]
Ao consultar dicionários estrangeiros, notei algo que me tem deixado intrigado: diversas das palavras que costumamos chamar conjunções na gramática do português são denominadas advérbios em inglês, alemão e francês. Em inglês são encontradas às vezes como sentence adverbs ou conjunctive adverbs. Refiro-me a algumas conjunções coordenativas adversativas e conclusivas.
Por que seguimos chamando de conjunções palavras como portanto e entretanto? Temos alguma justificativa teórica para tanto ou é apenas tradição?
O que me leva a pensar o seguinte: quais seriam os critérios para classificar vocábulos semanticamente parecidos como conjunção e advérbio nessas outras línguas e não por aqui (ex.: but/conjunção x however/advérbio; mas, contudo/conjunção)? Apenas a mobilidade e a possibilidade de coocorrência (ainda que somente no registro informal)?
Desde já, agradeço.
Na frase «O homem foi morto 'pela faca'», o termo destacado é adjunto adverbial de instrumento ou o agente da voz passiva?
Agradeço o esclarecimento!
Quando falamos sobre a estrutura das palavras, aprendemos que o morfema central delas é o radical, por ser a base que carrega a significação das palavras e à qual se adicionam os demais morfemas (afixos, desinências, vogais temáticas e vogais e consoantes de ligação).
Teoricamente, o radical de uma palavra não muda, porém, quando analisamos as famílias das palavras, não é difícil encontrar diferenças na base significante de palavras de mesma família. Por exemplo, a palavra pedra (radical pedr) é da mesma família da palavra petrificado (radical alterado para petr). Da mesma forma, a palavra sabão (radical sab) é da mesma família da palavra saponáceo (radical alterado para sap).
Está claro que essa diferença está ligada à origem da palavra no latim, grego, etc. Porém, como explicar isso didaticamente? O radical pode ou não pode sofrer alterações? Qual a diferença entre raiz da palavra e radical da palavra?
Obrigada desde já pela ajuda.
Saudações cordiais de além-mar! Há algum tempo que estou a acompanhar vosso sítio de esclarecimentos sobre o português. Agradeço-vos imensamente pela riqueza linguística que é apresentada aqui.
Sei que a maioria, senão quase todas as apalavras iniciadas por (AL) têm origem árabe, tanto é que meu sobrenome se grafa desta forma:
«Albuquerque». Estudo português europeu, desde que adquiri o livro de professor António Emiliano: «Fonética do Português Europeu - Descrição e Transcrição». Esse fenómeno de abertura da vogal (A) átona nessas palavras ocorre por quê? (algodão, alqueire, alfazema). É tradição da língua pronunciá-las abertas devido a origem árabe? De qualquer modo, em «nacional, estadual, especial», etc. Ocorre o mesmo. Obs.: Coloquei as setinhas («») no lugar das aspas porque estava a aparecer um código estranho. Muito obrigado!
Posso usar a expressão «dor no baixo-ventre» tanto para homem como para mulher?
Devo dizer «quase 17 mil estudantes ainda não receberam resposta à sua candidatura», ou «quase 17 mil estudantes ainda não receberam resposta às suas candidaturas»?
Obrigada.
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