Consultório - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
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Marília Esteves Estudante Porto, Portugal 8K

Como distinguir claramente o complemento do adjetivo introduzido pela preposição por do complemento agente da passiva em orações participiais sem o verbo auxiliar (ser) expresso?

Considerando, por exemplo, as frases:

i) «Cresci acompanhado por uma frase silenciosa.»

ii) «Segundo a cronologia feita por Pessoa, Alberto Caeiro nasceu em 16 de abril de 1889, em Lisboa.»

iii) «A poesia de Pessoa mostra-nos sujeitos dilacerados pela angústia de se sentirem conscientes da sua consciência.»

iv) «A poesia de Caeiro anula o núcleo metafísico do universo poético pessoano, obsessivamente dominado pela ausência de sentido que vê em tudo.»

Diria que na frase i) o constituinte iniciado por por constitui um complemento do adjetivo, mas, relativamente às restantes, tenho reservas.

A minha grande dúvida reside no facto de, nas construções passivas participiais, o verbo principal no particípio se assemelhar a um adjetivo, pelo que o segmento que se lhe segue, embora semanticamente possa sugerir o agente da ação, funciona sintaticamente como complemento do adjetivo. Como se pode identificar inequivocamente cada um dos complementos?

Agradeço, desde já, a atenção dedicada à minha questão.

Susana Guilherme Estudante Lisboa, Portugal 3K

Qual a diferença entre os verbetes preço e preçário? Através de uma pesquisa vi que alguns sites usam preço e outros preçário, mas não consegui entender em que situação se usa um ou outro.

Ferdinand Le Tout Estudante Rio de Janeiro, Brasil 6K

Tenho um colega que documenta a maneira como as pessoas falam em uma vila. Lá, há pessoas que costumam usar «pá pá pá». Elas fazem construções como:

«Encontrei fulana no mercado e ela disse que está muito feliz, que seu filho estuda Medicina, que a namorada dele é linda e "pá-pá-pá".»

Qual seria a melhor maneira de classificar este tipo de construção? Há alguma figura de linguagem que se enquadre nesse caso?

Miguel Faria de Bastos Advogado Luanda/LIsboa, Angola/Portugal 3K

Não poucas vezes,  ouvi dizer, de brasileiros, “abissurdo” ou inguinorante”, mas  sempre levei estes casos de anaptixe[1] à conta de agramaticalidades  tipicamente brasileiras (tanto quanto  sei, de origem africana ou mesmo angolana).

Quando, porém, ouvi senadores a pronunciarem o impeachment como  “impichiment”, na sessão  do Senado em que foi votada a exoneração da Presidente Dilma Roussef,  perguntei-me se se tratava duma agramaticalidade ou, antes, de um brasileirismo, já enraizado na variedade brasileira do português. Agora, no discurso de tomada de posse de Jair Bolsonaro, ouvi-o dizer “corrupição” em vez de corrupção

Gostava de saber, do Ciberdúvidas, se esta anaptixe é uma agramaticalidade fonética ou é um brasileirismo, já registado como aceite na variedade brasileira do português.

[1 N. E. – O termo anaptixe denomina «[a] epêntese de vogal no interior de um grupo consonantal (p.ex.: latim febrariu > português fevreiro > fevereiro; tramela > taramela; no português informal do Brasil, diz-se peneumonia por pneumonia, adevogado por advogado); suarabácti» (Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, 2001). Por epêntese, entende-se a inserção de qualquer som no meio de palavra (português antigo cheo > português contemporâneo cheio; latim stella > português estrela) ou entre palavras (a água > português regional a i água) – Cf. Dicionário Terminológico. Segue- se a resposta da professora brasileira Eliene Zlatkin, a quem agradecemos o contributo.] 

Marco Aurélio dos Santos Professor Franco da Rocha, Brasil 125K

Ao consultar dicionários estrangeiros, notei algo que me tem deixado intrigado: diversas das palavras que costumamos chamar conjunções na gramática do português são denominadas advérbios em inglês, alemão e francês. Em inglês são encontradas às vezes como sentence adverbs ou conjunctive adverbs. Refiro-me a algumas conjunções coordenativas adversativas e conclusivas.

Por que seguimos chamando de conjunções palavras como portanto e entretanto? Temos alguma justificativa teórica para tanto ou é apenas tradição?

O que me leva a pensar o seguinte: quais seriam os critérios para classificar vocábulos semanticamente parecidos como conjunção e advérbio nessas outras línguas e não por aqui (ex.: but/conjunção x however/advérbio; mas, contudo/conjunção)? Apenas a mobilidade e a possibilidade de coocorrência (ainda que somente no registro informal)?

Desde já, agradeço.

Rogerio Batista Coelho Militar Rio de Janeiro, Brasil 2K

Na frase «O homem foi morto 'pela faca'», o termo destacado é adjunto adverbial de instrumento ou o agente da voz passiva?

Agradeço o esclarecimento!

Bianca de Moraes revisora São Paulo, Brasil 45K

Quando falamos sobre a estrutura das palavras, aprendemos que o morfema central delas é o radical, por ser a base que carrega a significação das palavras e à qual se adicionam os demais morfemas (afixos, desinências, vogais temáticas e vogais e consoantes de ligação).

Teoricamente, o radical de uma palavra não muda, porém, quando analisamos as famílias das palavras, não é difícil encontrar diferenças na base significante de palavras de mesma família. Por exemplo, a palavra pedra (radical pedr) é da mesma família da palavra petrificado (radical alterado para petr). Da mesma forma, a palavra sabão (radical sab) é da mesma família da palavra saponáceo (radical alterado para sap).

Está claro que essa diferença está ligada à origem da palavra no latim, grego, etc. Porém, como explicar isso didaticamente? O radical pode ou não pode sofrer alterações? Qual a diferença entre raiz da palavra e radical da palavra?

Obrigada desde já pela ajuda.

Gabriel Albuquerque Santos Estudante de Letras (Português e Espanhol) Jaboatão dos Guararapes, Brasil 5K

Saudações cordiais de além-mar! Há algum tempo que estou a acompanhar vosso sítio de esclarecimentos sobre o português. Agradeço-vos imensamente pela riqueza linguística que é apresentada aqui.

Sei que a maioria, senão quase todas as apalavras iniciadas por (AL) têm origem árabe, tanto é que meu sobrenome se grafa desta forma:

«Albuquerque». Estudo português europeu, desde que adquiri o livro de professor António Emiliano: «Fonética do Português Europeu - Descrição e Transcrição». Esse fenómeno de abertura da vogal (A) átona nessas palavras ocorre por quê? (algodão, alqueire, alfazema). É tradição da língua pronunciá-las abertas devido a origem árabe? De qualquer modo, em «nacional, estadual, especial», etc. Ocorre o mesmo. Obs.: Coloquei as setinhas («») no lugar das aspas porque estava a aparecer um código estranho. Muito obrigado!

Leia Rodrigues Apolinário Técnico de enfermagem São Paulo, Brasil 20K

Posso usar a expressão «dor no baixo-ventre» tanto para homem como para mulher?

Maria José Garrido Jornalista Lisboa, Portugal 1K

Devo dizer «quase 17 mil estudantes ainda não receberam resposta à sua candidatura», ou «quase 17 mil estudantes ainda não receberam resposta às suas candidaturas»?

Obrigada.