Artigo definido com nomes próprios em apresentações
Gostaria de saber se é obrigatório usar o artigo na seguinte frase ou depende do contexto.
«Eu sou a Ana e tu?»
«Eu sou Ana e tu?»
É importante lembrarmo-nos
Oiço muitas vezes o verbo lembrar ser conjugado de duas formas distintas, nomeadamente:
- É importante lembrar-nos de que a história não se deve repetir.
- É importante lembrarmo-nos de que a história não se deve repetir.
Estão ambas válidas? "Lembrarmo-nos" está correto?
Obrigado.
A preposição por e os pronomes átonos em orações de infinitivo
Confesso que fiquei confuso com a correção que foi feita ao teste de Português da minha filha, nomeadamente na parte a que antigamente chamávamos "redação". Numa situação fiquei dúvidas.
A minha filha relatava uma viagem que fez à Disney com a irmã e contava que logo à chegada a Paris tiveram uma pequeno problema porque não sabiam qual era o autocarro. Depois de explicar, a dada altura escreveu: "(...) acabámos por encontrar".
Ora o corretor acrescentou um "o", ficando: "(...) acabámos por o encontrar".
Está correto? Não seria "por encontrá-lo".
"Por o encontrar" não soa bem.
Grato!
A regência do nome procura
Relativamente à sintaxe do nome procura, para além da preposição de, perguntava-vos se o mesmo não poderá reger a preposição por:
«A procura POR mão de obra qualificada é grande.»
Obrigado.
O adjetivo obnóxio
Aquando da leitura de um livro, encontrei a palavra adular cujo significado será algo como «lisonjear servilmente».
Foi na consulta da palavra servil que me deparei com o sinónimo obnóxio, uma palavra que nunca tinha ouvido/lido (pelo menos que me lembre).
Já conhecia a palavra obnoxious da língua inglesa, a qual pelo que sei, tem um significado distinto, algo como, rude ou ofensivo.
A minha dúvida, para que possa ficar completamente esclarecido quanto a esta palavra, é :
Por um lado, qual/quais o(s) seu(s) significado(s)? E por outro, como se pronuncia devidamente?
Agradeço imenso a atenção.
O género de Pampas
Quando nos referimos à região da América, devemos escrever «a Pampa» ou «o Pampa»?
Pergunto isto porque, apesar de em espanhol ser «la Pampa», leio várias vezes «o Pampa».
Obrigado.
Ainda Madagáscar vs. Madagascar
Recentemente, escrevi ao Ciberdúvidas acerca da resposta de 11.05.2021 à pergunta sobre a grafia e a pronúncia de Madagascar, em cuja versão original se lia que a ABL recomendava Madagáscar, forma prescrita em Portugal «desde há mais de um século». Informei que a edição atual do VOLP da ABL recomenda apenas Madagascar. O Ciberdúvidas atualizou a informação em 11.11.2025, mas reiterou que, até 1999, a ABL indicava a forma paroxítona.
É verdade, embora tal informação já estivesse desatualizada na data da resposta original, pois a ABL vinha recomendando exclusivamente Madagascar desde a 5.ª edição do VOLP, ou seja, desde 2009, pelo menos. Ademais, conjugada com a observação de que Ivo Xavier Fernandes e Francisco Rebelo Gonçalves condenavam a forma oxítona, essa ressalva pode levar o leitor à suposição equivocada de que, em Portugal, a pronúncia aguda era infrequente ou, pelo menos, inculta. Não era nem uma nem outra coisa.
O próprio Gonçalves Viana, em cujo parecer de 1899 à seção de ensino da Sociedade de Geografia de Lisboa se encontra, pela primeira vez, a recomendação expressa da forma paroxítona, admitiu tacitamente que a pronúncia corrente era Madagascar, ao dizer "bem fôra que se restabelecesse a verdadeira accentuação portuguesa em outros nomes, como Madagáscar, evidente na medição do verso dos Lusíadas em que apparece o nome da maior ilha africana". Já Cândido de Figueiredo o admitiu expressamente, na obra Falar e escrever: novos estudos práticos da língua portuguesa, de 1906: «Geralmente, temos dito Madagascár, talvez levados pela regra de que são oxítonas ou agudas as palavras terminadas em ar. Mas parece estar demonstrado que a pronúncia exacta é Madagáscar.» José Barbosa Bettencourt, em Subsídios para leitura dos Lusíadas, de 1904, anotou: «Madagáscar. O verso mostra que era esta a primitiva acentuação.» Se se ouvisse Madagascar a uns poucos ou apenas aos ignorantes, e Madagáscar à maioria ou aos cultos, por que falariam Gonçalves Viana em "restabelecer" a "verdadeira" acentuação portuguesa, Cândido de Figueiredo em "parecer" estar demonstrada a "pronúncia exacta", e Barbosa Bettencourt em "primitiva" acentuação?
Há mais, porém. Na pergunta n.º 9 da p. 45 à seção de consultas da Revista de Portugal: Língua Portuguesa, Série A, Volume 3, de 1943, um leitor, quase meio século depois do parecer de Gonçalves Viana, manifestou o seu espanto com a "nova" pronúncia paroxítona: «Sempre ouvi dizer Madagascar, com o acento na última sílaba, a não ser na Itália, onde se diz Madagáscar: ultimamente, porém, voltando a Portugal, também ouvi o tal Madagáscar. Apoiam-no em Camões (Lus. X, 137), que afirma alguns dizerem Madagáscar. Mas ainda supondo que todos então dissessem assim, essa pronúncia, pelo uso e especialmente por influência do francês, não terá evolucionado para Madagascar? E note-se que foram precisamente os franceses que mais espalharam o conhecimento do nome dessa Ilha.»
A resposta remete a Gonçalves Viana: «R. Legitimamente, parece não se ter dado tal evolução fonética. O nome antigo e português da ilha foi Madagáscar, e não Madagascar, para todos aqueles que lhe não chamavam ilha de S. Lourenço. Considerando aquele o legítimo profano, até firmado na acentuação do malgaxe local, os mestres modernos da Fonética, e à frente deles Gonçalves Viana, trataram de o reivindicar, quando a influência francesa ia já conseguindo deslocar-lhe o acento, passando o topónimo de grave a oxítono. Desta vez parece que com algum êxito, porque hoje, nos nossos estabelecimentos de instrução secundária, já não há professor de Geografia que não ensine Madagáscar, em vez de Madagascar, e ao contrário Gibraltar, em vez de Gibráltar.»
Chama menos a atenção o evidente eufemismo em dizer que «ia já conseguindo deslocar-lhe o acento» (compare-se com o tom do testemunho coevo do próprio Gonçalves Viana) que o estranhamento da "nova" pronúncia por um português claramente culto. Nem mesmo o argumento da acentuação local se sustenta, pois, embora seja paroxítono, o nome do país, em malgaxe, é Madagasikara.
Parece-me, por todo o exposto, mais exato dizer que a pronúncia grave atual, no português europeu, resultou de uma interferência culta tardia, e que a pronúncia aguda atual, no português brasileiro, dá continuidade àquela que era corrente antes dessa interferência.
A expressão «datado de...»
Um objeto pode ser «datado de» uma época, um período, uma data, p. ex., uma moeda «data de 1945», ou pode ser «datada de 1520», quando lhe atribuímos uma datação da qual não temos total certeza?
Quando não se está perante uma data ou período determinado, mas antes perante um intervalo de tempo, diz-se que o objeto pode ser «datado "de desde" esta época até aquela (ou que ele «data "de desde"... até..."), ou diz-se, apenas, que o objeto pode ser «datado "desde" este periodo até aquele», sem a preposição de?
Grata,
A expressão «se é que...»
Quanto à expressão «se é que», por que outras é que pode ser substituída?
«Ela disse que tudo se passou assim, se é que se pode confiar nela.»
Muitíssimo obrigado!
A classe de palavras de tampouco
Consultei vários dicionários e todos colocam o termo tampouco exclusivamente como advérbio («também não»).
Porém, não aceito muito bem a "exclusividade", pois o termo possui um significado parecido com nem e, em muitas vezes, fica no meio de orações coordenadas (posição preferencial das conjunções) Ex.:
«Ele não trabalha tampouco estuda.»(G1)
«Não gosto da Maria, tampouco da Joana.» (Ciberdúvidas)
Eu consigo reescrever perfeitamente as frases com o nem: «Ele não trabalha nem estuda».
Pergunto aos Senhores, pois a minha visão faz um pouco de sentido (eu acho); mas posso estar equivocado, porque não consegui achar uma visão igual a minha, exceto a visão do professor Sérgio Nogueira: «A palavra tampouco é uma conjunção aditiva. É sinônimo de nem.»
Podem me ajudar? Se quiserem, os Senhores poderão mandar apenas referências para eu ler.
Desde já, agradeço-lhes a enorme atenção.
