Consultório - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Início Respostas Consultório Campo linguístico: Tempo/Modo/Pessoa/Número (verbos)
Patrícia Sanches Vendedora Faro, Portugal 253

Gostaria que me tirassem algumas dúvidas quanto ao uso do indicativo e conjuntivo com verbos de opinião.

As gramáticas indicam que depois de verbos de opinião na forma afirmativa usamos o indicativo e depois da negativa usamos o conjuntivo.

a) Acho que o livro está na biblioteca.

b) Não acho que o livro esteja na biblioteca.

Seria agramatical dizer o seguinte?

c) Acho que o livro não está na biblioteca.

d) Achei que o livro estivesse na biblioteca.

De acordo com a regra, d) não deveria ser «Achava que o livro estava na biblioteca»?

E quanto às seguintes frases?

(e) Não achei que o livro estava na biblioteca.

(f) Não creio que hoje fico em casa.

E uma última questão, o verbo acreditar segue a mesma regra que os restantes verbos de opinião ou há alguma exceção?

(g) Acredito que o livro está na biblioteca.

(h) Não acredito que o livro esteja na biblioteca.

Com este verbo, soa-me melhor ouvir as duas formas, afirmativa e negativa, no modo conjuntivo.

Pedia que me confirmassem se estão corretas as frases.

Caso sejam gramaticais, qual é, afinal, a regra para o uso indicativo e conjuntivo com os verbos de opinião?

Obrigada!

Jaroslav Dobias Professor Bratislava, Eslováquia 415

Sei que o conjuntivo é usado com verbos de opinião na forma negativa, como «não acho que...». Mas também é possível usá-lo em perguntas?

Por exemplo, «Achas que ele fale português»?

Também gostaria de saber se é usado quando nos referimos ao passado. Por exemplo, «Achas que ele fosse a casa?», em vez de «Achas que ele foi a casa?».

Ou depende do grau da incerteza?

Muito obrigado.

Maria Gouveia Contabilista Dubai, Emirados Árabes Unidos 494

Li a seguinte frase: «O que tiveres feito para a enfurecer, sugiro que pare agora.»

A minha dúvida é se é correto mudar o tempo verbal para : «O que tivesses feito para a enfurecer...» ou «o que tenhas feito para a enfurecer, sugiro que pare agora».

Se não me engano, o uso do verbo ter no futuro do conjuntivo (tiveres) refere-se a uma ação que pode ou não acontecer no futuro, mas acho que a frase no exemplo acima, «O que tiveres feito para a enfurecer, sugiro que pare agora», tem sentido passado.

Muito obrigada antecipadamente pela ajuda!

Farajollah Miremadi Engenheiro Lisboa, Portugal 1K

Podia dizer-me a diferença entre «estive a ler durante 2 horas» e «estava a ler durante 2 horas», do ponto de vista do significado?

Para mim, são frases idênticas, porque na combinação de «estar a» + infinitivo há um aspeto de continuidade e, embora estive não seja um verbo na forma do imperfeito («estive a» infinitivo), a frase tem um sentido de duração, pois o verbo não precisa de estar na forma do imperfeito para transmitir a continuidade da ação.

E, formulando a questão de outra forma:

1. Estava a ler quando a Maria chegou

2. Estive a ler quando a Maria chegou

Há alguma diferença entre as duas frases do ponto de vista do significado?

Patrícia Sanches Vendedora Faro, Portugal 593

De uma forma muito resumida, costuma-se dizer que a forma simples do gerúndio indica uma ação em curso e a forma composta, por sua vez, indica uma ação concluída antes da ação expressa na oração principal.

No entanto nestas duas frases, as duas formas do gerúndio parecem indicar o mesmo tempo, posterioridade à ação expressa na oração principal:

Gerúndio simples: «Lendo o livro, podes sair.»

Gerúndio composto: «Tendo lido o livro, podes sair.»

Na minha leitura, as duas têm o valor de futuro. Está certa a leitura?

É uma particularidade das orações que exprimem a ideia de condição? Poderia dar-me outros exemplos de frases em que as duas formas têm o mesmo valor?

Obrigada.

Guilherme Roda de Miranda Estudante Brasil 449

Devo considerar o complemento «a pagar» da frase «procedam à intimação a pagar» como oração completiva nominal reduzida de infinitivo, deixando o verbo obrigatoriamente no singular?

Ou posso considerá-la como oração adverbial final, nesse caso, deixando o verbo na terceira pessoa do plural (porque, esclarecendo o contexto, a intimação é de várias pessoas)?

Grato desde já.

José Garcia Formador Câmara de Lobos, Portugal 635

Voltando novamente ao uso do infinitivo pessoal/impessoal (flexionado ou não), queria esclarecer se, de facto, há situações que exigem um ou outro. Ou seja, estamos a falar de questões meramente estilísticas, sem que o seu uso indiferenciado implique agramaticalidade frásica?

Muito obrigado pelo contributo.

Farajollah Miremadi Engenheiro Lisboa, Portugal 1K

Podia ajudar-me a compreender quando se pode utilizar verbos em futuro composto para expressar ações do passado?

Em geral, quantas aplicações esse tempo tem?

Obrigado.

Nuno Duarte Publicitário Portugal 1K

No texto «em 10 anos tivemos muitas ideias más», a continuação deverá ser «foram todas aquelas que eram necessárias para encontrar as boas» ou «foram todas aquelas que foram necessárias para encontrar as boas»?

Agradeço antecipadamente a vossa atenção.

Sandra Sousa Professora Lisboa, Portugal 1K

Fiquei responsável de redigir uma ata de reunião e corrigiram o tempo verbal associado à passagem para o discurso indireto. A frase era mais ou menos a seguinte:

«As professores X e Y comunicaram que, no dia Z, seria feita a entrega de prémios do concurso de poesia.»

Escrevi "seria", usando o condicional, partindo do princípio de que devia respeitar as regras de transposição de discurso direto para indireto, assumindo que em discurso direto teria sido usado o futuro do indicativo. Saliento que a ata foi lida e aprovada na reunião seguinte, portanto depois do referido evento (a entrega de prémios) já ter sido realizado.

Consultei as gramáticas de referência, como a da Gulbenkian, e percebi que de facto, por vezes, as regras mais "clássicas" não devem ser aplicadas, mas não encontrei qualquer regra que justifique que tenham corrigido "seria" e passado para "será". Há alguma regra que eu desconheça e que faça com que esta correção esteja correta?

Agradeço muito se me puderem responder, porque estou tentada a continuar a escrever no condicional, quando se tratar da citação em discurso indireto sobre algo que se prevê para o futuro.

Obrigada.