Consultório - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Início Respostas Consultório Área linguística: Etimologia
Alexandre Oliveira Engenheiro Software Porto, Portugal 186

Gostava de questionar a origem da expressão «dar raia», usada da seguinte forma.

Parece-me que alteração de raio não chega.

Alguma ligação ao mar/pesca?

«dar raia • [Informal] Desenrolar-se com problemas; correr mal (ex.: o concurso público deu raia). Origem etimológica: alteração de raio. "dar raia"» (in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2025, https://dicionario.priberam.org/dar%20raia.)

Obrigado pela atenção :)

Dan Pessoa Estudante São Paulo, Brasil 229

Meu comentário é acerca da palavra perafita.

Presumidamente, até 1990 se escrevia, em Portugal, “pera-fita”, e no Brasil “péra-fita” (para distinguir de pera, preposição, e pêra, fruta), segundo o Acordo Ortográfico de 1945 e o Formulário Ortográfico de 1943. Porém, hoje em dia, não tenho certeza de como se escreve: os dicionários que consultei – o Aulete, a Infopédia, o Priberam e o dicionário da Academia de Ciências de Lisboa registram unanimente perafita, sendo que o verbete não consta nos dicionários Michaelis e Houaiss. O Vocabulário Ortográfico do Português não difere.

Agora – e surge daí uma confusão – no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa da Academia Brasileira de Letras aparece apenas a grafia hifenada pera-fita.

Então, às perguntas: essa palavra perdeu, ou não, o hífen desde 1943? Como? E seria por analogia com “pára”, “pêra”, etc. que o VOLP optou por eliminar o acento na grafia sem hífen? Infelizmente não tenho como acessar vocabulários ortográficos de outros períodos (além do atual e do de 1911) para descobrir mais.

Reconheço que essa pergunta é mais uma tese do que uma pergunta, então sou receptivo a quaisquer comentários, mesmo que não sejam bem respostas.

Obrigado.

Vadym Blankov Gerente de escritório Vinítsia, Ucrânia 198

Conhece a etimologia de dois topónimos do concelho de Paços de Ferreira: "Cacães", da freguesia de Eiriz, e "Cô" da freguesia de Penamaior?

É especialmente problemático encontrar qualquer coisa sobre o segundo topónimo. 

Ficarei muito feliz por receber a sua ajuda.

Mário Fernando Marques de Oliveira Economista (ex-administrador de empresas) Reformado Coimbra, Portugal 138

Outrora, designava-se de aposentação a situação de um funcionário que descontava para a Caixa Geral de Aposentações e que por ter completado a idade regularmente fixada, por doença ou por incapacidade física era dispensado do serviço (os designados funcionários públicos) e por reforma a situação dos trabalhadores que descontavam para a Segurança Social e que pelas razões aduzidas a propósito da aposentação eram dispensados do serviço (os designados trabalhadores do sector privado). O português sendo uma língua viva vai-se modificando, e, hoje, aposentação e reforma tornaram-se praticamente sinónimos o que levou a que muita gente desconheça o que as distinguia.

Há, porém, uma outra situação que é a jubilação, a que só duas classes profissionais podem aceder: os professores universitários e os magistrados. Não consegui, até hoje, apesar das buscas efectuadas, perceber quais as especificidades que a caracterizam. Sei que há diferenças materiais, pois há diversos acórdãos judiciais a pronunciarem-se sobre o assunto, em resultado de acções interpostas por quem se sentiu lesado, materialmente. Haverá, espero, algum dicionário que precise em que consiste, e o que a diferencia da aposentação e da reforma.

Não sei se no domínio da etimologia o Ciberdúvidas centra toda a sua busca, exclusivamente, na consulta dos dicionários ou se, quando necessário, «desce ao terreno» e vai, no caso, junto dos professores universitários e dos magistrados perscrutá-los.

Vicente de Paula da Silva Martins Professor Sobral, Brasil 285

Tenho particular interesse como consulente do léxico do português brasileiro em saber as origens das palavras.

Na edição eletrônica do Dicionário Houaiss (2025), observo diversas expressões empregadas para caracterizar a etimologia incerta de determinados vocábulos, tais como:

a) orig. contrv. (origem controversa) (ex.: balaio);

b) orig. desc. (origem desconhecida) (ex.: chasqueiro);

c) orig. duv. (origem duvidosa) (ex.: catano);

d) orig. obsc. (origem obscura) (ex.: léria);

e) orig. inc. (origem incerta) (ex.: chapa).

Diante desses critérios lexicográficos estabelecidos pelo Dicionário de Houaiss, em que medida eles se mostram irrefutáveis para a classificação de palavras cuja etimologia permanece imprecisa ou indefinida? Quais são os principais desafios e abordagens metodológicas para atribuir essas categorias, considerando a evolução das línguas e as fontes históricas disponíveis?

Jorge Santos Técnico superior Lisboa, Portugal 394

Tenho ouvido a expressão «ir a penantes», no sentido de «ir a pé».

Surpreendi este sentido na Infopédia

Estará correto? Ou será uma corruptela de «regressar a penates», no sentido de regressar a casa, que acabou por ser dicionarizada?

Obrigado.

Amanda Marques Tradutora São Paulo, Brasil 280

Gostaria de saber, por favor, se há interjeições em português arcaico com o sentido de assentimento, aprovação?

Agradeço pela atenção.

João Paulo Rangel Silva Estudante Marco de Canaveses, Portugal 307

Qual a origem da palavra princípio?

Namibiano Ferreira Saúde e apoio social King's Lynn , Inglaterra 281

Apresento aqui uma resposta à pergunta sobre curibeca.

Em Angola, e ainda no período colonial, esta palavra designava a maçonaria. Já naquela altura se grafava kuribeka, e realço a letra k. Claro que oficialmente não existia a letra k, mas como a palavra tem origem banta não era estranho.

O mesmo se passava com jinguba («amendoim»), com origem no idioma kimbundu e que, pelas regras portuguesas se escreve ginguba.Qual a língua nacional angolana que deu origem ao nome eu não tenho a certeza. Tanto pode ser o umbundu como o kimbundu.

Eu sou do sudoeste de Angola onde o umbundu tem alguma influência. Sendo assim é possível a sua origem no umbundu?

Agora, e com toda a certeza, estamos perante uma palavra de origem banta e não de origem incerta, duvidosa ou obscura. Os etimologistas devem confessar a sua ignorância quando não sabem. Este tipo de atitude soa, um tanto a racismo etimológico.

Obrigado!

Mário Fernando Marques de Oliveira Economista (ex-administarador de empresas) REFORMADO Coimbra, Portugal 355

No passado domingo [12/01/2025]  no programa Princípio da Incerteza com a dra. Alexandra Leitão, dr. Miguel Macedo e dr. Pacheco Pereira, a primeira intervenção coube à dra. Alexandra Leitão de que cito parte da seguinte passagem:

«E aquilo que motivou, pelo menos a mim, e muita gente a ir à rua foi uma afirmação de defesa de valores, que são os valores e os princípios em que assentam os regimes democráticos e os regimes dos estados de direito e, em especial, estamos em Portugal, o regime que está PLASMADO na constituição em 76, que saiu do 25 de abril, o que é em concreto liberdade, igualdade, não discriminação, dignidade da pessoa humana, tudo isso...»

Ora tenho-me deparado recorrentemente com a utilização «está plasmado» na constituição, na lei n.º..., etc.

Embora perceba o sentido, agradeço o Vosso esclarecimento, já que o significado que aparece no dicionário da Porto Editora não tem nada a ver com o que, como digo, aparece frequentemente enunciado.