Li por aqui uma resposta de 24/10/2017 ("Derivação não afixal não pode levar afixos") enquanto buscava sanar uma dúvida muito frequente quando trato de processos de formação de palavras em sala.
Como identificar se a formação é deverbal/regressiva, formando substantivos, ou sufixal para formação de verbos?
No caso, a dúvida surgiu com a palavra processo: trata-se de formação deverbal de processar ou o verbo forma-se, por derivação sufixal, do substantivo processo?
Para além desse caso, é possível estabelecer algum parâmetro? Como a referida resposta cita, a única saída seria o conhecimento de história da língua, da origem de cada vocábulo?
Muito obrigado!
Na frase «Mais de um ano após o anúncio da sua trasladação para o Panteão Nacional, Eça de Queirós junta-se finalmente, esta quarta-feira, ao conjunto de notáveis portugueses que “descansam” na Igreja de Santa Engrácia, em Lisboa», o constituinte «ao conjunto de notáveis» desempenha a função sintática de complemento indireto ou oblíquo?
Parece-me que se pode substituir por lhes, ficando «junta-se-lhes», no entanto, se pensar na frase «Juntei-me à minha irmã», o segmento «à minha irmã» parece ser complemento oblíquo.
Podem esclarecer-me, por favor?
Obrigada pela atenção.
Já vi o tema «meio-dia e meio» debatido noutros sítios, inclusive pelo Sr. José Neves Henriques e pela Sra. Carla Marques, mas não fiquei convencido com os argumentos usados.
Vou tentar expor a minha visão da melhor maneira.
Meio-dia designa uma hora específica: 12h00. A «hora 12» é feminino, o «meio-dia» é masculino; são sinónimos. Não é o único exemplo na língua portuguesa de uma palavra masculina composta por justaposição que designa algo feminino.
Eis outros exemplos: um amor-perfeito é uma planta/flor, um bate-boca é uma discussão, um ano-luz é uma distância, um pé-de-cabra é uma ferramenta. Pegando neste último, se se tiver uma quantidade de x,5 unidades (x objetos inteiros + metade de outro) o correto é dizer-se «um pé-de-cabra e meio» e não «um pé-de-cabra e meia [ferramenta]».
Existe concordância em género e a mesma verifica-se para termos femininos; «quatro sextas-feiras e meia» é correto, «quatro sextas-feiras e meio [dia]» é incorreto.
Ora, tendo em conta os exemplo anteriores, por que motivo dizer que «meio-dia e meio», quando se está a referir claramente a uma hora concreta + metade dessa própria hora (a hora 12 + 30 minutos, 12h30), é considerado gramaticalmente incorreto?
Não se criou uma exceção ao não se aceitar que meio está relacionado com o substantivo masculino «meio-dia», e se está a interpretar erradamente que alguém está a querer dizer “meio-dia e meio hora”? Não será este caso único onde o género implícito do objeto/conceito (neste caso, a hora) se sobrepõe ao género da palavra que o designa («o meio-dia»)?
Obrigado
Um conhecido meu recebeu um email com a seguinte frase «O que faço com esta criatura?».
Não terá nesta frase a palavra criatura um caráter pejorativo?
Obrigado.
Há uma questão do IME-RJ 2018 que coloca a seguinte frase:
«Só o bobo é capaz de excesso de amor.»
A alternativa correta da questão indica que só é um advérbio que se refere ao termo bobo.
No entanto, no contexto da frase, se bobo é um substantivo, como o termo só pode ser um advérbio, sendo que os advérbios são modificadores de verbos, de advérbios ou de adjetivos?
Obrigada.
Na frase «Cesário Verde foi dizer para a cidade de Lisboa...», o segmento «de Lisboa» desempenha a função sintática de complemento do nome ou modificador do nome restritivo?
Obrigada
É correto dizer-se «estavam três carros ardidos»?
Soa-me bastante melhor «estavam três carros queimados», mas não sei qual o fundamento na gramática para esta questão.
Também não me faz sentido se considerar a opção de o carro ter sido ardido porque, na verdade, eu posso queimar algo, mas não posso arder algo.
Obrigada.
Na frase «O mundo da arte está cheio de modelos femininos», qual a função sintática de "da arte"?
Muito obrigada.
Gostaria de saber qual a forma correta de escrever a seguinte frase: «alguma coisa boa há de acontecer-me» ou «alguma coisa boa há de me acontecer»?
Obrigado
Na frase «Submetendo-os a uma regra», qual a função sintática de «a uma regra»?
Complemento oblíquo ou complemento indireto? O verbo seleciona complemento indireto quando se encontra na forma reflexa, como em «Ele submeteu-se-lhe», mas não me parece que, neste contexto, a expressão iniciada por preposição seja complemento indireto, já que não seria aceitável a formulação «Submetendo-lhos».
Agradeço antecipadamente a vossa resposta.
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