Ir com complemento oblíquo e constituinte oracional
Pretendia a análise sintática da seguinte frase: «Fui ao cinema ver uma fita.»
Antecipadamente grata
A sintaxe do nome entrevista
Começando por agradecer o ótimo e muito útil trabalho do Ciberdúvidas, que consulto muitas vezes, peço que me esclareçam, por favor, sobre a forma correta de referenciar uma entrevista.
Imaginando que o jornalista Santos entrevistou o ministro Silva, devemos referir a situação como:
– Entrevista do ministro Silva ao jornalista Santos
ou
– Entrevista do jornalista Santos ao ministro Silva?
Muito obrigada.
O uso de asiático como nome
Antes de mais, gostaria de vos felicitar pelo vosso extraordinário trabalho e pelo esforço contínuo em promover o conhecimento e o bom uso da língua portuguesa. O vosso contributo é, de facto, notável e inspirador para todos os que valorizam o rigor e a beleza da nossa língua.
Venho solicitar o vosso esclarecimento sobre a seguinte questão:
No segmento «um grande ‘asiático’ português» (texto de Pedro Mexia), como se classificam – em termos de classe e subclasse gramatical – as palavras que o compõem?
Obrigado.
A concordância de cabisbaixo e boquiaberto
Gostava de ver uma pequena dúvida esclarecida em relação ao adjetivo "cabisbaixo".
Quando se diz que alguém ficou cabisbaixo perante uma repreensão, o mesmo deve concordar em género com o sujeito? Não sei se me faço entender, por isso, trago-lhes duas frases como exemplo, embora não tenha a certeza de estarem corretas...
(1) Alertado pela intervenção do seu pai, completamente imóvel, Pedro permaneceu cabisbaixo (ou cabisbaixa?).
(2) A Joana era uma criança que tendia a envergonhar-se. Sempre que um estranho lhe perguntava algo, permanecia cabisbaxa e coradíssima.
A minha dúvida surge pelo significado da palavra em si [«de cabeça baixa»], ou seja, referente à postura do sujeito – cabeça – e não ao seu género...
Neste sentido, quando se usa o feminino ou o masculino?
A mesma dúvida surge também com a palavra boquiaberta/o...
Podem elucidar-me com algum exemplo, por favor?
Desde já, agradeço imenso qualquer explicação que me possam dar!
Infinitivos coordenados e concordância do verbo ser
Na frase «Ser amado e ser egoísta são coisas diferentes»:
1) Quantas orações há frase?
2) Os termos «ser amado e ser egoísta» são orações subordinadas substantivas subjetivas?
3) Caso sejam subjetivas, por que o verbo da oração principal está na terceira pessoa do plural são?
Obrigado.
O verbo informar e a voz passiva
Pergunto se esta frase está correta:
«A doença deve ser informada por escrito pelo trabalhador.»
Não deveria ser "comunicada"?
Se passarmos da forma passiva para a ativa, temos «O trabalhador informa a doença por escrito».
Quando se informa, informa-se alguém, o que não acontece no exemplo apresentado.
Grata.
Consultar e «fazer consultas»
Deve dizer-se "O médico fez dez consultas" ou "Dez doentes consultaram o médico"?
Em linguagem corrente, diz-se que foi o médico que fez as consultas. Mas, de facto e tecnicamente, são os doentes que, perante um problema de saúde que os aflige, consultam o médico para uma orientação diagnóstica e terapêutica.
Se em vez de dizer "consultei dez doentes", disser "fiz dez consultas", o problema só se agrava.
Qual é a forma correta? Ou ambas são corretas?
Obrigado.
O pronome clítico o e o verbo estar
Essa questão surgiu após um impasse que tive com um colega, também revisor de texto, a respeito do uso do verbo estar com pronomes acusativos como o, lo, no. Gostaria, portanto, de esclarecer alguns pontos e, se possível, obter exemplos de uso literário dessas construções.
Em frases copulativas, como:
«O aluno está cansado.»
«A porta está aberta.»
«Tu estás feliz?»
seria possível substituir o predicativo por um pronome acusativo, formando expressões como "O aluno está-o”, “A porta está-o” ou “Tu está-lo?”? Essas formas aparecem em algum registro literário, regional ou arcaico do português?
No português europeu, na locução estar + a + infinitivo, há diferença entre «Ele está-o a fazer» e «Ele está a fazê-lo»? Existe preferência normativa ou diferença de estilo entre as duas formas? Quando o pronome sobe para o auxiliar (estar), as adaptações fonéticas continuam válidas?
Por exemplo: estás + o → está-lo; estão + o → estão-no.
Formas como «Tu está-lo a terminar» ou «Eles estão-no a construir» são aceitas?
No português do Brasil, com estar + gerúndio, qual das opções é mais adequada ou usual: «Ele o está fazendo», «Ele está fazendo-o» ou simplesmente «Ele está fazendo isso»?
Por fim, fora das locuções (estar a + infinitivo / estar + gerúndio), é possível empregar «Ele está-o» (sem verbo posterior) para retomar algo já mencionado, equivalente a «Ele está nisso»?
Agradeço desde já pela atenção e, se possível, gostaria de exemplos de uso literário (clássico ou moderno) dessas construções, caso existam.
Associação de palavras gramaticais: «com que»
Entro em contato para sanar uma dúvida que me acompanha há algum tempo. Trata-se da locução «com que».
A construção completa é a seguinte:
«Lembro com que sentimento de encanto folheava o caderno que um vizinho me emprestara, contendo as lições de um quase nada daquela língua que ele aprendera quando seminarista.» (Extraído do prefácio da tradução de Irineu Bicudo de Os Elementos de Euclides.)
Para a análise, apenas a primeira oração é importante:
«Lembro com que sentimento de encanto folheava o caderno que um vizinho me emprestara.»
Minha pergunta é: o que significa exatamente esse «com que» nesse contexto? Como parafrasear essa oração? Seria esse um caso de anástrofe – isto é, uma passagem de «Lembro que, com sentimento de encanto, folheava o caderno que um vizinho me emprestara» para «Lembro com que sentimento de encanto folheava o caderno que um vizinho me emprestara»?
Tenho, porém, fortes dúvidas, porque em minhas pesquisas encontrei outro uso de «com que» que não parece decorrer de uma inversão:
«Mas, com que sentimento inesperado fui surpreendido pela visão quando cheguei diante dela! Uma impressão total e grandiosa preencheu a minha alma, impressão que eu certamente pude saborear e desfrutar, mas não conhecer e esclarecer, porque consistia em milhares de particularidades harmoniosas entre si.”* (Excerto de Escritos sobre Arte, Johann Wolfgang Goethe, tradução de Marco Aurélio Werle, 2008, 2.ª edição.)
Caso seja possível, agradeço se puderem indicar referências sobre essa locução «com que» e seu funcionamento sintático.
Coordenação de «antes de» e após
Na frase «Antes de e após isso ocorrer, você já deveria ter aprendido!», é obrigatório incluir o de logo após o antes?
Ou, pelo menos, recomendado?
Muitíssimo obrigado e um grande abraço!
