Consultório - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
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Obindinachukwu Desiré Yema Estudante de Matemática São Paulo, Brasil 55

Entro em contato para sanar uma dúvida que me acompanha há algum tempo. Trata-se da locução «com que».

A construção completa é a seguinte:

«Lembro com que sentimento de encanto folheava o caderno que um vizinho me emprestara, contendo as lições de um quase nada daquela língua que ele aprendera quando seminarista.» (Extraído do prefácio da tradução de Irineu Bicudo de Os Elementos de Euclides.)

Para a análise, apenas a primeira oração é importante:

«Lembro com que sentimento de encanto folheava o caderno que um vizinho me emprestara.»

Minha pergunta é: o que significa exatamente esse «com que» nesse contexto? Como parafrasear essa oração? Seria esse um caso de anástrofe – isto é, uma passagem de «Lembro que, com sentimento de encanto, folheava o caderno que um vizinho me emprestara» para «Lembro com que sentimento de encanto folheava o caderno que um vizinho me emprestara»?

Tenho, porém, fortes dúvidas, porque em minhas pesquisas encontrei outro uso de «com que» que não parece decorrer de uma inversão:

«Mas, com que sentimento inesperado fui surpreendido pela visão quando cheguei diante dela! Uma impressão total e grandiosa preencheu a minha alma, impressão que eu certamente pude saborear e desfrutar, mas não conhecer e esclarecer, porque consistia em milhares de particularidades harmoniosas entre si.”* (Excerto de Escritos sobre Arte, Johann Wolfgang Goethe, tradução de Marco Aurélio Werle, 2008, 2.ª edição.)

Caso seja possível, agradeço se puderem indicar referências sobre essa locução «com que» e seu funcionamento sintático.

Sávio Christi Ilustrador, quadrinista, escritor, pintor, letrista e poeta Vitória, Brasil 52

Na frase «Antes de e após isso ocorrer, você já deveria ter aprendido!», é obrigatório incluir o de logo após o antes?

Ou, pelo menos, recomendado?

Muitíssimo obrigado e um grande abraço!

Caio Henrique Estudante Rio de Janeiro, Brasil 337

«Eu gostaria de ajudá-la.»

«Ele as incentivou a ajudarem-no.»

Na primeira frase , seria possível haver uma mesóclise? Ex.: «Eu gostá-lo-ia de ajudar.»

A pergunta surge porque eu o tinha como verbo auxiliar.

«c) vontade ou desejo: querer escrever, odiar escrever, desejar escrever, […]»

Porém, gostar aparentemente não é. Parece sensitivo, então, não?

Na segunda frase, gostaria de saber se o verbo incentivar possui as características de um verbo causativo.

A dúvida surge porque, conquanto – na minha linha de raciocínio – existam os elementos de um verbo causativo, há, aqui, uma preposição (diferente dos vários verbos causativos com os quais estou acostumado). 

Em minha cabeça não tão familiarizada com terminologias diferentes, neste caso, ou é um verbo auxiliar (a flexão do infinitivo estaria errada), ou é um verbo causativo (a flexão do infinitivo também estaria errada). Há um terceiro elemento que paira sobre mim, e eu não o vejo? 

Obrigado. 

Evandro Braz Lucio dos Santos Professor Santa Quitéria, Brasil 50

Se a palavra eleição se referir a apenas dois candidatos, preciso colocar no plural eleições?

Quando se usa o singular e plural desta palavra?

Obrigado

Dolores Orange Estudante Sevilha, Espanha 42

Antes de deixar a minha dúvida, gostaria de expressar a minha admiração e a minha gratidão pelo vosso trabalho. Muito obrigada!

Outro dia, conversava com umas companheiras e surgiu-nos uma dúvida com a seguinte frase: «Mal posso esperar para receber-te.» Ficámos a pensar se não seria mais correto dizer: «Mal posso esperar para te receber.»

Chegámos a discutir o seguinte: que é correto colocar o pronome antes do verbo, porque o verbo está no infinitivo e é antecedido da preposição para. Uma colega disse que as preposições atraem o pronome para antes, exceto a preposição a. Outra colega afirmou que se pode usar o pronome antes ou depois, mas que é mais natural e coloquial que o pronome venha antes do verbo. Eu, pessoalmente, penso que, pelo facto de o verbo estar no infinitivo, também é correto usar o pronome depois do verbo.

Resumindo, não chegámos a nenhuma conclusão e, por isso, deixo aqui a minha dúvida.

Mais uma vez, muito obrigada!

Geobson Freitas Silveira Agente público Bela Cruz, Brasil 248

Consultando o dicionário de sinônimos da língua portuguesa, de Rocha Pombo, eis que me deparo com o seguinte abono no verbete da preposição a: «Comemos a enjoar.»

Sei que essa preposição, ao introduzir orações infinitivas, relaciona noções circunstanciais de condição ou tempo concomitante e, a meu ver, este contexto não permite perceber nenhuma dessas circunstâncias.

Para mim, essa oração seria parafraseável por: «Comemos tanto que enjoamos ou comemos a ponto de enjoar.»

Assim, por favor e se possível, peço um parecer sobre a correta interpretação para esse uso deste vocábulo em apreço.

Elton Gomes Pessoa Professor Olinda, Brasil 240

Tenho uma dúvida sobre o uso da preposição em frases como:

«Em uma conversa, esteja atento a se o seu interlocutor lhe entende.»

«O professor estava atento a que ninguém colasse na prova.»

«Ela mostrou-se grata a que a ajudassem naquele momento difícil.»

Esse uso da preposição antes de que ou se é realmente natural no português, ou soa artificial?

Pergunto porque, ao ensinar esse ponto aos alunos, a construção lhes pareceu estranha ao ouvido.

Gostaria também de saber se há outros exemplos com outras preposições (como para, em, com) usadas antes de orações introduzidas por que ou se, para compreender melhor a extensão desse uso.

Poderiam esclarecer a correção dessas construções e indicar bibliografia onde essa questão esteja tratada, de preferência com páginas específicas?

Muito obrigado.

Sávio Christi Ilustrador, quadrinista, escritor, pintor, letrista e poeta Vitória (Espírito Santo), Brasil 137

Como se chama um verbo com múltiplas regências? Verbo "multifuncional"? "Multirregido"? "Multifocal"?

O verbo indicar é um exemplo:

1) Eu o indiquei para o cargo.

2) Eu lhe indiquei ficar longe daquela pessoa.

3) Ele se indicou para o papel no cinema.

Como dizer só em um ou só em poucos termos que é um verbo "multiúso"?

Muitíssimo obrigado e um grande abraço!

Geobson Freitas Silveira Agente Público Bela Cruz, Brasil 314

Poderiam me informar se há alguma doutrina que oriente a não usar a preposição após sugerindo a locução «depois de» em seu lugar?

Pergunto isso porque , sem mencionar o nome da obra tampouco seu autor, vi em um manual do tipo “dicionário de dúvidas de português”, o qual não aconselha o uso dessa preposição sugerindo substituí-la por «depois de».

Dhiego Rodrigues Estudante Campina Grande, PB, Brasil 338

Se, por exemplo, estou numa manhã ou tarde de um dia qualquer e quero me referir à noite que está por vir (ou seja, à noite do mesmo dia), qual pronome devo usar?

Quero aplicar o devido pronome à sentença: «O evento acontecerá [pronome] noite.»

Vejo com frequência pessoas usando essa e esta, inclusive no trecho de uma telenovela que tem em sua cronologia e contexto um intelectual do início do século passado – XX.

Entretanto, acredito que, ao menos, a construção da frase mereça a proposição em e, sendo assim, a dúvida se restrinja aos pronomes nessa ou nesta.

Aprecio o espaço. Obrigado.