DÚVIDAS

O uso de asiático como nome
Antes de mais, gostaria de vos felicitar pelo vosso extraordinário trabalho e pelo esforço contínuo em promover o conhecimento e o bom uso da língua portuguesa. O vosso contributo é, de facto, notável e inspirador para todos os que valorizam o rigor e a beleza da nossa língua. Venho solicitar o vosso esclarecimento sobre a seguinte questão: No segmento «um grande ‘asiático’ português» (texto de Pedro Mexia), como se classificam – em termos de classe e subclasse gramatical – as palavras que o compõem? Obrigado.
Demonstrativos e adjuntos adverbiais de tempo
Se, por exemplo, estou numa manhã ou tarde de um dia qualquer e quero me referir à noite que está por vir (ou seja, à noite do mesmo dia), qual pronome devo usar? Quero aplicar o devido pronome à sentença: «O evento acontecerá [pronome] noite.» Vejo com frequência pessoas usando essa e esta, inclusive no trecho de uma telenovela que tem em sua cronologia e contexto um intelectual do início do século passado – XX. Entretanto, acredito que, ao menos, a construção da frase mereça a proposição em e, sendo assim, a dúvida se restrinja aos pronomes nessa ou nesta. Aprecio o espaço. Obrigado.
Para e objeto indireto
Gostaria de aprender a diferenciar com mais exatidão um objeto indireto de outros termos da oração. Na frase: «Promovi uma festa para os alunos.» Nesse caso, «Para os alunos» seria um objeto indireto, por mais que o verbo seja transitivo direto, quem promove, promove algo, certo? Porém, vi em uma aula como adjunto de finalidade, o que me deixou bem confuso, até porque li em um site de estudo que dizia que, na frase «comprei um carro para ela», «para ela» seria o objeto indireto, e isso me parece semelhante a outra frase com o verbo promover. Gostaria muito de entender melhor sobre isso. Obrigado.
A sintaxe do verbo aplicar
«Na verdade, ficou demonstrado pela prova documental e testemunhal recolhida na fase instrutória, que este aluno tinha os instrumentos de avaliação, testes de avaliação sumativa, fichas de avaliação e de trabalho exatamente iguais a todos os seus colegas, OS/AOS quais não tinham sido aplicadas quaisquer medidas de suporte à aprendizagem e à inclusão, no âmbito da educação inclusiva.» Deve-se escrever «os» ou «aos» antes de «quais»? As vírgulas estão todas bem empregadas? Obrigado.
Predicativo do complemento oblíquo
Estou com dificuldades em analisar sintaticamente a frase «Fiz do recreio uma festa». A minha primeira intuição foi considerar o constituinte «uma festa» complemento direto e o constituinte «do recreio» complemento oblíquo. Mas fazendo a substituição pronominal do complemento direto não me soa muito gramatical a frase «Fi-la do recreio». Parece-me que aqui o verbo fazer se comporta como um verbo transitivo direto, no sentido de «Transformei o recreio numa festa». Neste caso «o recreio» seria complemento direto e «uma festa» seria predicativo do complemento direto. Substituindo o complemento direto pelo pronome, ficaria «Transformei-o numa festa», o que é perfeitamente gramatical. O problema da primeira fase é que em termos de sentido ela é equivalente à segunda frase, mas as categorias sintáticas não me parecem encaixar bem. Outro exemplo: «Fiz o João feliz». Aqui não me parece haver dúvidas: «o João» complemento direto e «feliz» predicativo do complemento direto («Fi-lo feliz»). Mas, retomando o primeiro exemplo, eu poderia dizer, com um significado semelhante: «Fiz do João uma pessoa feliz». E, com a estrutura do verbo fazer, o complemento direto passaria a ser «uma pessoa feliz» e «do João» complemento oblíquo. Mas mais uma vez não me parece muito gramatical a construção: «Fi-la do João.» Obrigado.
Complemento do adjetivo e pronome lhe
Gostaria de saber se de facto estou a analisar de forma correta a seguinte frase: «Este encontro entre o desejo de tornar Camões acessível a todos e a realidade de um autor reverenciado, mas pouco lido, tem sido um desafio.» Sujeito: «Este encontro entre o desejo de tornar Camões acessível a todos e a realidade de um autor reverenciado, mas pouco lido.» Predicado: «tem sido um desafio» Predicativo do sujeito: «um desafio» Agora, quanto ao sujeito, vejo um grupo nominal principal («Este encontro») e um complemento do nome encontro: «entre o desejo de tornar Camões acessível a todos e a realidade de um autor reverenciado, mas pouco lido» Continuando a análise em caixinhas dentro de caixinhas, este complemento do nome é constituído por dois grupos nominais, sendo o primeiro «o desejo de tornar Camões acessível a todos», e o segundo «e a realidade de um autor reverenciado, mas pouco lido». Deixarei para depois a análise deste último complemento que integra uma oração coordenada adversativa. Para já interessa-me esclarecer o constituinte «entre o desejo de tornar Camões acessível a todos». É composto por um grupo nominal «o desejo» e por sua vez por outro complemento do nome «de tornar Camões acessível a todos» assegurado por uma oração subordinada completiva. Gostaria de proceder à análise sintática independente desta oração completiva: «Camões» seria complemento direto do verbo tornar;«acessível a todos» seria predicativo do complemento direto «a todos», complemento do adjetivo acessível. A minha dúvida é esta: é defensável a ideia de que «a todos» seja complemento indireto?. Exemplo: «Eu tornei Camões acessível a todos»/ «Eu tornei-lhes Camões acessível» (parece-me pouco gramatical). Obrigado e bom trabalho.
ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de LisboaISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa