DÚVIDAS

A pontuação no discurso direto (2)
O meu grande agradecimento ao ciberduvidas. E felicitações pelo contributo para a Língua Portuguesa. A resposta foi dada em várias entradas. Parece consensual esta forma: «— Amanhã vai chover — disse o Manuel. — O céu está muito escuro. Neste exemplo, o primeiro travessão serve para introduzir a fala da personagem (3), e o segundo, para separar o que é fala da personagem do que é discurso do narrador. O primeiro ponto justifica-se porque termina o período (2). O terceiro travessão é de novo sinal de introdução do discurso directo e termina com a pontuação respetiva. Como o locutor é o mesmo, não há mudança de linha.» Encontro uma forma diferente de pontuação e de uso da maiúscula na frase intercalada num autor e peço esclarecimento sobre a sua correção e aceitação: A «– Nem desses plenários tive conhecimento. – Garanti. – Nada tenho a ver com isso.» B «– Simplifiquei ao máximo e menos do que isto é impossível. – Explicou. – Mas eles não querem estudar e não vão concordar com nada.» C «– Como não há?! – E eu próprio fui procurar aquele produto insubstituível. – Ora vê! Está aqui!...»  Muito obrigada.
Subordinadas e subordinante
Sou professora de português e surgiu a dúvida entre colegas relativamente à divisão de orações da seguinte frase: «Apesar de todas as dificuldades que o país enfrenta, importa estar ciente que é no mar que voltaremos ao desejado rumo para um futuro melhor para Portugal.» Na nossa perspetiva, na frase há quatro orações pela seguinte ordem: subordinada adjetiva relativa restritiva, subordinante, substantiva completiva, substantiva completiva. Pensamos que «Apesar de todas as dificuldades» e «para um futuro melhor para Portugal» não constituem só por si orações, visto que não existe verbo. Gostaríamos que nos explicitassem este assunto. Desde já agradeço a atenção dispensada.
Nogado e nógado
Sempre considerei que a grafia (e a pronúncia) da palavra nogado deveria ser assim mesmo, ou seja, sem acento e tendo como sílaba tónica a sílaba ga. Hoje tive ocasião de ver uma reportagem da RTP [1] onde não só se escrevia como se pronunciava "nógado". Em todos os dicionários onde procurei só mencionam nogado, com exceção da Infopedia, que admite as duas formas. A minha dúvida é se "nógado" é simplesmente uma versão corrompida da palavra original, que ganhou força por via da repetição, ou se existe algo mais que justifique a adoção dessa forma, que me parece estranha e afastada tanto do latim nucatus quanto do francês nougat (havendo até a versão nugá na língua portuguesa). Muito obrigado pela atenção.   [1 O consulente refere-se a um apontamento da RTP sobre um nógado de mais de 60 m, confecionado para assinalar os festejos do Carnaval de 2019 na localidade de Vimieiro, no concelho de Arraiolos (Évora).]
«Cancro do....» vs. «cancro de...» II
Apesar das abonações citadas pela consultora Sara Mourato, em 27/2/2019, em que se omite o artigo definido, creio que ele deve ser obrigatório quando se nomeiam órgãos do corpo humano. Dizemos, por exemplo: «o pâncreas produz insulina» (e não «pâncreas produz insulina»); «o coração batia forte» (e não «coração batia forte»); «o útero compõe o aparelho reprodutor feminino» (e não «útero compõe o aparelho reprodutor feminino»). Portanto também: «moléstia do pulmão», «ele sofre do coração», «tumor da próstata», «inflamação dos rins», sempre com o artigo. Cordialmente.
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