Consultório - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Início Respostas Consultório Área linguística: Semântica
Fernando Ferreira Benavente , Portugal 275

A palavra "banditagem" está correta? Foi-me dito que essa forma não existe e que a única grafia é bandidagem.

É de facto assim?

Obrigado.

José de Carvalho Reformado Lisboa-Cascais, Portugal 403

Quando eu era menino e moço, uma constipação era algo que assim era chamado quando existia mucosidade no nariz, acompanhado de um estado mais ou menos febril.

Se passava dois dias sem obrar, tinha prisão de ventre.

Mais tarde, já no secundário, na disciplina de Inglês, aprendi o termo constipation, equivalente a «prisão de ventre» em português.

Hoje, é vulgar ver escrito e ouvir constipação na aceção de prisão de ventre desde então.

Pergunto: que vocábulo devo hoje usar para me referir à constipação dos meus tempos de menino e moço?

Maria João Correia Professora Tomar, Portugal 272

Pergunto se esta frase está correta:

«A doença deve ser informada por escrito pelo trabalhador.»

Não deveria ser "comunicada"?

Se passarmos da forma passiva para a ativa, temos «O trabalhador informa a doença por escrito».

Quando se informa, informa-se alguém, o que não acontece no exemplo apresentado.

Grata.

Sávio Christi Ilustrador, quadrinista, escritor, pintor, letrista e poeta Vitória (Espírito Santo) , Brasil 343

Qual a diferença entre as palavras união e reunião?

Esse re- em reunião seria originalmente indicação de que aquele coletivo estava se unindo novamente?

Se assim for, pode explicar o motivo por que se usa o termo reunião desde a primeira vez?

Muitíssimo obrigado e um grande abraço!

Diogo Maria Pessoa Jorge Morais Barbosa Estudante Lisboa, Portugal 342

Sempre ouvi e li a expressão «da noite para o dia». No entanto, topei agora com um «do dia para a noite».

É também uma expressão correta? A outra é mais "consagrada", digamos assim?

Obrigado

Abílio Silveira Médico Macedo de Cavaleiros, Portugal 307

Deve dizer-se "O médico fez dez consultas" ou "Dez doentes consultaram o médico"?

Em linguagem corrente, diz-se que foi o médico que fez as consultas. Mas, de facto e tecnicamente, são os doentes que, perante um problema de saúde que os aflige, consultam o médico para uma orientação diagnóstica e terapêutica.

Se em vez de dizer "consultei dez doentes", disser "fiz dez consultas", o problema só se agrava.

Qual é a forma correta? Ou ambas são corretas?

Obrigado.

Obindinachukwu Desiré Yema Estudante de Matemática São Paulo, Brasil 442

Entro em contato para sanar uma dúvida que me acompanha há algum tempo. Trata-se da locução «com que».

A construção completa é a seguinte:

«Lembro com que sentimento de encanto folheava o caderno que um vizinho me emprestara, contendo as lições de um quase nada daquela língua que ele aprendera quando seminarista.» (Extraído do prefácio da tradução de Irineu Bicudo de Os Elementos de Euclides.)

Para a análise, apenas a primeira oração é importante:

«Lembro com que sentimento de encanto folheava o caderno que um vizinho me emprestara.»

Minha pergunta é: o que significa exatamente esse «com que» nesse contexto? Como parafrasear essa oração? Seria esse um caso de anástrofe – isto é, uma passagem de «Lembro que, com sentimento de encanto, folheava o caderno que um vizinho me emprestara» para «Lembro com que sentimento de encanto folheava o caderno que um vizinho me emprestara»?

Tenho, porém, fortes dúvidas, porque em minhas pesquisas encontrei outro uso de «com que» que não parece decorrer de uma inversão:

«Mas, com que sentimento inesperado fui surpreendido pela visão quando cheguei diante dela! Uma impressão total e grandiosa preencheu a minha alma, impressão que eu certamente pude saborear e desfrutar, mas não conhecer e esclarecer, porque consistia em milhares de particularidades harmoniosas entre si.”* (Excerto de Escritos sobre Arte, Johann Wolfgang Goethe, tradução de Marco Aurélio Werle, 2008, 2.ª edição.)

Caso seja possível, agradeço se puderem indicar referências sobre essa locução «com que» e seu funcionamento sintático.

Olivia Douro Estudante Portugal 375

Gostaria de saber por que razão vários dicionários em linha (v.g. Priberam, InfopédiaDicionário da Língua Portuguesa da Academia das Ciências de Lisboa) e até o próprio Ciberdúvidas registam apenas um único significado para a palavra estadual (definindo-a como se referindo a algo relativo a Estado-membro de uma federação, e, por isso, diferente de estatal) quando a mesma palavra encontra uso em legislação portuguesa.

Uma pesquisa feita a partir do motor de busca no Diário da República em linha mostra que o seu uso mais antigo, pelo menos segundo o sítio, remonta a 1960, se bem que ela continua a ser usada, podendo ser mencionado, por exemplo, o conceito de «derrama estadual».

Qual a origem de estadual relativamente a estatal, e serão então as duas palavras sinónimas?

Agradeço desde já.

 

Caio Henrique Estudante Rio de Janeiro, Brasil 406

«Eu gostaria de ajudá-la.»

«Ele as incentivou a ajudarem-no.»

Na primeira frase , seria possível haver uma mesóclise? Ex.: «Eu gostá-lo-ia de ajudar.»

A pergunta surge porque eu o tinha como verbo auxiliar.

«c) vontade ou desejo: querer escrever, odiar escrever, desejar escrever, […]»

Porém, gostar aparentemente não é. Parece sensitivo, então, não?

Na segunda frase, gostaria de saber se o verbo incentivar possui as características de um verbo causativo.

A dúvida surge porque, conquanto – na minha linha de raciocínio – existam os elementos de um verbo causativo, há, aqui, uma preposição (diferente dos vários verbos causativos com os quais estou acostumado). 

Em minha cabeça não tão familiarizada com terminologias diferentes, neste caso, ou é um verbo auxiliar (a flexão do infinitivo estaria errada), ou é um verbo causativo (a flexão do infinitivo também estaria errada). Há um terceiro elemento que paira sobre mim, e eu não o vejo? 

Obrigado. 

Bruno Costa Técnico de marketing Paço de Arcos, Portugal 299

Recentemente usei a expressão «taxas aduaneiras», tendo sido corrigido para utilizar «direitos aduaneiros».

Poderão esclarecer-me, por favor?

Agradecido pela atenção.