Consultório - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Início Respostas Consultório Área linguística: Semântica
Ian Fauzi Oliveira Estudante Juiz de Fora, Brasil 331

Na expressão «nos idos do Império Romano», como o Império Romano não existe mais, remetendo-se, obviamente, a um passado distante, o uso do termo idos não seria redundante e desnecessário? Por fim, qual o equivalente vocabular mais próximo de idos?

Grace Montenegro Enfermeira Porto, Portugal 289

Antes de mais, aproveito para reiterar o meu agradecimento à fantástica equipa do Ciberdúvidas, que me tem ajudado muito a aperfeiçoar o idioma português.

O assunto que trago hoje é alusivo a um acontecimento repentino que pode surgir no quotidiano. Como tal, gostaria de saber se se diz: «numa fração de segundo», ou «... segundos»?

Já ouvi as duas versões, mas suscitou-me alguma ambiguidade no caso de fração (no singular), conjugada com segundos (no plural). Por outra parte, também já ouvi dizer «em frações de segundos...

Qual é a forma correta?

(I) «Em frações de segundos, o utente exteriorizou o cateter e encheu o leito de sangue.»

A questão é: com quais das expressões -– acima assinaladas – poderia contruir esta frase?

José Miguel Figueiredo Engenheiro Portugal 221

O verbo frequentar é descrito como «ter certa convivência com» ("frequentar", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa),  e «viver na intimidade de; conviver com» (Dicionário infopédia da Língua Portuguesa).

Encontro, no entanto, apenas um exemplo desta aplicação, no Dicionário Online do Português: «Possuir convivência com; ter intimidade ou ser íntimo de: "ele gostava de frequentar bares noturnos"», o que não se afigura de tudo um bom exemplo.

Em que medida e situações o verbo frequentar pode ser usado para exprimir «viver na intimidade de; conviver com»?

Rodrigo Munari Professor São Caetano do Sul , Brasil 277

Gostaria de saber se é apropriado o uso do subjuntivo na frase abaixo, isto é, quanto à utilização da palavra desenvolvessem:

«Havia diferentes formas de intervenção, e, na maioria dos casos, os presidentes não agiam ao arrepio da lei, mesmo quando desenvolvessem uma atuação nitidamente partidária, que era a que se manifestava nas nomeações e demissões de autoridades locais importantes, como delegados e subdelegados, nas proximidades dos pleitos.»

Grato!

Francisco Castro Nieto Professor Ponte Vedra (Galiza), Espanha 215

Venho por este meio pedir algum esclarecimento sobre os substantivos grémio (masc.) e guilda (fem.), que apresentam certo grau de sinonímia nas aceções recolhidas em vários dicionários embora nos textos de História, diversamente, pareçam corresponder a realidades diferentes. Transcrevo, para ilustrar, o seguinte trecho:

«Os soldados pertenciam frequentemente a associações conhecidas como collegia. Eram similares aos grémios comerciais ou às guildas do mundo civil e, à semelhança destes, a sua organização incluía oficiais, regras e protocolos.» Gladius. Viver, lutar e morrer no Exército Romano, De La Bédoyère, Guy. Ed.Crítica.

Indico também a seguir os significados dados por alguns dicionários para estes dois vocábulos.

Grémio • Dicionário Houaiss: «5.1 Corporação de ofício (Ex.: ).» • Porto Editora online: «Grupo de entidades patronais que exploram ramos de comércio ou indústria mais ou menos afins.»

Guilda • Dicionário Houaiss: «Associação que agrupava, em certos países da Europa durante a Idade Média, indivíduos com interesses comuns (negociantes, artesãos, artistas) e visava proporcionar assistência e proteção aos seus membros.» • Dicionário Priberam da Língua Portuguesa: «Organização de mercadores, de operários ou artistas ligados entre si por um juramento de entreajuda e de defesa mútua.» • Porto Editora online: «(HISTÓRIA) associação corporativa medieval que agrupava os indivíduos de um mesmo ofício (mercadores, artesãos, etc.) para fins de assistência e proteção de interesses comuns, geralmente regida por regras próprias e com jurisdição e privilégios exclusivos.»

Poderão comprovar do anterior que grémio e guilda são ambos definidos como corporações de ofício.

Acho, contudo, que no contexto da História e dos estudos históricos não são sinónimos.

Visto que a minha procura nos dicionários consultados não conseguiu esclarecer suficientemente esta dúvida, agradecia que pudessem trazer alguma luz sobre as diferenças entre grémio e guilda.

Agradeço de antemão a atenção dispensada e fico à espera da vossa resposta.

Grace Montenegro Enfermeira Porto, Portugal 267

Gostaria de saber se noiva e nubente são completamente sinónimos.

Segundo o dicionário da Porto Editora, noiva significa «mulher que está para casar ou que está casada há pouco». Faz sentido, porque mesmo recém-casada, lhe costumamos chamar noiva.No entanto, a minha dúvida é se se pode também chamar nubente a uma mulher que acaba de se casar.

Podem elucidar-me, por favor? Consultei algumas fontes, mas não consegui encontrar uma explicação coerente.

Muito obrigada!

Gabriel Monteiro Professor Belém, Brasil 519

Atualmente, é possível encontrar em dicionários a distinção semântica entre os verbos pontuar e pontoar. O primeiro, em síntese, significa «usar sinais de pontuação», ao passo que o segundo guarda o sentido de «marcar pontos» em torneio, certames, competições, etc. É incontestável que os verbos citados possuem outros significados, mas a dúvida incide sobre a (im)possibilidade de se utilizar pontuar com o sentido de «marcar pontos». Vejamos algumas observações:

1. Cegalla, em seu Dicionário de dificuldades da língua portuguesa, estabelece tal separação de sentido: pontoar para marcar pontos em torneio, pontuar para sinais de pontuação.

2. O Dicionário Houaiss também discrimina os sentidos, mas, ao fim do verbete pontuar, sinaliza que este é sinônimo derivado de pontoar.

3. O Dicionário Caldas Aulete, hodiernamente, registra pontuar com o sentido de «marcar pontos».

4. O Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa indica pontuar com o sentido de «usar sinais ortográficos».

5. Os dicionários MichaelisPriberam diferenciam pontuar e pontoar conforme a corrente majoritária (o primeiro para sinais de pontuação, o segundo para marcar pontos).

6. Em dúvida similar enviada à Academia Brasileira de Letras, a resposta que obtive contempla o verbo pontuar com os sentidos de «4 t.d. atribuir grau, nota, ponto a (prova, trabalho, desempenho etc.) <o professor esqueceu-se de p. duas questões>» e de «5 int.; desp marcar pontos <p. numa partida de muitos gols>».

Diante do que foi exposto, minha dúvida remanesce em razão da massiva divulgação por professores de que construções como «o aluno pontuou pouco no certame» estariam incorretas. Logo, pergunto: é aconselhável escrever com tal distinção, é obrigatório ou é facultativo?

Obrigado

João Manuel de Matos Ramos Magistrado Pampilhosa da Serra, Portugal 173

Qual das duas designações está correta, "alfamenses" ou "alfamistas", ou ambas ?

Obrigado.

Miguel Barros Engenheiro Viseu, Portugal 351

Já vi o tema «meio-dia e meio» debatido noutros sítios, inclusive pelo Sr. José Neves Henriques e pela Sra. Carla Marques, mas não fiquei convencido com os argumentos usados.

Vou tentar expor a minha visão da melhor maneira.

Meio-dia designa uma hora específica: 12h00. A «hora 12» é feminino, o «meio-dia» é masculino; são sinónimos. Não é o único exemplo na língua portuguesa de uma palavra masculina composta por justaposição que designa algo feminino.

Eis outros exemplos: um amor-perfeito é uma planta/flor, um bate-boca é uma discussão, um ano-luz é uma distância, um pé-de-cabra é uma ferramenta. Pegando neste último, se se tiver uma quantidade de x,5 unidades (x objetos inteiros + metade de outro) o correto é dizer-se «um pé-de-cabra e meio» e não «um pé-de-cabra e meia [ferramenta]».

Existe concordância em género e a mesma verifica-se para termos femininos; «quatro sextas-feiras e meia» é correto, «quatro sextas-feiras e meio [dia]» é incorreto.

Ora, tendo em conta os exemplo anteriores, por que motivo dizer que «meio-dia e meio», quando se está a referir claramente a uma hora concreta + metade dessa própria hora (a hora 12 + 30 minutos, 12h30), é considerado gramaticalmente incorreto?

Não se criou uma exceção ao não se aceitar que meio está relacionado com o substantivo masculino «meio-dia», e se está a interpretar erradamente que alguém está a querer dizer “meio-dia e meio hora”? Não será este caso único onde o género implícito do objeto/conceito (neste caso, a hora) se sobrepõe ao género da palavra que o designa («o meio-dia»)?

Obrigado

Sávio Christi Ilustrador, quadrinista, escritor, pintor, letrista e poeta Vitória (Espírito Santo), Brasil 204

As palavras inimigo, desafeto e rival são sinônimas absolutas?

Sinônimas conforme o contexto em si? Ou não são sinônimas de jeito nenhum?

Muitíssimo obrigado e um grande abraço!