DÚVIDAS

Ironia: «O Criador tem muitos amigos!»
Solicito a vossa colaboração de forma a esclarecer, se possível, a dúvida que de seguida apresento. «No final do livro, Darwin menciona a possibilidade de todos os organismos terem tido origem numa única forma primordial, mas em privado pensava que essas origens antigas eram irrecuperáveis. Na segunda edição, Darwin incluiu um comentário em que afirmava ser possível conceber um Criador que tenha permitido às espécies criarem-se a si próprias, e que as primeiras formas orgânicas tenham adquirido vida a partir do “sopro do Criador”. Darwin foi-se tornando agnóstico ao longo da vida, mas não era imune a pressões e o Criador tem muitos amigos!» Considerando a informação presente no excerto transcrito, poderemos considerar que, para além da ironia, na expressão "'o Criador tem muitos amigos" está presente uma metáfora? Obrigado.
Termos da retórica, da oratória clássica e da narratologia
Um estudante universitário tem a tarefa árdua de estudar com base em poucos recursos facultados nas aulas, como todos sabemos. Procurava aprofundar os meus apontamentos de aula, referentes ao exórdio narrativo, socrático e didático, e à narrativa iterativa e singulativa, mas após horas à procura, nada se encontra. Será isto normal? Poderiam ajudar-me com alguma indicação de site aberto a consultar, ou pdf de livro que esteja disponível para consulta, ou mesmo darem-me mais algumas informações, por favor? Agradeço a atenção.
Valor concessivo de oração introduzida por a
Por gentileza, seria correto dizer que o valor semântico estabelecido pela preposição a no verso abaixo de Santa Rita Durão é de concessão, sendo parafraseável por «apesar de»? «Os perigos, os casos singulares,/ Que por mais de mil léguas toleramos,/ Não contara, depois que no mar erro,/ A ter o peito de aço, e a voz de ferro.» (Caramuru, canto VI, estrofe XXVI)
A interjeição como classe de palavras e como recurso expressivo
Sou professora de português do 2.º ciclo e precisava da vossa ajuda na seguinte situação: no passado ano letivo (5.º ano) começou a aparecer nos manuais escolares a interjeição como classe de palavras e como recurso expressivo. Parece-me estranho porque no mesmo livro acabamos por ter um termo – interjeição – associado a dois conteúdos diferentes. Esta situação causa alguma confusão na cabeça dos alunos. Gostaria de saber se, do ponto de vista científico, é correto existir esta situação. Muito obrigada.
Comparação: «como se uma invisível cortina os separasse»
Gostaria de saber se na frase «Só que agora quase não conversavam, era como se uma invisível cortina os separasse», retirada da obra O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá, também podemos aceitar que existe uma metáfora? Efetivamente, há uma comparação e penso que será só este recurso. Do meu ponto de vista, a expressão «era como» estabelece a comparação, que dá ênfase ao silêncio e ao afastamento que havia entre os dois seres («invisível cortina»). Muito obrigada pela atenção.
ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de LisboaISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa