Consultório - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Início Respostas Consultório Classe de palavras: pronome
Farajollah Miremadi Engenheiro Lisboa, Portugal 5K

Podiam esclarecer se a resposta dada em "O relativo quem e a preposição a" está em contraste com o que já se tinha dito na resposta "O emprego dos relativos que e quem" (26/09/2018, ponto iii), no qual se diz que «quem não pode ter a função de sujeito, nem complemento direito»?

Segundo o primeiro documento, quem pode ter qualquer destas funções, como podemos ver nos exemplos 4 e 5 ali.

Como é que é possível que a frase «Sei quem a Rita encontrou no cinema» esteja correta, enquanto a frase «Chegou o rapaz quem conheci» é gramatical?

Será forma correta se removermos «o rapaz» e dissermos «Chegou quem conheci»?

Julian Alves Estudante Rio de Janeiro, Brasil 2K

Eu tinha de fazer essa pergunta a vocês antes, porém não me foi possível, então faço a vocês agora.

A consultora Carla Marques respondeu a um consulente a respeito do verbo alcançar, presente na obra de Machado de Assis O Alienista. Confesso que, depois da explicação dela, fiquei confuso, pois não consegui compreender a construção em outras situações: «[…] não podendo el-rei alcançar dele que ficasse em Coimbra, [… ]» (Machado de Assis, O Alienista)

Leve em consideração a seguinte exposição:

1.º Se se trata do verbo alcançar como transitivo direto e indireto (conforme foi apontado por Carla Marques), por que o pronome dele parece exercer a função de sujeito de «ficasse em Coimbra», quando na verdade tal exerce função de objeto indireto? Assim sendo, é como se a frase pudesse ser estruturada do seguinte modo: «… não podendo el-rei alcançar de que ele ficasse em Coimbra…».

2.º Se eu estiver errado a respeito da observação do pronome como sujeito, então seriam permitidas as construções do tipo: «… não podendo el-rei alcançar de mim/ti que ficasse/ficasses em Coimbra…»

3.º Mas, se eu estiver certo na minha observação do referido pronome como sujeito, então permitidas seriam tais construções: «… não podendo el-rei alcançar de eu/tu que ficasse/ficasses em Coimbra…» Ou: «… não podendo el-rei alcançar de que eu/tu ficasse/ficasses em Coimbra…»? Se sim, por quê?

4.º A frase de Machado de Assis poderia escrever-se no modo reduzido assim: «… não podendo el-rei alcançar de ele que ter ficado em Coimbra…»?

5.º Seria correto substituir o verbo alcançar pelos verbos conseguir e obter (já que o dicionário Aurélio as apresenta como sinônimas) na frase original de Machado de Assis: «… não podendo el-rei conseguir/obter dele que ficasse em Coimbra…»?

Desculpem-me por minha exposição ser tão extensa.

Desde já, meu muitíssimo obrigado.

José de Vasconcelos Estudante Foz do Iguaçu, Brasil 2K

Maria Helena Mira Mateus, na sua Gramática da Língua Portuguesa, pág. 266, diz que «quando o objecto directo é o pronome relativo quem, ocorre obrigatoriamente precedido da preposição a

Em virtude disso fiquei na dúvida se construções, como «Eu vi quem o viu» e «Eu vi quem o atropelou» – bem que corriqueiras – não seriam erróneas.

Em que contexto é que o relativo quem deve vir obrigatoriamente precedido da preposição a?

Muito obrigado!

Fernando Bueno Engenheiro Belo Horizonte, Brasil 1K

«Ele sempre costumava fazer comentários maldosos sobre os colegas, contra o que sempre fui.»

Há alguma impropriedade na frase acima?

Obrigado.

Rogério Fernandes Engenheiro Almada, Portugal 9K

No texto

«E, tomando o cálice, e dando graças, deu-lho, dizendo: "Bebei dele todos; Porque isto é o meu sangue, o sangue do novo testamento, que é derramado por muitos, para remissão dos pecados. E digo-vos que, desde agora, não beberei deste fruto da vide, até aquele dia em que o beba novo convosco no reino de meu Pai." Mateus 26:27-29»

...a expressão «bebei dele...» refere-se ao vinho ou ao cálice?

Maria Rosa Professora Grândola, Portugal 1K

Na frase «Vamos lá, Carlos, mexe-te!», qual a função sintática desempenhada pelo pronome te?

Obrigada.

João Saavedra Estudante Lisboa, Portugal 5K

A dúvida surge na seguinte frase:

«Na segunda parte do trabalho, pretendeu-se determinar as constantes cinéticas da invertase de S. bayanus

A construção frásica «pretendeu-se determinar» está correta, ou deveria ser «pretendeu determinar-se»? Ou será que ambas são aceites?

Na Gramática do Português, volume II (organizada por Eduardo Buzaglo Paiva Raposo, Maria Fernanda Bacelar do Nascimento, Maria Antónia Coelho da Mota, Luísa Segura e Amália Mendes, publicada pela Fundação Gulbenkian), no sub-capítulo "Propriedades dos verbos auxiliares", a secção sobre construção passiva pronominal apresenta os exemplos «Pretende-se corrigir os exames antes do fim do mês», «Pensou-se expulsar os diplomatas bizantinos» ou «Lamentou-se perder as chaves da casa» (p. 1249) como estando gramaticalmente corretos.

Matos Santos Estudante Anagé, Brasil 2K

Sobre a frase «Espero poder tornar-me alguém de que gosto um dia», disseram-me que está incorreta, mas não percebo a razão.

Perguntei a alguns portugueses se lhes soava poética ou estranha. Uns disseram que "de quem gosto" soava melhor e outros "de quem goste".

Analisemo-la um pouco melhor. Dividirei a frase em duas partes: "Espero poder tornar-me alguém" e "Alguém de que gosto".

Como vedes, omitirei "um dia", pois não penso que mudará a frase completamente.

Podemos dizer que a segunda parte tem um "adjectivo" ("de que gosto") e pode ser substituído por um outro adjectivo (por exemplo, "agradável").

Quanto à primeira, "Espero" influencia "poder tornar-me", mas não parece influenciar directamente "alguém". Quem desempenha essa função é "tornar-me". Podemos dizer "Espero poder tornar-me alguém agradável" ou "Torno-me alguém de que gosto", penso eu.

O que quero dizer é que, em "Espero poder tornar-me alguém de quem goste", "Espero" parece harmonizar toda a frase. Mas em "Espero poder tornar-me alguém de que (ou de quem) gosto", "tornar-me alguém" passa a influenciar "de que gosto". Portanto não penso que a frase «Espero poder tornar-me alguém de que gosto um dia.» esteja incorrecta, se o que digo faz sentido.

Estou um pouco confuso e gostava duma explicação mais aprofundada.

Agradeço-vos o serviço!

José Garcia Formador Câmara de Lobos, Portugal 3K

Relativamente à atração exercida pela conjunção subordinativa, e devido ao facto de estarmos perante frases longas, agradecia que me esclarecessem se a próclise continua a fazer sentido nas mesmas:

«A afirmação é verdadeira PORQUE, na infância, sonhamos muito e iludimo-NOS muito.»

«A afirmação é verdadeira PORQUE, quando ele vê um castelo ou vai à praia, recorda-SE da infância e LEMBRA-SE que esse sonho foi destruído.»

Em relação à segunda frase, perguntava se é obrigatória a preposição de regida pelo verbo lembrar-se («lembra-se de que»).

Cordialmente

Lucas Tadeus Estudante Mauá, Brasil 1K

Corre em Portugal usarem o pronome de caso reto ele como objeto? Por exemplo: «Eu amei "ela".»

Foi uma invenção do Brasil ou teve origens com os portugueses que cá vieram?