DÚVIDAS

O uso de ele como complemento direto (dialetal)
Primeiramente gostaria de cumprimentá-los pela excelente prestação de serviços com que somos brindados pelo Ciberdúvidas! No português brasileiro, a oposição pronome reto X pronome oblíquo átono não é levada a sério na fala espontânea, ficando restrita à língua escrita formal. Assim, são comuns frases como «eu conheço ele», «eu encontrei ela», «eu vi elas», etc. O único caso que se obedece é a oposição eu e me e, mesmo assim, entre pessoas de muito baixa escolaridade, pode-se ouvir um «ele viu eu» ou, ainda pior, «ela me viu eu». [...] Eu gostaria de saber, afinal, se em Portugal, na fala espontânea, podem-se encontrar construções com o pronome reto empregado em vez do oblíquo átono. PS.: Não há problemas para o brasileiro, mesmo de pouca instrução, em relação às formas tônicas.
Pronomes átonos: «Passeiam... a te buscar-te a ti» (Vinicius de Morais)
Assim é a primeira estrofe do poema "O Mergulhador", do poeta brasileiro Vinicius de Moraes: «Como, dentro do mar, libérrimos, os polvosNo líquido luar tateiam a coisa a virAssim, dentro do ar, meus lentos dedos loucosPasseiam no teu corpo a te buscar-te a ti.» Para além do efeito poético que a prodigalidade dos pronomes oblíquos proporciona, que relações gramaticais poderiam ser identificadas nesse emaranhado deles? Já me deparei com pronomes oblíquos tônicos sucedidos por átonos, mas sempre atribuí a um pleonasmo são. Em tais casos, porém, não me oriento bem.
Pronome recíproco: espanhol vs. português
A seguinte situação é-me um bocado confusa, pois lamentavelmente tenho dificuldade em parar de pensar de acordo com a gramática de um dos meus idiomas maternos, o espanhol. No espanhol, é possível construir a frase imperativa «apriétense las manos!» ou «dense las manos!», pois no espanhol, estamos a mandar fazer essa ação reciprocamente. Em português, não entendo porque só há de ser «apertem as mãos» e «deem as mãos» (versus estas supostas frases erradas segundo os nativos de português: “apertem-se as mãos” e “dêem-se as mãos.) Agradeço antecipadamente a vossa resposta.
Mesmo e oração relativa
Numa ficha de 11.º ano vi o seguinte: «Na frase "O silêncio assume a mesma importância QUE pode ter a música" (linha 27) o constituinte sublinhado é ( o constituinte sublinhado é QUE) (A) uma conjunção. (B) um determinante. (C) um pronome. (D) uma preposição.» Na correção afirmam que o constituinte «que» é um determinante... Confesso que não entendo. Gostaria, por obséquio, que me ajudassem a entender. Sei que pode assumir a classe de nome, preposição, pronome, partícula de realce, mas de determinante não consigo ver. Muito obrigada!
O pronome inerente de intrometer-se
O pronome pessoal se pode ter vários valores. Relativamente ao valor reflexo, sabemos que a ação cai sobre quem a praticou, por isso, verbos como vestiu-se, lava-se, deitar-se, etc., são fáceis de identificar. Sei também que a expressão «a si mesmo/próprio» é uma boa maneira de identificação. A minha questão é sobre o que se passa em outros verbos, por exemplo, cruzar-se, intromete-se ou apercebeu-se. A frase «Ele intromete-se (a si próprio) na vidas das outras pessoas» não me parece descabida de todo, no entanto, num livro de exercícios de gramática que estou a usar indicam que este se não tem valor reflexo, assim como nos outros verbos que mencionei. Há alguma outra maneira de identificar mais facilmente o valor do pronome pessoal se?
Combinação e colocação de pronomes pessoais átonos
Desejo saber se é gramaticalmente aceito em Portugal «enquanto me dirigia-lhe». Sei que é válida a soma de pronomes oblíquos como em «deparou-se-me» ou «agradecer-to-ei», coisa que não é válida no Brasil. No entanto, a presença de enquanto antes do pronome oblíquo me exige a próclise. Assim, qual das possibilidades é verdadeira? 1. Enquanto lhe dirigia-me. 2. Enquanto lhe me dirigia. 3. Enquanto me lhe dirigia. 4. Enquanto me dirigia-lhe. 5. Enquanto me dirigia a ela. Felicíssimo pela atenção da equipe do Ciberdúvidas. Sempre me ajudam prontamente quando necessito.
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