É comum observar-se a expressão "Se ocorre P, então ocorre Q", tanto na linguagem coloquial quanto em contexto técnico.
Neste caso, ocorrem-me duas possíveis classificações, que parecem ser, em princípio, conflitantes.
1) A oração «Se ocorre P» é subordinada adverbial condicional, e a oração «então ocorre Q» é a oração principal, em que «então» desempenha função de advérbio. Observa-se que a omissão ou troca de "então" não resulta em qualquer diferença nas sentenças.
2) A oração «Se ocorre P» não parece assumir o papel de oração coordenada sindética. Contudo, é possível omitir-se a partícula se e manter-se a sentença «Ocorre P, então ocorre Q», de sorte que ocorram duas orações coordenadas, sendo a segunda uma oração sindética conclusiva.
Parece-me razoável concluir que a ocorrência de se na primeira oração implica a classificação obtida em (1), dado que não é possível atribuir a se outro valor morfológico senão o valor de conjunção.
Gostaria, por gentileza, de vossa opinião a respeito do assunto.
Grato.
Com referência à consulta de 17/4/2020, cuja resposta circunstanciada abordou elegantemente as sutilezas sintáticas que envolvem a frase examinada, vejo-me forçado a retomar o assunto para aclarar um ponto restante de sombra.
Aqui, o período: «Anda por retos caminhos, que assim vais plasmar tua integridade e a virtude será teu brasão.»
Assumindo, como foi aventado na resposta, que a terceira oração ("e a virtude será teu brasão") é passível de ser considerada subordinada (consecutiva, no caso), seria ela subordinada a qual oração subordinante? À primeira? À segunda? Ou a ambas, que assim formariam um grupo semântico, cuja consequência é exposta na terceira?
Eis o que eu gostaria de saber. Com antecipados agradecimentos.
Durante a tradução dum texto deparei-me com a frase «enquanto crianças, não tivemos opção.» e fiquei na dúvida se o correcto não seria mais «Em crianças, não tivemos opção».No entanto, esta segunda não me soa tão bem como a primeira.
Alterar para «Enquanto éramos crianças (...)», parece-me um pouco rebuscado. Podem esclarecer, por favor?
Um grande obrigado pelo vosso excelente trabalho!
Na frase «Enquanto não trouxermos o estrangeiro até à nossa língua, teremos ficado apenas a meio do caminho», qual é o valor da conjunção enquanto?
Muito obrigada.
Na gramática tradicional a expressão «seja...seja» é considerada uma conjunção coordenativa disjuntiva.Todavia, sabemos que as conjunções pertencem a uma classe fechada de palavras e são invariáveis.
Ora, não é o que sucede com a expressão acima referida. Em inúmeras circunstâncias eu posso utilizá-la como forma verbal e flexioná-la. Já ouvi chamar-lhe expressão anafórica, forma verbal correlacional...
A minha questão é afinal a que classe de palavras pertence? Ou depende do contexto e da forma como é utilizada?
Muito obrigada!
É admissível usar então com valor de conjunção conclusiva?
«Um homem de muito luxo. Era, então, muito rico.»
Na afirmativa «mais um passo, e eu pulo», apesar de não estar explícita a conjunção condicional, há uma interpretação clara nesse sentido.
Como analisaríamos a construção sintática e morfologicamente: o e é conjunção aditiva? «Mais um passo» tem conjunção e verbo elípticos – «se der»? Ou é apenas um expressão condicional e não uma oração?
Obrigada!
Na frase «É conhecida dos historiadores a ação desencadeada pela Companhia de Jesus para obter o monopólio, o controlo total do ensino, quer normal quer universitário», a conjunção quer... quer pode ter sentido de adição além de alternância?
A seguinte construção frasal está gramaticalmente correta?
«Essas funções, com formas ainda desconhecidas, são combinadas aos campos B e Q, respectivamente, tal que as seguintes identidades são construídas:[...].»
Ou seria, «Essas funções, com formas ainda desconhecidas, são combinadas aos campos B e Q, respectivamente, tais que as seguintes identidades são construídas:[...]»?
Gostaria de saber qual a classificação certa para a oração subordinada seguinte:
«Não há nenhum [animal] tão grande que se fie do homem.» (Padre António Vieira)
Não pode a oração ser restritiva? O meu raciocínio é este: os animais grandes não se fiam do homem; os animais que são grandes não se fiam do homem; embora haja animais grandes, estes não se fiam do homem.
O «que» não retoma o «animal grande»? O não se fiar é uma consequência da sua grandeza? A grandeza é uma característica/causa que, apesar de existir, impossibilita, tem como consequência o não se fiarem?
Muito obrigada.
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