DÚVIDAS

Embora como conjunção concessiva
 Tenho muitas dúvidas no uso de embora como conjunção concessiva, para traduzir os três casos do espanhol. O dicionário Porto Editora, que é o que eu uso habitualmente, traduz a conjunção concessiva espanhola aunque por embora, e também por mas ou porém. Estes são os exemplos que coloca o dicionário: «aunque ˈauŋke conjunção 1. embora [+conjuntivo] aunque llovía a cántaros, fueron al cine embora chovesse a cântaros, foram ao cinema 2.mas, porém no traigo todo, aunque traigo algo não trago tudo, porém trago alguma coisa» Mas para mim o problema é que em espanhol há três casos de orações concessivas, que não sei como traduzir ao português: I. O primeiro é o de situações reais habituais, ou seja, ações que acontecem habitualmente assim (no presente), ou aconteciam assim (no passado). Por isso, no exemplo de Porto Editora, em espanhol haveria que traduzir: - “Aunque llueva a cántaros, van al cine” (realidade que acontece habitualmente, muitas vezes). - Ou também: “aunque lloviese a cántaros iban al cine” (algo que acontecia muitas vezes no passado) - Ou também: “ayer, aunque llovió a cántaros, fueron al cine” (algo que aconteceu uma vez no passado) Nestes casos, em espanhol também se pode expressar com a conjunção adversativa pero (acho que seria a mesma coisa em português com mas): - “muchas veces llueve a cántaros, pero ellos van al cine” (realidade que acontece habitualmente) - Ou também: “llovia a cántaros, pero iban al cine” (algo que acontecia muitas vezes no passado) - Ou também: “ayer llovió a cántaros pero fueron al cine” (algo que aconteceu uma vez no passado). II. O segundo é o de situações possíveis, ou seja, ações que podem acontecer no futuro ou não: “mañana, aunque llueva/lloviese a cántaros, iríamos al cine” III. O terceiro é uma situação impossível, porque não pode acontecer: “ayer, aunque hubiera/hubiese llovido, no habríamos/hubiéramos ido al cine” (mas ontem não choveu).  Gostaria de saber como usar nestes casos embora, e também se é possível usar sempre «ainda que».
A preposição desde e a locução «sempre que»
Estudando as conjunções subordinativas (norma culta), me deparo com a seguinte informação: a preposição desde (sem partícula que) está arrolada na listagem de conjunções subordinativas condicionais conforme transcrito abaixo: se, salvo se, desde que, exceto se, caso, desde, contanto que, sem que, a menos que, uma vez que, sempre que, a não ser que,… Ainda estranhei a inclusão de sempre que. Será um lapso ou de fato isso existe na língua culta portuguesa? Gostaria, se possível fosse, de uma orientação da parte do Ciberdúvidas.
A construção «que não»
Epiphânio Dias, na sua Sintaxe histórica, pág. 277 [2.ª edição, 1933], considera a conjunção que seguida de não como causal com o valor de e, mas não alcancei o porquê; quer-me parecer que «que não» nos contextos indicados pelo autor equivale a exceto. Pode classificar-se ainda hoje o que que aparece nesse contexto como causal, como pensa Epiphânio Dias? Pode ver-se nesse que um que relativo substituível por o qual? Obrigado.
ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de LisboaISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa