A minha dúvida é a propósito da seguinte frase: «Caso fizesses a tarefa, terias nota.»
Gostava de saber se o uso da conjunção caso, nesta frase, é compatível com o verbo no pretérito imperfeito (conjuntivo).
Tenho insistentemente pesquisado a respeito deste assunto; porém o único uso que tenho encontrado como, normativamente, aceitável é: «a conjunção CASO deve ser usada com o verbo no presente do conjuntivo.»
No entanto, tenho visto pessoas a usarem-na, sistematicamente, com o pretérito imperfeito(conjuntivo). Gostava de, por favor, saber se este é um uso particular e, normativamente, reconhecido no Português Europeu. Para terminar, já tentei ler sobre o assunto aqui no vosso repertório, porém não fiquei satisfeito, ou seja, não fiquei esclarecido.
Desde já, agradeço a atenção. Votos de força nesta fase difícil por que o mundo está a passar (COVID-19).
Enquanto pesquisava critérios de diferenciação entre orações coordenadas explicativas (OCE) e orações subordinadas adverbiais causais (OSAC), verifiquei, em uma de suas respostas no campo Consultório, que os senhores classificaram a oração «Ela estudava muito, pois desejava ser aprovada» como OCE.
Parece-me irresistível não ver nela uma relação de causa (desejar de ser aprovada) e efeito (estudar muito).
Por que ela é classificada como OCE? E como eu poderia reescrevê-la de modo a que ela se torne uma OSAC?
Por exemplo, caso o verbo “desejar” estivesse no pretérito mais-que-perfeito do indicativo (indicando que a ação de “desejar” é anterior a de “estudar”), a oração seria SAC?
Parabéns pelo excelente trabalho!
A conjunção aditiva e apresenta valores semânticos, como adversidade («mas», porém»), conclusão /consequência («portanto, por isso, então»). Além desses, alguns estudiosos dizem que o e pode apresentar:
1) Sequenciação temporal, quando ligar dois eventos sucessivos: «depois da discussão, Maria fechou o rosto e João foi para o quarto em seguida» (Fernando Pestana).
2) Finalidade: «Ia telefonar-lhe e (=para) desejar-lhe parabéns.»
3)) Condicional: segundo a estudiosa Cilene Rodrigues (PUC-RJ) no artigo "No escape from syntax! das (in)subordinadas condicionais entonacionais", A) «Você publica este artigo, e sua carreira vai para o brejo» seria equivalente a frase B) «Se você publicar este artigo, a sua carreira vai para o brejo.»
#1) Gostaria de saber se estes três valores semânticos já são aceitos pelos gramáticos?
#2) E se há algum outro valor semântico dessa conjunção e além desses ?
#3) Com relação ao sentido de condicional, vocês concordam?
No Google acadêmico só achei esse trabalho sobre o assunto. Nunca tinha lido sobre esse valor condicional.
Grato pela resposta. Parabéns pelo belo trabalho de vocês.
É comum observar-se a expressão "Se ocorre P, então ocorre Q", tanto na linguagem coloquial quanto em contexto técnico.
Neste caso, ocorrem-me duas possíveis classificações, que parecem ser, em princípio, conflitantes.
1) A oração «Se ocorre P» é subordinada adverbial condicional, e a oração «então ocorre Q» é a oração principal, em que «então» desempenha função de advérbio. Observa-se que a omissão ou troca de "então" não resulta em qualquer diferença nas sentenças.
2) A oração «Se ocorre P» não parece assumir o papel de oração coordenada sindética. Contudo, é possível omitir-se a partícula se e manter-se a sentença «Ocorre P, então ocorre Q», de sorte que ocorram duas orações coordenadas, sendo a segunda uma oração sindética conclusiva.
Parece-me razoável concluir que a ocorrência de se na primeira oração implica a classificação obtida em (1), dado que não é possível atribuir a se outro valor morfológico senão o valor de conjunção.
Gostaria, por gentileza, de vossa opinião a respeito do assunto.
Grato.
Com referência à consulta de 17/4/2020, cuja resposta circunstanciada abordou elegantemente as sutilezas sintáticas que envolvem a frase examinada, vejo-me forçado a retomar o assunto para aclarar um ponto restante de sombra.
Aqui, o período: «Anda por retos caminhos, que assim vais plasmar tua integridade e a virtude será teu brasão.»
Assumindo, como foi aventado na resposta, que a terceira oração ("e a virtude será teu brasão") é passível de ser considerada subordinada (consecutiva, no caso), seria ela subordinada a qual oração subordinante? À primeira? À segunda? Ou a ambas, que assim formariam um grupo semântico, cuja consequência é exposta na terceira?
Eis o que eu gostaria de saber. Com antecipados agradecimentos.
Durante a tradução dum texto deparei-me com a frase «enquanto crianças, não tivemos opção.» e fiquei na dúvida se o correcto não seria mais «Em crianças, não tivemos opção».No entanto, esta segunda não me soa tão bem como a primeira.
Alterar para «Enquanto éramos crianças (...)», parece-me um pouco rebuscado. Podem esclarecer, por favor?
Um grande obrigado pelo vosso excelente trabalho!
Na frase «Enquanto não trouxermos o estrangeiro até à nossa língua, teremos ficado apenas a meio do caminho», qual é o valor da conjunção enquanto?
Muito obrigada.
Na gramática tradicional a expressão «seja...seja» é considerada uma conjunção coordenativa disjuntiva.Todavia, sabemos que as conjunções pertencem a uma classe fechada de palavras e são invariáveis.
Ora, não é o que sucede com a expressão acima referida. Em inúmeras circunstâncias eu posso utilizá-la como forma verbal e flexioná-la. Já ouvi chamar-lhe expressão anafórica, forma verbal correlacional...
A minha questão é afinal a que classe de palavras pertence? Ou depende do contexto e da forma como é utilizada?
Muito obrigada!
É admissível usar então com valor de conjunção conclusiva?
«Um homem de muito luxo. Era, então, muito rico.»
Na afirmativa «mais um passo, e eu pulo», apesar de não estar explícita a conjunção condicional, há uma interpretação clara nesse sentido.
Como analisaríamos a construção sintática e morfologicamente: o e é conjunção aditiva? «Mais um passo» tem conjunção e verbo elípticos – «se der»? Ou é apenas um expressão condicional e não uma oração?
Obrigada!
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