A expressão «Se P, então Q» é usada na lógica proposicional e expressa uma implicação segundo a qual a primeira proposição (o antecedente) só será falsa se a segunda (o consequente) também o for.
Numa construção condicional típica, existe entre as duas orações uma relação de dependência sintático-semântica, pelo que consideramos que não estamos perante um caso de coordenação. A tradicionalmente designada oração subordinada adverbial condicional corresponde ao antecedente, cujo conteúdo depende semanticamente do consequente, ou seja, da oração subordinante.
A estrutura típica destas construções é composta por duas orações: uma introduzida por se, que introduz a condição, e outra introduzida por então, que marca a consequência. Visto que introduzem duas orações, estabelecendo entre elas uma relação, poderemos considerar que, neste caso, se…então são conjunções correlativas1 (como acontece com ou… ou, por exemplo).
No uso corrente da língua, é natural a omissão de alguns elementos da construção condicional, como se observa na relação entre (1), (2), (3) e (4):
(1) «Se chover, então fico em casa.»
(2) «Se chove, fico em casa.»
(3) «Chove, então fico em casa.»
(4) «Chove, fico em casa.»
Tal é possível porque a construção condicional é reconstruída por inferência.
A frase apresentada em (4), do ponto de vista sintático, é constituída por duas orações que não são introduzidas por conjunções, mantendo uma relação próxima da parataxe2, que, não obstante, do ponto de vista semântico, expressa uma relação de dependência com uma interpretação condicional.
Disponha sempre!
1. Brito considera-o um conector correlativo (in Mira Mateus et al., Gramática da Língua Portuguesa. Caminho, p. 706, nota 13).
2. cf. Lobo in Raposo et al., Gramática do Português. Fundação Calouste Gulbenkian, pp. 2024 – 2025. 'Evanildo Bechara (Moderna Gramática Portuguesa. Nova Fronteira, 2002, pág. 507), considera este tipo de construção como «orações justapostas de valor contextual adverbial» (cf. aqui).