Controvérsias - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
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Polémicas em torno de questões linguísticas.

Já uma vez, a propósito de uma outra construção utilizada por Manuel Alegre, tive a oportunidade de escrever que ela estava correcta, tal como esta.

Efectivamente, deverá dizer-se «O candidato passei a ser eu» (= «Eu passei a ser o candidato»), «Os candidatos passámos a ser nós» (= «Nós passámos a ser os candidatos»), «Quem passou a ser candidato fui eu», etc.

Ao contrário do que sustenta de Maria Regina Rocha na sua resposta "Um dos que...", nas frases deste tipo, o verbo que se segue só pode figurar no plural. A mais simples análise sintáctica leva a concluir que uma forma verbal no singular constitui um erro grosseiro.

Agradeço ao consulente Jorge Madeira Mendes a sua contestação.

Considero que tem razão quando defende que com a expressão “um dos que” o verbo deve ir para o plural. É a regra, é a concordância sintáctica mais adequada, como referi no início da resposta que dei. O antecedente mais próximo do relativo “que” está no plural (“os”, “aqueles”), pelo que o verbo...

Houaiss e a grandeza
O maios e o menos do pretendido «dicionário da lusofonia»

«Publicado no Brasil, em 2001, em papel e CD-ROM, o [Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa] comporta 228 000 termos diferentes. E, visto muitos deles terem mais de uma acepção, atinge 380 000 definições. É obra, e ficamos todos bem-vistos. Tendo-se querido obter "um dicionário da lusofonia", foram reunidos vocábulos de todos os países de língua oficial portuguesa, e é patente uma especial atenção à linguagem de Portugal. [Porém,] as novidades da edição portuguesa, por relevantes que sejam, são percentualmente insignificantes. E, assim, é a todos os directores, brasileiros ou portugueses, que terão de atribuir-se os conseguimentos e os falhanços.»

Artigo do linguista português Fernando Venâncio, publicado na revista Actual do semanário português Expresso, de 6 de novembro de 2004, transcrito a seguir, com a devida vénia.

Na rubrica “Dia a Dia” da revista “Actual” do “Expresso” publicado em 2004-10-30, lê-se, com data de sexta, 22: «Brasília anunciou estar pronta para adoptar o acordo ortográfico da língua portuguesa.»

De facto, dispondo já do seu actualizado Vocabulário, com 350 000 entradas (1998), é agora fácil para o Brasil avançar com o novo acordo. ...


Toda a riqueza do conceito de cultura vem da própria origem da palavra, do latim "cultivare", cultivar. Espíritos mais práticos perguntariam: por que gastar o seu latim nestes tempos descartáveis que vivemos? Uma resposta óbvia – pelo menos para aqueles que lidam diretamente com a língua portuguesa e lutam pela sua preservação – é que ela é conhecida como «a última flor do Lácio», ou seja, foi a última ramificação do latim e, por obra e graça de uma pequena nação de desbravadores, Portug...

1. Constitui tema de fundo da entrevista de Vasco Graça Moura o ensino do Português, associado aos problemas que colocam programas e manuais. Não pretendo aqui pronunciar-me sobre essa questão que considero exigir reflexão cuidada e envolvimento de competências diversificadas (ao contrário do que parece pensar o "poeta e político" Vasco Graça Moura, que entregaria apenas a "professores de literatura" a tarefa...

Os méritos do dicionário da Academia das Ciências de Lisboa

A propósito da resposta As dúvidas de um «sportinguista com status e stique», onde se transcrevia um anterior texto sobre o Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea, aqui fica este aditamento do seu autor, o nosso prezado consultor D' Silvas Filho.

 

 

Não há língua padrão sem a literatura; o ensino daquela não deve separar-se do desta

Sobre a língua padrão, escrevem Lindley Cintra e Celso Cunha que, "embora seja uma entre as muitas variedades de um idioma, é sempre a mais prestigiosa, porque actua como modelo, como norma, como ideal linguístico de uma comunidade. Do valor normativo decorre a sua função coercitiva sobre as outras variedades, com o que se torna uma ponderável força contrária à variação. Numa língua ex...

O trabalho que os linguistas fazem deve ter consequências no ensino da língua

Sendo linguista há mais de trinta anos, não consegui resistir à tentação de colaborar na polémica sobre o ensino da língua portuguesa que já se prolonga há alguns meses. As reflexões que se seguem têm como objectivo mostrar que o trabalho que fazem os linguistas deve ter consequências no ensino da língua materna, visto que a língua é um objecto de estudo e aprendizagem em si mesmo, tal como o...