Já uma vez, a propósito de uma outra construção utilizada por Manuel Alegre, tive a oportunidade de escrever que ela estava correcta, tal como esta.
Efectivamente, deverá dizer-se «O candidato passei a ser eu» (= «Eu passei a ser o candidato»), «Os candidatos passámos a ser nós» (= «Nós passámos a ser os candidatos»), «Quem passou a ser candidato fui eu», etc.
Não deverá dizer-se «*O candidato passou a ser eu», porque os pronomes pessoais eu e nós são o sujeito, e não o nome predicativo do sujeito. Clarificando, poderá dizer-se que estas frases significam o seguinte: fui eu que passei a ser um candidato, fui eu que me transformei num candidato (e não um candidato que se transformou na minha pessoa); fomos nós que passámos a ser candidatos (e não uns candidatos quaisquer que se transformaram em nós). Assim, «eu», «nós» ou qualquer outro pronome pessoal forma de sujeito desempenha a função de sujeito em construções deste género com o verbo ser, e, portanto, o verbo deverá concordar com esse pronome pessoal, como, por exemplo, «Quem discorda és tu?» (= «Tu és aquele que discorda?») ou «A nação somos nós» (= «Nós somos a nação»).
Esta construção é diferente, por exemplo, da célebre frase francesa «L´État c´est moi» (e não «je»), que se traduz assim: «O Estado sou eu» (e nunca «*O Estado é eu»).
Aliás, para terminar, se nas frases enviadas estivesse utilizado apenas o verbo ser, sem locução, não haveria dúvidas: «O candidato sou eu» (e nunca «*O candidato é eu»), «Os candidatos somos nós» (e nunca «*Os candidatos são nós»).