Controvérsias - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
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Polémicas em torno de questões linguísticas.
A propósito de uma petição
Esclarecimento sobre exames nacionais

«Tem circulado e sido objecto de alguns comentários nos meios de comunicação social a petição intitulada "Pela Dignidade do Ensino", cuja primeira signatária é Maria do Carmo Vieira. Porque o conteúdo dessa petição refere os exames nacionais de Língua Portuguesa do 3.º ciclo de 2005 e informações relativas a exames nacionais de Português do 12.º ano, divulgadas pelo Gabinete de Avaliação Educacional (Gave), entendemos ser necessário o esclarecimento de algumas das afirmações produzidas.»

Tenho sido contactado por alguns professores a propósito da TLEBS. A TLEBS é a Terminologia Linguística para os Ensinos Básico e Secundário, adoptada pela Portaria n.º 1488/2004, de 24 de Dezembro, que só deveria entrar em vigor após três anos de duração da experiência pedagógica. Mas, em Março deste ano, o Ministério da Educação enviou às escolas uma circular determinando que a TLEBS constitua uma referência no tocante às práticas lectivas, à concepção de manuais e a...

Sobre as frase em causa, vejamos:

A frase a) tem as palavras na ordem sintáctica normal. Por isso, a frase b) leva-nos a pô-la de lado, discordando do modo como se encontra formada sintacticamente no que respeita à posição dos vocábulos:

«O candidato passei a ser eu.»

Se o sujeito desta oração é "o candidato" e não "eu", a forma correcta do verbo é passou e não passei. É assim que muitos argumentam.

Parecem-me correctas e aceitáveis ambas as frases. Se considerarmos que é a chamada ordem directa a mais usual em português (sujeito, predicado e complementos), em «O candidato passou a ser eu», o sujeito é O candidato, e eu é o nome predicativo do sujeito. Se, porém, optarmos por «O candidato passei a ser eu», equivalente a «(Eu) passei a ser o candidato», o sujeito é (eu), e o candidato é o nome predicativo do sujeito. Por outras palavras, su...

A frase em análise é composta por:

Sujeito - «O candidato»
Predicado - «passei a ser eu»
Predicativo do sujeito - «eu»

Nem sempre o sujeito e o predicativo, embora refiram a mesma entidade, concordam em género, número ou pessoa. «Tudo o resto são mentiras» é uma frase aceitável, tal como a frase em apreço o é. Do meu ponto de vista, é, mesmo, preferível a «O candidato passou a ser eu». Até porque esta frase mantém a discordância de ...

Já uma vez, a propósito de uma outra construção utilizada por Manuel Alegre, tive a oportunidade de escrever que ela estava correcta, tal como esta.

Efectivamente, deverá dizer-se «O candidato passei a ser eu» (= «Eu passei a ser o candidato»), «Os candidatos passámos a ser nós» (= «Nós passámos a ser os candidatos»), «Quem passou a ser candidato fui eu», etc.

Ao contrário do que sustenta de Maria Regina Rocha na sua resposta "Um dos que...", nas frases deste tipo, o verbo que se segue só pode figurar no plural. A mais simples análise sintáctica leva a concluir que uma forma verbal no singular constitui um erro grosseiro.

Agradeço ao consulente Jorge Madeira Mendes a sua contestação.

Considero que tem razão quando defende que com a expressão “um dos que” o verbo deve ir para o plural. É a regra, é a concordância sintáctica mais adequada, como referi no início da resposta que dei. O antecedente mais próximo do relativo “que” está no plural (“os”, “aqueles”), pelo que o verbo...

Houaiss e a grandeza
O maios e o menos do pretendido «dicionário da lusofonia»

«Publicado no Brasil, em 2001, em papel e CD-ROM, o [Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa] comporta 228 000 termos diferentes. E, visto muitos deles terem mais de uma acepção, atinge 380 000 definições. É obra, e ficamos todos bem-vistos. Tendo-se querido obter "um dicionário da lusofonia", foram reunidos vocábulos de todos os países de língua oficial portuguesa, e é patente uma especial atenção à linguagem de Portugal. [Porém,] as novidades da edição portuguesa, por relevantes que sejam, são percentualmente insignificantes. E, assim, é a todos os directores, brasileiros ou portugueses, que terão de atribuir-se os conseguimentos e os falhanços.»

Artigo do linguista português Fernando Venâncio, publicado na revista Actual do semanário português Expresso, de 6 de novembro de 2004, transcrito a seguir, com a devida vénia.

Na rubrica “Dia a Dia” da revista “Actual” do “Expresso” publicado em 2004-10-30, lê-se, com data de sexta, 22: «Brasília anunciou estar pronta para adoptar o acordo ortográfico da língua portuguesa.»

De facto, dispondo já do seu actualizado Vocabulário, com 350 000 entradas (1998), é agora fácil para o Brasil avançar com o novo acordo. ...